31.10.06

O triste destino do Capitão Cueca

(Nada a ver com o Capitão Cuecas do Dav Pilkey que é um tipinho nojento que se alimenta das nojices escatológicas com que a canalhada miúda tanto gosta de brincar!)

"Ó mas porque é que ninguém gosta de mim?!" acordou o Cueca nesse dia, a tremer por dentro e quase a chorar de tanta super heroicidade que lhe andava a passar ao lado! Se ele era um super herói esforçado, se havia tanta coisa que ele fazia para ser reconhecido como super acima de todos os outros moncos que se andavam a arrastar pelo país dos super heróis da treta… mas porque não reconheciam que ele era melhor do que os outros todos?

Abeirou-se do seu super computador local de trabalho, sem ligação à Internet excepto claro para receber os mails da sua mãezinha que lhe dava banho ao cão Toino, seu único companheiro sempre fiel e prestável, e foi directo à super enciclopédia dos super heróis falhados procurar onde era que ele tinha errado. Leu e leu e por fim lá achou a frase mágica: "Não andarás a vangloriar-te das tuas grandes obras aos quatro ventos!" e ali assim encalhado começou a pensar como seria possível ele ser reconhecido como o maior dos super heróis do país dos super heróis da treta sem andar a esfregar-se na fuça dos moncos e abrir-lhes os olhos remelados para verem as suas grandes façanhas?

"Mas raios, como hei-de fazer se o maior cego é aquele que não quer ver?!" Só havia duas hipóteses claro. Arranjar um líquido milagroso para deitar nos olhos remelados dos moncos que não lhe reconheciam a fama, ou fazer-se ainda maior para que os moncos conseguissem pelo menos ver a sua enormidade ainda que de forma difusa e meio desfocada pois garanto-vos que é difícil forçar a vista a focar-se quando as remelas nos colam as persianas, presilhas ou pestanas.

"Como é possível que estes moncos da treta andem para aqui a dizer que eu não faço nada de diferente dos outros?! Eu é que sou o presidente dos super heróis da moncada!" e pensa ele que com estas auto-proclamações se elege como se nós ainda vivêssemos no tempo do outro senhor que esse ó menos apontava a metralhadora à cabeça de quem quer que fosse que levantasse o dedito para questionar à boa maneira do "aqui não há perguntas, só certezas!"

O triste Cueca pegou no seu pé de meia, o que lhe restava de todos os troquitos que tinha recolhido dos esgotos sujos e cheios de lixo da cidade dos super heróis da treta, e resolveu-se a tornar-se no maior super herói num só dia nem que para isso tivesse que sacrificar toda a pulguice nojenta do seu cão Toino! Armado de trocos e de pulgas lá foi ele pró cara a cara com os moncos porque se não fosse duma forma seria doutra! E se não aceitassem os seus tostões, lançava-lhes as pulgas às pernas e os gajos haviam de ficar tão incomodados que haviam de dar a mão à palmatória e assim ele haveria de ser eleito o maior super herói de todos os tempos!

Infelizmente a coisa correu-lhe mal porque nem as pulgas lhe obedeciam (e quem é que no seu juízo perfeito obedece a um pretenso super herói de cuecas?!) nem os trocos lhe chegavam e portanto chegou ao fim do dia estafado, depenado e todo mordido pelas ferroadas das pulgas vingativas e incomodadas por ele as ter tirado do seu habitat preferido.

Agora chora para aí num canto esquecido, ó Cueca destemido, esqueceste-te que ninguém é grande só porque quer e hoje em dia cada vez menos! E as pulgas multiplicam-se muito mais depressa do que os moncos e elas têm vontade própria e só ferram em quem bem lhes apetece! E eu cá prefiro ser pulga a ser monco e muito menos a ser um ganda super herói da treta no país da fantochada!

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