2.11.05

"Amor é sorte"

Era uma vez um pequeno grãozinho de areia que vivia juntinho aos seus irmãos mesmo à beira dum mar imenso e azul. O pequeno grãozinho vivia muito triste e cabisbaixo porque sentia que tinha falta de espaço, falta de luz, falta de ar até. Sentia-se ali tão encafuado, escondido e abafado. Ele que se sentia um grãozinho tão especial, todo feito de variações de castanhinhos todos diferentes que mal se viam por estar assim tão encaixado no meio de todos os seus irmãos. “Raio de vida esta…” pensava o nosso amigo grãozinho enquanto olhava para os lados e via os irmãos sorridentes ali apenas deitadinhos a apanhar sol como se tudo o resto lhes fosse completamente indiferente (e na realidade era porque nunca tinham querido ser mais que meros grãozinhos de areia alinhadinhos ali à beira-mar).

Assim se passaram uma eternidade de dias até que o grãozinho de areia já tinha desistido de algum dia ser algo mais do que um grãozinho alinhado a outros ali à beira mar. Mas de repente o sol brilhou com mais intensidade. Da escuridão se fez luz e alguém ou alguma coisa transportou o grãozinho para fora dali. Agarrado a uma sola de um sapato voou para dentro de um gigantesco barco (enfim… qualquer coisa é gigantesca aos olhos dum grãozinho de areia!) E nesse barco, dentro dele, o grãozinho de areia viajou pelo mundo inteiro. Agarrado à sola de um sapato viu florestas e matos, mares e rios e lagos. Viu todas as cores do mundo e esteve em muito mais sítios do que a sua imaginação fértil algum dia tinha concebido ou sequer imaginado. Todos os dias era uma nova aventura, uma nova brisa, novas cores, novos sabores… era tudo novo numa aprendizagem permanente para quem é apenas um grão de gente! E do nada se fez tudo e o grãozinho de areia nunca mais pensou que não era especial. Porque agora e finalmente sabia que era! Foi só sorte?...

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