7.12.05

noite cigana

bulgária, agosto 1998

a casa é de vermelho e madeira escura. saímos e passeamos nocturnos pela vila. no jardim um acordeão. ao toque cigano acho a solidão. não é contigo que quero estar aqui. quero estar só. só. (e agora estou, apesar de ti.) o teu passo fotográfico junto ao meu. este sempre adiante. numa avidez subtil. quero sofrer em silêncio a beleza estranha. rostos cujo calor me escapa. melancolia quente que se vai colando aos lábios. fica. porque que é que casei contigo? sufocas a minha solidão. o acordeão ainda. mais presente. a tocar-me o futuro aos ouvidos. acorde menor sobre a melodia maior deste quadro monótono que me pintei. quero fugir ficando aqui. e acabo de decidir. não volto para portugal contigo. e se voltar apaixono-me. por isto. por outro.

e então voltei.

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