19.10.05

Tão saudável que até enjoa!

Falamos de leite. Não do em tetrapacks arrumados em grupos de seis e embalados em dois cartões e plástico que forma uma pega, dos pacotes que prometem cálcio, fósforo, vitaminas, baixa lactose e digestão fácil, especial crianças de um ano ou mais que três, para grávidas com ácido fólico, para velhos de ossos usados, para novos de ossos ainda suficientemente calcificados.
Não.
Falamos de leite, daquele que chega de madrugada numa bilha de barro, ainda quente, despejado depois num púcaro de alumínio que vai ao lume para ferver os micróbios, que encontramos no canto da bancada da cozinha, já pronto para a chávena, depois de vencida a fatia de nata por cima.
Falamos da consistência (quase da nata líquida em tetrapacks actuais), da pureza daquela fonte de saúde e queixamo-nos da vida moderna que só nos traz produtos provenientes de vacas alimentadas a ração, presas em currais, ordenhadas por máquinas, tratados em processos químicos.
Falamos desse magnífico leite com saudade.

E depois todas nós, sem excepção, concluímos que agora somos incapazes sequer de o cheirar sem ter logo vómitos.

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