2.1.07

A chorar!

Pois até que é uma variante diferente de todas as que se conhecem e se utilizam como formas socialmente aceitáveis de se passar o ano. A gente tem que beber muito e tem que rir muito e estar tudo muito alegre e a dançar e assim tudo e depois tá ali uma gaja num cantinho a chorar e destoa e é uma chatice assim como uma nódoa que salta logo à vista e toda a gente olha mas assim de lado a fingir que não se sente incomodada por ela lá estar mas está.

Mas não podem dizer que foi por falta de aviso que eu bem disse que não queria ir, que me deixassem ficar sossegada aqui a afagar as minhas mágoas que são elas que me doem como o raio que a parta e eu não quero que ninguém saiba o que vai cá por dentro que isso é assunto que só a mim me interessa, só que lá está… tanta gente alegre, alegre em demasia, aquilo fez-me assim um género de um tilt e eu lembrei-me que ó mas que porra porque é que toda a gente é feliz menos eu??

Prontos e foi no meio desta travadinha mental que as lágrimas me caíram, a bem dizer me saltaram de tal forma que até as criancinhas apontavam coitadas que elas também sabem muito bem ver quando há algo que destoa, sabe mal, está errado, os adultos não choram, ó mas que porra!

Pois, mas eu chorei, chorei baba e ranho e chorei tanto que achei que secava por dentro, que desidratava (será que a gente desidrata se chorar muito?) Nem me perguntem porque é que chorei, só sei que chorei muito… porque tou sem carta, porque tou sem dinheiro, porque sou uma gaja que tem a mania que sabe mas que no fundo não sabe nada, mal amanhada, mal amada, mal fodida (ah esta não se pode dizer? Olha azar, digo na mesma que este pode bem ser o meu último post que até a porra da inspiração parece que se me diluiu e se foi misturada com o raio das lágrimas que de mim saíram!)

A vida é uma merda! Prontos, disse! Antes chorar e escrever do que passar a noite com a cabeça enfiada numa retrete, digo eu… portanto às tantas até podia ter sido pior se bem que na passagem de ano dessa bebedeira monumental eu não me lembro de nada e desta lembro-me de tudinho, de cada angústia, de cada aperto de peito, de cada suspiro, de cada cabrona de lágrima que me varreu a cara como se eu precisasse dela lavada… enfim, antes uma bebedeira talvez… olha pró ano se ainda estiver por aqui, se não estiver atrás das grades por me terem apanhado a conduzir sem carta ou por acumulação de dívidas às entidades bancárias e ao fisco, pois se calhar então opto mesmo pela opção bebedeira em vez da opção choradeira! Posso fazer uma tremenda duma figura triste na mesma mas pelo menos não me lembrarei de nada!

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