12.2.07

Isto é o título o sub-título é que conta, porque na linha de título não me deixavam escrever tudo o que queria:

Estive para fazer um referendo para perguntar se havia de postar este texto ou não mas, vá lá, decidi que sim. Claro que o título ficou grande demais, mas não faz mal o importante é que esteja aqui escrita alguma coisa, ou então não, mas olha... adiante:


Ouvindo ontem, dito por um homem, à boca das urnas:

“Isto se o SIM agora ganhar a pílula do dia seguinte acaba... Então se acontecer algum acidente a tipa pensa: que se lixe faço um aborto!”

“Que se lixe faço um aborto”...

É assim que grande parte dos representantes do NÃO consideravam a questão. É uma coisa levezinha, uma decisão fácil. Vou ali fazer um aborto e já venho, porque aqui há dias rompeu-se-me um preservativo e não me apetecia nada pagar 3 contos por uns comprimiditos que até me fazem mal à figadeira... e dar cabo da figadeira é que não... vou ali fazer um aborto e já venho porque é muito mais fácil do que tomar uns comprimidinhos...

É este o povo que temos, é esta a mentalidade e, acima de tudo, é este o governo que, não tendo tomates para decidir, gasta cerca de 2,1 milhões de euros a perguntar ao povo:

- Então como é que é vamos tentar criar soluções para um problema que existe, e nunca vai deixar de existir, ou vamos fechar os olhinhos, deixar tudo como está e, de vez em quando, atirar pedras às pecadoras? (pecadores? não existem. Neste caso são só as mulheres que meteram ali dentro um ser humano, sozinhas, e agora o querem tirar de lá. MALDITAS).

Ora, a abstenção tornou o referendo não vinculativo o que, na minha opinião, é a grande maioria do povo a dizer:

“É pá, que se lixe, não tenho nada a ver com isso, eu nem sequer posso fazer abortos, quem se preocupe que decida que eu cá vou mas é ficar aqui à lareira que lá fora está um frio de rachar”.

O governo disse logo:

“Ah e tal, que isto se o SIM ganhar agente vincula na mesma”.

Então e se ganhasse o NÃO? Voltavam a fazer novo referendo daqui a oito ou nove anos? Deixavam ficar assim mesmo para o resto da vida? Como é que era? E não irão agora ter os tipos todos do NÃO dizer que não pode ser porque quem disse que SIM foi uma parte ínfima da população e, se formos a ver bem, entre o SIM e o NÃO não existe assim uma diferença de votos tão grande! Não estariam no seu direito se exigissem que não se vinculasse?

Enfim... é uma questão que me irrita solenemente. Parecemos um país rico que não tem mais nada que fazer ao dinheiro do que andar a gastá-lo em referendos. O quê? há desemprego? a segurança social está a meio passo de ir à falência? A sério? As pessoas estão infelizes? Se calhar é melhor fazer um referendo com a pergunta:

- É feliz ou não? Acha que o governo devia de usar os recursos para questões mais importantes do que os referendos, ou prefere ter de andar a tomar as decisões dos tipos que são pagos e responsabilizados pelo povo para isso assim de vez em quando, usando largos recursos do estado para isso mesmo?

Respostas:

Sou feliz, mas não concordo com nada do resto.
Sou infeliz, mas não concordo com nada do resto.
Sou feliz e concordo com tudo o resto.
Sou infeliz e concordo com tudo o resto.

Eu acho que sim, somos um país cheio de recursos e malta que se governa mesmo bem. Que felicidade!


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