28.5.07

Os nossos problemas ridículos...

Todos os dias temos duas escolhas acordar com a sensação que nada muda, que tudo fica igual; com o desânimo da desistência... baixar os braços e irmos para a rotina da sobrevivência infeliz que nos mantém vivos. Ou acordar com a convicção que hoje vai ser um dia melhor, que vamos fazer por isso, que vamos colocar um sorriso nos lábios arregaçar as mangas e tentar resolver os problemas que cá estavam ontem. Se, no final do dia, os problemas ainda cá estiverem, pelo menos deitamo-nos com o sorriso de ter feito alguma coisa, de ter lutado e, de sabermos que, amanhã, vamos ter a coragem para continuar essa luta. Assim, os problemas deixados para trás vão diminuindo, os problemas para resolver por dia vão desaparecendo e, um dia, quem sabe, o sorriso será genuíno e pensaremos apenas: está tudo bem hoje, vou lutar para que assim continue.
É uma teoria muito boa. A sério. O desânimo leva-nos a que nem sempre funcione, mas o desânimo não devia existir porque nos faz desistir. Tenho andado nessa fase de desânimo, apesar de saber que está errada e às vezes a vida torna-se irónica e faz-nos sentir parvos. Parvos por nos estarmos a preocupar com coisas “pequenas” quando há outras maiores a acontecer ao nosso lado. É a tal coisa da "teoria da relatividade" que nos afecta dia-a-dia. Sem termos de comparação, sem nos metermos na pele alheia, os nossos problemas parecem sempre enormes, quando comparados tornam-se, por vezes, ridiculamente pequenos e fazem-nos sentir estúpidos e, por vezes, (erradamente) culpados.
Quando uma amiga nos diz que tem o pai em coma, a nossa preocupação mesquinha com a ausência dela faz-nos sentir estúpidos. Os nossos problemas tornam-se pequenos e as nossas preocupações transformam-se noutras projectadas nas preocupações de quem amamos e queremos proteger e ver sempre feliz.

Ela não me lê aqui, mesmo que lê-se os seus dias passados no hospital a zelar pelo pai e pela família não a iam permitir ler, mas este post é para ela. E se acreditarmos nas energias positivas (e negativas) que se libertam à distância, pode ser que faça alguma coisa... A mim, pelo menos, sabe bem o desabafo.


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