6.11.05

Estrela Polar

Ursa menor, leio eu aqui, é uma "constelación relativamente pobre del cielo boreal, no presenta objetos de cielo profundo interesantes (...) Sus estrellas no son muy brillantes, pero destaca la Polar (...)"

Curioso, esta coisa de se encontrar a Estrela Polar (assim, com letra grande) numa constelação menor, relativamente pobre. A Estrela Polar (mantenho a maiúscula) é "una estrella muy importante porque señala casi exactamente el norte geográfico, con una variación de sólo 1º". Cá temos então a tal Polar a assinalar o Norte e daí o seu papel de guia. Numa constelação relativamente pobre, relativamente, pois claro, porque tudo é relativo e a constelação pobre até tem a estrela guia lá no meio das pouco interessantes.

É um bocado como as pessoas. Somos todos um bocado estrelas num universo, estrelas no sentido de apresentarmos algum sinal no meio do vazio; digamos, representarmos a vida no meio do inerte, merdas esotéricas assim, com algum brilho supondo que a vida, em oposição à não-vida apresenta algum brilho face ao escuro: eu creio que sim, que o inerte, que até tem faces muito belas, não passa de um vazio negro, face à luz (passe a imagem piroseca) que a vida, mesmo com faces muito negras, mostra. Daí sermos estrelas nesse sentido, de corpos que se podem detectar com infra-vermelhos, mesmo no meio da escuridão mais profunda.

Mas como tudo é relativo, somos todos um bocado estrelas pouco interessantes. Ou pertencemos a constelações pouco importantes, talvez, mais isso: umas ursas menores, nós e os nossos, a nossa constelaçãozinha de trazer por casa, a vidinha por assim dizer, as estrelinhas mais pequenas, as mais velhas, enfim, umas ursas menores que, para nós, são galáxias de supernovas, por serem nossas. É a tal relatividade.

Dentro destas constelações-famílias-e-seres-adjuntos, uma pessoa pensa que escolhe um caminho: claro que não escolhe coisa nenhuma, ninguém escolhe agora vou ser uma grande Orion ou mesmo uma galáxia! Ai que linda Andrómeda que eu sou, ó pra mim, quer dizer, querer quer-se, mas não se escolhe o brilho que se tem: podemos puxar o lustro às pontas da estrela que somos, mas quem vê o brilho é quem está de fora. Independentemente de nos sentirmos especialmente brilhantes ou completamente baças.
E
(para terminar este texto um pouco à la Revista Xis)
há sempre
sempre
sempre
quem nos veja como a Estrela Polar.

(este post aí para a menina Maria A. abaixo)

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