31.1.06

"QUERIAM NEVE E EU DEI-VOS NEVE"

Aquilo da neve foi tudo uma grande palhaçada e a mim bem me tinha parecido que uma coisa assim, a meio de um Domingo comum, não seria bênção dos céus.
Cheirou-me a esturro logo que ouvi falar em tanta neve por tanto Portugal fora. Quer dizer, não era dia de semana, não era de noite, não era Setembro. Não. Era Domingo, era de dia e era Janeiro. A conjugação perfeita para Portugal parar, sorrir e sentir-se mais como o resto da Europa. Sem outra forma de aproximação, não esteve nada mal lembrado, não senhor!

Nevou por todo o lado.
Até na praia!
E ninguém percebeu que era tudo forjado?
Ninguém viu os aviõezinhos a lançar os flocos? Ninguém?!
Eu vi!
(É que como aqui na terra não havia sequer nuvens, lançar flocos daria uma bandeira do além! Entretive-me a vê-los, aos aviõezinhos, passarem para trás e para a frente. Aterravam, carregavam, levantavam, nevavam. Foi assim durante quase todo o dia. Eram os mesmos aviões que por aqui andavam no verão a deitar água nos fogos. Agora, sem fogos para apagar, nada como inebriarem-nos as decepções com flocos de neve).

Na desconfiança, e a achar estranho tanto movimento aéreo, rumei à serra para ver a tal neve. Et voilá! Qual neve qual carapuça! Ou a neve cheira a nestum de arroz?

À noite liguei-lhe.
- Então engenheiro! Bela manobra!
- Ah pois é! Três anos e meio não é muito para pré campanha e disto ninguém se vai esquecer. Já me estou a ver a discursar: “ …e naquele domingo enfadonho em que nada mais alegrava Portugal, eu, eu!, eu dei-vos a neve!”.

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