15.5.06

recuerdo

A escola ficava em frente ao quartel, numa daquelas vilas suburbanas. A professora de ballet, adorada por todas as mini-bailarinas cor-de-rosa, casava naquele dia. Uma sexta-feira de Primavera em que o sol alternava com aguaceiros.
Tinha chovido. O brilho solar projectava uma luz rosada na estrada molhada, nas paredes dos prédios baixos dos anos 50, no branco caiado do quartel, onde se processava a mudança de turno da sentinela.
Enquanto as mães se despediam dos filhos, ouviu-se um burburinho, cada vez mais elevado. As crianças acorreram ao recreio, seguidas das mães e professoras.
Silêncio. Pára um carro. Sai uma noiva de branco e véu, loura e feliz. O trânsito imobiliza-se. A noiva descreve alguns passos de dança sobre a estrada. De frente para os meninos, rodopia, ri-se, mostra o vestido. O público acidental sorri e chora. Crianças, mães, condutores, transeuntes, os soldados.
Começa a cair uma chuva branca à luz, como a poalha daquelas cápsulas transparentes de souvenir, com água e neve. Para completar o cenário, atrás da noiva, um arco-íris.

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