13.5.07

quando?

Tinha regressado à água, onde me afogava. O sal cobria-me os olhos, impedindo-me de ver além. Engolia-me para me virar do avesso, quando a boca procurava os teus beijos no ar e só recebia a própria saliva amarga. Nadava, para cá e para lá, numa disciplina de sentido único que já perdera a virtude de dar a sentir que me preocupava comigo.
Acontecia-me amiúde pensar em nós no passado. Dizias que não havia acontecimentos nossos, apenas de cada um. Eu, só ia gostar de ti para sempre.
Deixaras de confiar em mim, desde que me conhecias. Já não te enroscavas em mim, nem me encontravas nas coisas. Colocava-te prazos, sem to dizer. Se não tomasses uma iniciativa nas duas semanas seguintes, assumiria que não me querias. Se te passasse ao lado o meu aniversário, não iria querer saber de ti no Natal. Se quando acordasse não encontrasse uma mensagem tua, não mais quereria adormecer contigo. Se não me chamasses depressa, nunca mais te chamaria querido, meu amor. Mentia, claro.
Pedia-te um gesto, um só. Um gesto mesmo teu, que me devolvesse em ti. Movimento não-resposta, não-reacção, não-consequência dos meus. Espontâneo, nascido em ti, por solicitar; original – para mim.
Não sei porque penso nisso agora. Talvez a água tenha estagnado cá dentro. Ou então está quase a aparecer-me o período.

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