17.11.06

Considerações de tartaruga



Há assim umas passagens temporais que nos marcam, assim como algumas passagens de temporais, e depois durante algum tempo ficamos fechados para balanço. Esta minha última passagem está quase a durar dois anos. Dois anos de emoções ao rubro, de saltos maiores que as pernas, de trambolhões, sempre a correr sem parar, hoje não sei onde vou estar amanhã mas também não quero saber! Sempre a viver como se não houvesse dia de amanhã, levantando-me todos os dias como se me preparasse para uma batalha campal. Eu contra todos, todos contra mim, eu contra eu. E toma lá cacetada, e agora apanhas mais esta, e quando pensas que tudo acalmou ainda vem mais!

Dizem-me que é de mim, que a minha casca, carapaça, não é suficientemente dura. Que tenho que me enfiar mais lá para dentro e não mostrar, tanta coisa que deixo de fora, olha lá uma pata tão saborosa, vamos mordê-la, arrancá-la à força de dentadas! E já agora umas bicadas valentes nos olhos também!

E eu que só queria saber para que lado é o mar. Só queria nele entrar e deixar-me levar pelo azul infinito, pelo silêncio das profundezas. Queria afundar-me no mar e hibernar. Baixar a temperatura do sangue vermelho, fazê-lo virar azul, deixar-me invadir pelo azul, e não ser mais do que isso, um ínfimo ponto azul à deriva no oceano. E dizer "adeus até ao meu regresso!". Mas sem intenção de voltar, nunca mais!

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