18.11.05

O triunfo do amor

(E bom fim de semana para todos e todas!)

Era uma vez um velho muito rico e muito sábio chamado Troquenada. Vivia num país no interior do mundo, naquelas terras perdidas entre as neblinas que desciam das montanhas e colinas que as rodeavam. Era muito difícil encontrá-lo e todos os viajantes se perdiam naquelas paragens, todos os caminhos pareciam igualmente tenebrosos e obscuros. Troquenada tinha muitas visitas por ser tão sábio e profundamente conhecedor da natureza humana em toda a sua complexidade e variedade. Males do corpo e do espírito… de todos Troquenada entendia e tratava. Por isso tanta gente o procurava. E não desistiam mesmo sabendo que a viagem era muito difícil e ousada e que muitos se perdiam sem conseguir chegar até onde vivia Troquenada.

Apesar de ser muito rico e possuir tudo o quanto poderia querer ou desejar, o velho Troquenada queria sempre ter mais e sentia que tudo faria para obter o que em determinado momento pretendia ou desejava. Exigia portanto preços exorbitantes a quem o procurava e além disso se sentia que possuíam alguma coisa que o interessava era capaz de os enfeitiçar para que lha entregassem a ele. No seu castelo isolado e muito bem guardado entre pântanos e florestas de neblinas possuía umas catacumbas que ia construindo nas entranhas do subsolo há medida que ia coleccionando riquezas e posses. Tudo o que obtinha lhe dava um prazer e satisfação invulgares. Perdia-se na observação constante dos seus troféus… e ria-se muito por todos conseguir enganar e no fundo roubar!

Um dia apareceu um velho triste e cansado que lhe vinha pedir algum elixir ou fórmula que lhe devolvessem a forma e a alegria. A mulher tinha-lhe morrido há uns anos largos e ele tinha ficado sozinho com uma filha para criar. Ao falar casualmente dela, mencionou um tesouro escondido. Qualquer coisa ficou no ar o tempo suficiente para despertar a atenção de Troquenada. Se realmente de um tesouro se tratava, ele queria saber onde se encontrava! Enfeitiçou o velho e obrigou-o a contar a sua triste história. Um amor sem limites entre dois belos jovens… um casamento de sonho… a vinda de uma criança para abençoar uma família recém criada… o terrível sofrimento da mulher após parir… a maneira como nunca se recompôs totalmente desses momentos atrozes… como deixou de gerir o lar… negligenciando marido e filha… e como após uns anos se tentou matar… e repetidamente o fez até que finalmente foi bem sucedida. Viver assim uma vida… com uma mulher presente mas de espírito ausente e suicida… não tinha sido vida!

E a sua filha Mraia tinha sido um bálsamo toda a vida e se não fosse por ela seguramente já não existiria. Incansável, alegre e forte, Mraia tinha-lhe facilitado sempre tudo, mesmo em relação às crises de loucura furiosa da mãe. É que havia mesmo alturas em que tinham que a fechar num quarto escuro e apertado para que se acalmasse após passar ali um bocado. Mraia nunca se tinha queixado. Nem da mãe que nunca tinha conhecido, nem do pai quase sempre ausente em trabalho. Educava-se e cultivava-se pela leitura dos livros de aventuras e fantasias que o pai lhe ia trazendo das suas viagens por terras distantes. E ia construindo um tesouro interior que só mostraria a quem fosse merecedor… que tesouro seria… ninguém o sabia a não ser Mraia que interiormente ia enriquecendo com a experiência que adquiria…

Troquenada já estava com água na boca só de pensar no que seria… que tesouro possuiria aquela jovem aparentemente desprovida de qualquer interesse? Apenas a palavra tesouro o perseguia e incomodava o suficiente para ter curiosidade em saber mais. Já agora queria ver a jovem e queria descobrir o que ela escondia! Enfeitiçado o pai, e facilmente, Troquenada obteve a informação necessária para chegar à jovem Mraia e sem hesitar mandou os seus guardas pessoais irem buscá-la.

Mraia chegou ao castelo atemorizada e sem perceber o que se passara. Entendia que o pai estava ali prisioneiro dum velho que talvez fosse feiticeiro. Queria muito ver o pai e saber se estava bem de saúde porque o velho já tinha pouca resistência e muito menos sendo assim maltratado. Levaram-na para junto do pai que lhe explicou o que se tinha passado. Troquenada estava disposto a ajudá-lo se Mraia lhe desvendasse o seu segredo, o seu tesouro no seu mais profundo e íntimo guardado!

Ela nem sabia o que pensar ou dizer… era uma coisa tão íntima e sua! Como mostrar o seu tesouro a um velho louco que nem conhecia? Ainda se fosse um jovem bem parecido… Enfim, qualquer coisa haveria de lhe surgir! Tinha que pensar numa maneira de obter a sua liberdade e a do seu pai. Armou-se de coragem e foi ter com Troquenada que já a esperava. Acercou-se dela e perscrutou-a com o olhar para ver se conseguia na sua mente penetrar. Já andava na caça ao tal tesouro que o pai dizia que ela possuía… mas onde estaria tal coisa guardada?

