sra honrosa
Outro dias participei num concurso, chamemos-lhe um concurso de beleza, a nível internacional.
Suponhamos que este concurso de beleza premiava a gaja com as pernas mais boas da Europa com um primeiro prémio e dois segundos prémios.
Ora eu, que sou uma gaja e nada má, não desfazendo, decidi participar, naquela do não tenho nada a perder e quem sabe, até pode ser que ganhe os tais euros, que bem vinham a calhar que a vida tá cara e as pernas não dão muito dinheiro.
E mandei para lá o CV e umas fotos e umas descrições das pernas e o que fazia para as pernas serem assim de boas.
E apesar de muitas outras gajas concorrerem, eu fui seleccionada para finalista, o que até nem me surpreendeu muito porque eu até sou uma pessoa trabalhadora e que cuida com afinco e determinação das suas, digamos, pernas.
Mas, as outras finalistas (cerda de uma dúzia), eram pessoas assim muito mais dedicadas às suas, digamos, pernas, eram profissionais de topo, que tinham inclusive meia dúzia de pessoas com as mesmas qualificações que eu a trabalhar nas pernas delas, e com currículos pernis longos e assustadoramente bons. E eu pensei que não tinha hipótese nenhuma de ganhar, mas já não foi mau chegar aqui, e assim como assim serve de treino para outras ocasiões em que tenha de, digamos, mostrar as pernas, por razões mais importantes.
E lá fui ao estrangeiro apresentar as minhas pernas.
E, como previsto, foram os profissionais de topo que ganharam os prémios de euros. Mas no fim decidiram atribuir uma menção honrosa às minhas pernas, e eu fiquei muito contente, porque sou uma pessoa mais aplicada que teórica em termos de fundamentos pernis, porque as minhas pernas não trazem nenhum avanço na cura para a sida, e porque eu não lhes dou muita importância nos meus tempos livres.
Mas, em termos práticos, o que ganhei foram beijinhos do júri e um par de fotos. E eu, apesar de contente, não dei mais importância ao assunto (à parte obrigar os meus amigos a tratar-me por Sra. honrosa).
Mas outro dias, meses largos depois do evento, chegou à atenção do presidente da comissão de pernas do meu departamento, que as minhas pernas tinham sido distinguidas a nível internacional. E ficou muito orgulhoso e decidiu espalhar a noticia pela imprensa e Internet e assim. E eu fiquei contente, até porque gosto de ver a minha fotografia, e de me gabar, e de ver reconhecido o meu trabalho, mas não passa muito daí. Porque há que reconhecer, só ganhei beijinhos.
É que nem um empreguinho me valeu.
Suponhamos que este concurso de beleza premiava a gaja com as pernas mais boas da Europa com um primeiro prémio e dois segundos prémios.
Ora eu, que sou uma gaja e nada má, não desfazendo, decidi participar, naquela do não tenho nada a perder e quem sabe, até pode ser que ganhe os tais euros, que bem vinham a calhar que a vida tá cara e as pernas não dão muito dinheiro.
E mandei para lá o CV e umas fotos e umas descrições das pernas e o que fazia para as pernas serem assim de boas.
E apesar de muitas outras gajas concorrerem, eu fui seleccionada para finalista, o que até nem me surpreendeu muito porque eu até sou uma pessoa trabalhadora e que cuida com afinco e determinação das suas, digamos, pernas.
Mas, as outras finalistas (cerda de uma dúzia), eram pessoas assim muito mais dedicadas às suas, digamos, pernas, eram profissionais de topo, que tinham inclusive meia dúzia de pessoas com as mesmas qualificações que eu a trabalhar nas pernas delas, e com currículos pernis longos e assustadoramente bons. E eu pensei que não tinha hipótese nenhuma de ganhar, mas já não foi mau chegar aqui, e assim como assim serve de treino para outras ocasiões em que tenha de, digamos, mostrar as pernas, por razões mais importantes.
E lá fui ao estrangeiro apresentar as minhas pernas.
E, como previsto, foram os profissionais de topo que ganharam os prémios de euros. Mas no fim decidiram atribuir uma menção honrosa às minhas pernas, e eu fiquei muito contente, porque sou uma pessoa mais aplicada que teórica em termos de fundamentos pernis, porque as minhas pernas não trazem nenhum avanço na cura para a sida, e porque eu não lhes dou muita importância nos meus tempos livres.
Mas, em termos práticos, o que ganhei foram beijinhos do júri e um par de fotos. E eu, apesar de contente, não dei mais importância ao assunto (à parte obrigar os meus amigos a tratar-me por Sra. honrosa).
Mas outro dias, meses largos depois do evento, chegou à atenção do presidente da comissão de pernas do meu departamento, que as minhas pernas tinham sido distinguidas a nível internacional. E ficou muito orgulhoso e decidiu espalhar a noticia pela imprensa e Internet e assim. E eu fiquei contente, até porque gosto de ver a minha fotografia, e de me gabar, e de ver reconhecido o meu trabalho, mas não passa muito daí. Porque há que reconhecer, só ganhei beijinhos.
É que nem um empreguinho me valeu.
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