21.6.06

O amor cobrado nunca pode ser dado

Não, o amor cobrado é como se nos fosse roubado.

(e foram os coentros que me inspiraram esta bela tirada; aqueles que comprei hoje e que agora estão de molho numa taça, a encher a cozinha com um cheiro fresco que sempre me acalmou: adoro arranjar coentros, as mãos na água, aquela seda a passar por entre os dedos e o perfume, meu Deus, como eu gosto de coentros, como aprecio a calma e o silêncio, a paz que um molho verde pode trazer a uma noite de sossego que segue um dia mais cansativo; coentros e amores cobrados, agora para sempre ligados, já não gosto tanto de os arranjar, respostas tortas, lembranças torcidas)

o amor cobrado é como se nos fosse roubado

e colocamos trancas nas portas e grades nas janelas; fugimos para junto dos coentros, para esse prazer solitário, muito simples, ameno, morno, doce, tão diferente do amargo que nos fica quando nos foi cobrado aquilo que teríamos oferecido de bom grado.

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