O sangue
A dor que me assolava naquela manhã parecia excessiva. Levantei-me e segui para o quarto de banho. De olhos ainda fechados, sentada na retrete, acabava de verter os últimos pingos, sentindo um alívio enorme. Imaginava que este removeria as dores intensas que sentia no ventre, mas não. Abri os olhos e vi: à minha frente, aquela mancha enorme, quase púrpura, encharcava a minha roupa interior. Soltei um grito dilacerante – e continuei a gritar, até todas as mulheres da família convergirem à minha volta. Entre risos e frases de consôlo, constataram o que eu já percebera: a minha primeira menstruação. Tinha 13 anos e já a esperava há muito, mas não ali, não naquele momento.
De férias na Florida, tinha passado os dias precedentes a visitar o Disney World. Naquele, estava planeada uma manhã na piscina seguida de uma ida ao Kennedy Space Center. Depois de, sem sucesso, tentarem introduzir em mim um tampão, concluí que a piscina me estaria vedada e assisti, entre as lágrimas, à alegria das minhas irmãs, que desfrutavam de um raro prazer para nós, nessa época do ano.
Sempre achei que esta era uma estranha parábola: entre o reino Disney e a visita ao futuro, tinha-me tornado uma mulher.
De férias na Florida, tinha passado os dias precedentes a visitar o Disney World. Naquele, estava planeada uma manhã na piscina seguida de uma ida ao Kennedy Space Center. Depois de, sem sucesso, tentarem introduzir em mim um tampão, concluí que a piscina me estaria vedada e assisti, entre as lágrimas, à alegria das minhas irmãs, que desfrutavam de um raro prazer para nós, nessa época do ano.
Sempre achei que esta era uma estranha parábola: entre o reino Disney e a visita ao futuro, tinha-me tornado uma mulher.
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