Dos nomes que são mais reais que os verdadeiros
Hoje não sabes quem eu sou (nunca soubeste). Abro-te a porta e não me encontras como esperavas, a de sempre, do costume, dos gestos repetidos, reconhecidos, do corpo por ti premiado (pensas tu). Hoje não sabes quem eu sou (nunca soubeste) e encontras a mulher mascarada, vestida de panos translúcidos que te obrigam a quase adivinhar (não acertas), num desespero de quase saber mas sem a certeza ('mor, não me reconheces?) nem no beijo (mudei de pastilha, sabes) nem no toque (não, estas mãos não são as tuas) nem no corpo (não me fujas, anda cá, és minha, ou não serás?) Serei? Nunca fui, tremes; temes. A mulher escondida (se fosses sempre assim! e não sei se te quereria ou não) que se encosta a ti (não me fujas tu) e tu tremes, temes, não sabes se medo, se desejo, se mistura dos dois.
Hoje não sabes quem eu sou (mas nunca soubeste, mais vale assinar assim).
Hoje não sabes quem eu sou (mas nunca soubeste, mais vale assinar assim).
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