14.12.05

A Teoria da Circulação

Todas as mulheres sabem que homem que conduz um carro à Fangio (desde o rugir do motor antes do arranque, até à velocidade de ponta, passando pelas manobras perigosas naquela que se vai safar sempre) sofre de Complexo de Pénis Diminuto (sempre adorei esta palavra, e especialmente aplicada a este caso, soa-me a qualquer coisa como - Dá-me um minuto, querida, que ainda chego lá).

Mesmo sendo apenas um palpite, bastou-me uma única experiência para comprovar toda a veracidade desta maravilhosa associação entre “acelera” arrogante / pénis pequeno.

Com a liberalização do sistema de prestações, houve uma outra variável que se veio juntar a este pequeno grupo de sintomas, que os portadores de CPD manifestam. Primeiro que tudo, a gama do carro em si. Quanto maior a cilindrada e potência da máquina, menor o tamanho do dito.

Ora, vinha eu hoje descansadinha a 80 à hora a curtir uma música no meu carrito, quando comecei a reparar que já excedia em 30km/h o limite de velocidade. Havia uns então, que deviam ir a mais de 120, tentando a todo o custo passar pela direita, centro e até por cima.

Não foi difícil começar a observar que a totalidade destes magníficos condutores era do sexo masculino; e daí até ao “pá este parecia mesmo o X a conduzir” foi “um tiro”. Levando-me imediatamente a concluir, que a estrada está cheia de portadores de CPD.

É claro que esta conclusão da qual não abdico mesmo em evidência de contrário (até porque as manifestações dependem de outros factores que agora não vêm ao caso), me poderia levar a considerar os efeitos nocivos deste complexo, para a sinistralidade que temos vindo a observar nas nossas estradas. Mas curiosamente, não.

De repente, estava ali sobre a minha cabeça (enquanto um BMW me rosnava violentamente por detrás) a razão para a qual hoje em dia existem tantas mulheres insatisfeitas com os seus parceiros. E foi aí mesmo, a ser encurralada por um Audi e por um Mercedes, que descobri finalmente a solução para este caso.

Minhas caras leitoras, se têm parceiros portadores de CPD cujo principal sintoma é a negação da causa a qualquer custo, e não se sentem satisfeitas com o torque ou o binário dos mesmos, experimentem o seguinte:

- Em vez de gemerem durante o acto sexual, experimentem fazer-se soar como um ruído de motor prestes a arrancar num sinal em plena rotunda.

- Se lhes quiserem mandar bilhetinhos de amor, digam coisas do género - Eu sou a jante de liga leve prateada, que te espera nesta auto-estrada infinita. Faz-me rodopiar a 7000 rotações.

- Quando quiserem que eles vos passem a outra posição, refiram-se com carinho que pelo andamento da coisa, uma quinta a fundo era o ideal para papar tudo quando viesse pela frente; e mesmo por detrás...

- Para lhes gabarem o corpinho, usem coisas tipo – Ena! O teu chassis hoje parece o de um Ferrari… - ou - Querido os teus máximos estão tão bem afinados que chegam até ao fim da curva! – ou ainda – Nunca tinha montado um assim. Foi “kitado” ou é de origem?

Aviso - Em caso algum usar a palavra Airbag.

- Finalmente, se tiverem pressa para acabar, naqueles dias mais "soft" em que a coisa não desenrola; podem sempre aludir ao facto do ABS estar com problemas e pedirem uma inspecção com “lavagem de estrada”.

Experimentem, e digam-me lá se não estou certa?

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