Podíamos deixar-nos de recadinhos e de trocas ilegais de emepetrês, porque o que eu queria mesmo era foder-te. Nem terias de me foder também, qual olho por olho dente por dente: seria apenas eu, eu a comer-te os olhos todos e a morder-te a dentadura inteira. Até podias ficar quieto a assobiar para o lado, numa pose de rei momo e cumprindo a tua vocação de ausente, que eu bem nas tintas. Fodia-te até ao tutano, até nunca mais seres capaz de olhar entre as pernas de outra qualquer sem te lembrares de mim (o que já acontece agora, mas pelas razões erradas), até o cheiro da minha cona selvagem ficar para sempre agarrado à tua glande, como o cheiro dos mortos se cola à pele dos vivos. É claro que no entretanto teria de te magoar, como forma de me alargar no prazer de me vir enquanto te tivesse por baixo, entesourado. Não, nada disso: nem puxões de cabelos, nem apertões nos tomates e, muito menos, chicotadas (talvez alguns arranhões...): querer-te-ia intacto, para te poder foder uma e outra vez, quando me apetecesse e de preferência nos dias em que estivesses mais cansado e a precisar de seres bem fodido por uma outra que não a vida em geral. Ir-te-ia à boca e ao mesmo tempo ao cu: um dedo, dois dedos a rondarem-te o ânus, a pedirem-te licença para entrar e nunca mais quererias outra coisa. Sofrerias que te fartarias, sim, mas quando eu me fosse embora a meio da noite e o teu corpo desatasse a gritar até acordar os vizinhos. Depois, no dia seguinte, irias trabalhar desprovido de vontade própria, com a cabeça tão vazia como o teu caralho sugado e chupado, que ficaria para sempre teso de modo a que, quando não dentro de mim, passasses a servir para pouco mais do que cabide à entrada do open space.
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