1.11.05

De bruxas más voadoras em vassouras

Ela encontrava-o sempre. Não que o buscasse, mas porque ele, apesar de escondido, se queria deixar encontrar. Escondia-se em pistas que deixava pelo caminho
uma pedrinha
duas pedrinhas
três pedrinhas vamos deixar
e assim nosso caminho saberemos encontrar
na floresta que é bem grande e há perigos a valer

porém nós pelo caminho
não iremos nos perder

largava pedrinhas pelo caminho, como se o caminho fosse um caminho para casa da bruxa má
mas a bruxa neste caso era ela
e ele querendo não queria (nunca tinha querido tanto nada com tanto desejo)
e não querendo largava pedrinhas
e ela
claro
encontrava-o sempre, cada vez que dava pelas pedras no caminho para casa
sendo a bruxa má o caminho era para casa dela e as pedras que encontrava sendo novas ali
que ela conhecia bem o caminho
só podiam ter sido largadas por menino de mãos de ossos finos
a pedir engorda com chocolates
para depois não querer
(nunca querem, nunca querem, mas depois é como os que aparecem feitos)
ser
cozido
estufado
grelhado
no forno
com sal e coentros e azeite a ferver
na travessa da bruxa má.
A ela tanto fazia. A diferença entre os dois é que ela o encontrava sempre.
E ele, ele nunca mais a encontrou (as bruxas más são assim, voláteis nas suas vassouras).

referer referrer referers referrers http_referer Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com