13.12.05

A Paixão

A paixão é um monstro que uma vez despertado é muito difícil de controlar ou até de obrigar a voltar a adormecer. Não digo que não seja bom, porque é, sentirmo-nos apaixonados. Mas esse sentimento em permanência não se compadece da nossa vida feita de rotinas e obrigações e deveres e muito poucas distracções e desvios que nos permitam saciar a alma, o coração e o sexo.

Eu sou um vulcão em risco de permanente erupção. Calma e reservada por fora, arde em mim um fogo feito de lava transparente que brota do meu sexo nos momentos menos esperados e até menos desejados. Controlo tanto os meus desejos e vontades como uma montanha em cima aberta controla a lava a ferver e a impede de querer sair de onde está. De querer saltar por cima de pedras, árvores, casas, animais e até pessoas. Ardendo e ardente queimando tudo em seu redor e deixando árida e negra uma paisagem outrora verdejante.

É o perigo da paixão. De queimar tudo sem descrição nem discrição. Sem selecção nem motivação. Vai queimando, queimando, queimando até à exaustão. Até não ter mais combustível que a alimente. Até matar o que resta da vida que tinha quem a sustentava. Se a paixão é vida, eu hoje anseio pela morte.

Estou exausta.

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