Mraia contou-lhe que possuía um tesouro sim, mas que não era para qualquer um. Era preciso muito para lá chegar! A mãe tinha-lhe entregue uma jóia invulgar… não para usar no exterior mas para guardar bem no interior… era um anel vaginal! Encrostado das mais belas pedras preciosas que algum dia mão humana trabalhara… e ela Mraia o guardava tal como tinha prometido à mãe antes dela para sempre enlouquecer.

E agora que fazer? Pensava o velho Troquenada para com os seus botões. Não podia forçar a rapariga até porque ela lhe tinha dito que só com um orgasmo brutal libertaria o dito anel… Raios! Que volta haveria ele de dar para libertar a jóia de tão inusitado cofre que escondia esse tal tesouro que agora pretendia acima de todas os outros que já possuía?! A solução claro está passava por Mraia. Tinha que a conquistar de alguma maneira, e depois logo se via!

A rapariga era bonita, não demasiado, mas tinha a juventude do seu lado enquanto que ele já tinha perdido a conta à idade. Sabia que ao apresentar-se tal como era seria muito difícil que ela o aceitasse como amante extremoso… Portanto fechou-se no seu laboratório e passou dias e noites a aperfeiçoar um elixir de tal forma possante que transformasse o seu corpo num portento! Experimentou e variou e ao fim de algum tempo deu-se por satisfeito. Estava exteriormente renovado… parecia um príncipe encantado! E de tal forma que Mraia quase desmaiou de comoção quando o viu aparecer assim transformado!

O feiticeiro dedicou-se então à conquista da mulher que tinha em si o tesouro maior por ele cobiçado. Durante meses e meses passeou com ela todos os dias, conversaram muitíssimo e ela habituou-se de tal forma àquela companhia inteligente que passado um tempo começou a relaxar na sua presença. Deixava-se ficar sempre um bocadinho mais próximo dele. Deixava os seus dedos roçar na sua pele suave e macia… brincava com os seus cabelos dourados e encaracolados. E ao rir-se deixava a sua cabeça inclinar-se ligeiramente até tocar no seu ombro… para que ele a pudesse cheirar! Troquenada era um homem, jovem ou velho, toda a sua maquinaria interior começara a funcionar com a proximidade física de Mraia. Ele bem sabia o que ela lhe estava a fazer e inacreditavelmente ele já sentia uma vontade enorme de a foder! Era verdadeiramente estranho porque Troquenada julgava-se superior e desprovido de todo e qualquer sentimento sexual. Nunca em toda a sua vida lhe tinha acontecido o que lhe acontecia naqueles momentos partilhados com ela. Sentia um fogo interior… um ardor permanente nas suas partes íntimas!

Um dia tinha que acontecer. Já estava mais que escrito e pensado que estes dois se iriam amar. Troquenada já andava tão desaustinado que já nem pensava na jóia que pretendia… apenas se concentrava no fogo que nele ardia e que o compelia a querer possuir Mraia. Nesse dia ela estava mais bonita do que nos outros dias, e os seus olhos enormes pareciam querer engolir os seus… sentia um fogo enorme a arder dentro dela também. Que fosse equivalente ao seu e já não iria ser um encontro lá muito casual! Pegou nela e finalmente beijou-a, na boca e sofregamente… a provou… a deixou prová-lo… que sensação de perdição que o invadia! Lentamente a despiu, se despiu e deitaram-se juntos. Que fascínio, que corpo de mulher mais belo o de Mraia! Um banquete para uns olhos cansados e até aí assexuados… Qual intelecto, qual colecção de velharias… o que ele mais queria estava no interior dela sim… e não era nenhum objecto! O que ele queria era possui-la, penetrá-la e senti-la à medida que a encheria e abriria com a sua espada de fogo…

E assim fez… e assim a penetrou… e sentiu… e abriu… e à medida que percorria os seus caminhos interiores… húmidos e quentes… para trás e para a frente… olhava para os seus olhos e sabia que ela também o queria… também o sentia… também lhe pedia… suplicava que não parasse… mas sem palavras… só com o olhar e com os caminhos que se apertavam e lubrificavam cada vez mais… sem puder conter… um espasmo de dor… um sentimento de amor… ali nasceu… saiu… entrou… abriu… percorreu… dele para ela e depois de volta a ele… um orgasmo maior… uma morte súbita e um renascer dum transe temporário! Ao olhá-la no final viu que ela lhe estendia qualquer coisa que luzia e faiscava. Entregava-lhe o anel vaginal acabado de soltar do lugar onde tinha estado preso durante tantos anos. Estranhamente Troquenada já não o queria! No caminho percorrido para o obter tinha encontrado um tesouro bem maior e muitíssimo mais raro! Tinha encontrado o amor… tinha-se perdido em Mraia e sentia que ela se perdera nele e a partir desse instante toda a sua vida tinha mudado!

Desfez-se de todos os seus bens e tesouros, pegou em Mraia e no seu velho pai e mudaram-se para uma praia tropical onde foram felizes para sempre e onde se amaram até à exaustão. E guardaram o anel vaginal apenas como recordação do que um dia os tinha unido.

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