4.11.05

Notas sobre imobiliária e construção civil

Nos espaços do coração, as obras de beneficiação e ampliação são relativamente simples e passíveis de rápida aprovação pelas entidades que as fiscalizam.
Vejo a ampliação preponderantemente através das amizades que se iniciam e se constroem. Um amigo tem sempre um espaço pessoal e intransmissível. Uma nova amizade é como um ficheiro novo. Acontece haver afastamentos, decepções, traições; no entanto cada amigo conserva o respectivo espaço em sua posse: não o pode trespassar, nem podemos dar ordem de despejo e repôr o stock com um novo habitante. Podemos substituir um amigo por outro no tempo (que passamos com ele, que lhe dedicamos), mas nunca no espaço que lhe reservamos. O que há é uma dinâmica dos espaços, que podem encolher ao invés de crescer – ou podemos deixar de os visitar.
A beneficiação passa pelo limar das arestas, nas relações que se constroem. Pelo modo como gerimos tolerância, mas também exigências, nas nossas amizades e, sobretudo, nas relações amorosas (já se sabe que neste campo há substituições efectivas dos habitantes…), vamos modelando e incrementando o contentamento que nos proporcionam.
As obras de restauro, por seu turno, podem ser bem mais complicadas. Os processos são demorados: exigem muito trabalho de análise e rectificação dos registos. Há enorme dificuldade em colmatar as lacunas provocadas pelo desgaste, pela erosão. Ainda por cima, quando se crê estar a coisa concluída, definitivamente arrumada, falta sempre, afinal, mais um documento qualquer.

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