31.10.05

Bela manhã de chuva

Hoje demorei metade do tempo a chegar ao trabalho. Fiquei com a impressão de que toda a gente teve direito a fim de semana grande, menos eu. Não foi mau, porque pude vir o tempo todo a olhar para o rio. Havia uma nuvem tão baixa e horizontal, teerminando ao fundo num recorte esbatido, que eu parecia estar a espreitar uma sanduíche de luz entre duas fatias de água. Chegada à cidade, acima das ruas violeta e dos prédios branco amarelento, pelo brilho do sol rasante, ainda vi um gigantesco arco-íris, muito nítido sobre o céu de chumbo.
Fiquei uns cinco minutos parada à porta, a ouvir a rádio radar aos gritos, enquanto observava a bátega de água a desabar sobre os vidros do carro. Num registo monocromático que só exacerbava as cores todas que podia ver do outro lado, o sol, mancha disforme entre os pinheiros inclinados e negros e o fundo cinza das nuvens, tornava branca a água que a seguir me caiu em cima.
Vou tomar um café quentinho.

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