31.10.05

Uma noite igual às outras

Ela saiu e bateu a porta. Para trás ficara uma mãe birrenta enfiada na cama e um pai com uns copos a mais para tentar animar uma noite, uma vez mais, estragada.
As lâminas de vento frio batiam-lhe na cara e, enquanto ela caminhava nas ruas desertas, ouvia os sons das festas atrás das portas, as botas a bater em cada pedra da calçada e o silêncio da rua no som dos seus passos. Sentia uma tristeza profunda. “É uma noite igual às outras”. Repetia uma vez mais. Todos os anos repetia a mesma coisa.
Enquanto o fogo de artifício rebentava atrás dela, uma lágrima quente teimou em aventurar-se pela face gelada abaixo. Era uma noite igual às outras...


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