21.12.05

Insuflável e descartável

O pai natal não trouxe presentes nenhuns. Não. Que isto era o mundo dos meninos que já tinham crescido há muito tempo (ou então não encontravam a parte de criança que sabiam que lá estava algures dentro) e os pais natais viviam às portas das lojas de euro e meio com luzes nos barretes ou pendurados a meio dos prédios, o plástico já rasgado a abanar com o vento. Eram pais natais insufláveis, estes que existiam agora. Umas bombadas e estava o natal armado; depois, bastava tirar o pipo e guardar até ao ano seguinte. Fácil e barato e as luzes sempre animavam.
E se acaso se estragassem, eram pais natais descartáveis.

O pai natal, como só existia assim, não trouxe presentes nenhuns nesse ano. Não. Mas no meio de algumas caixas embrulhadas por desfastio na loja e arranje-me lá um laço a condizer e tem autocolante para eu escrever o nome? Vou escrever já, que levo seis iguais desses e mais quatro daqueles, tem em azul? Obrigada, também quero, no meio de algumas caixas todas parecidas, estava outra: diferente.

- Já não tenho idade para legos, pensou ela.

Mas abriu a caixa à mesma.



E depois juntou as peças.

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