17.10.05

Noites em branco

Todas as mães com filhos pequenos sabem o que é passar noites e noites a fio a vigiar febres e tosses e males maiores ou menores que tanto incomodam as nossas crianças e tanto nos angustiam e nos assustam. Esta noite foi mais uma dessas. Duma série de 9 noites que já se arrastam desde o sábado da semana passada. O ser humano tem uns limites estranhos. A gente continua aqui mas o ritmo diminui lentamente. O ritmo das palavras, o ritmo dos pensamentos. Parece que começamos a ver e a ouvir e a perceber tudo em câmara lenta.

Esta noite acordei às 4 da manhã estremunhada com um barulho fora do normal. Saltei da cama a correr e levei uma toalha para a rotina nocturna habitual do choro e tosse (tanta tosse numa criança tão pequena…) seguidos dos vómitos e de mais choro e de mais tosse. Mas cheguei ao quarto e as crianças estavam a dormir tranquilamente. E o ruído não era nada parecido com o habitual chamamento "Mamã! Mamã! Cof! Cof! Cof!...."

Parecia uma sirene… vagueei pela casa em busca da origem do ruído. E quando passei pela porta da entrada e a abri ouvi-o então bastante mais amplificado. Era o alarme de incêndio do prédio! Às 4 da manhã, com as crianças a dormir profundamente e eu sozinha sem saber bem como agir. Atordoada pelo barulho e a tentar raciocinar o suficiente para descortinar como ia carregar duas crianças (uma delas doente!) e alguma tralha essencial pelas escadas abaixo àquela hora da noite.

Decidi ir ter com os vizinhos de baixo que também tem miúdos para saber o que haveria de fazer. Não cheirava a fumo nem nada. Vou pelas escadas abaixo e o alarme pára de tocar. Ainda vou até à entrada e espreito em cada andar para ver se vejo sinais de fumo ou cheiros estranhos mas nada. Suspirei de alívio e voltei para a cama mais animada. Afinal a pequena já estaria melhor e esta seria a noite que marcaria definitivamente a sua recuperação.

Mas às 4 e meia da manhã ouvi o chamamento habitual e infelizmente e mais uma vez repetiu-se a rotina. Ainda não foi desta que consegui dormir até ouvir o despertador tocar. Mas sinto que atingi os meus limites físicos (os mentais já foram mais que ultrapassados). Hoje as crianças ficam a dormir com a avó. E eu neste momento só conto as horas que faltam até conseguir ir dormir. Já quase nem acredito que irei conseguir. E sinto-me tão estúpida por pensar que já não saberei ou conseguirei dormir!

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