6.3.07

Nível de ruído ensurdecedor

Entretanto lembrei-me que apesar da linda Cilinha se ter recusado a ir à Lesboa comigo (mas foste ao circo comer pipocas moles!), eu fui! Mas digo-te que não sei se foi por pura velhice aliada ao cansaço de ter que carregar uma catrefada de ossos colina acima, a festa para mim não passou de puro ruído, sonoro e visual. Estava muita gente, muito mais do que eu pensava que estaria. As vistas estavam todas deturpadas devido à quantidade de gente mascarada, e tanto que em muitos casos nem dava para distinguirmos o género dos personagens que por ali se bamboleavam. (Será um homem? Será uma mulher? Detesto este tipo de indefinição! Cheguei a ouvir alguém comentar que as mulheres mais bonitas eram os travestis!)

It was a sort of freak show, sem desprimor para as pessoas que ali estavam porque a bem dizer eu não socializei com ninguém, limitei-me a ouvir e a ver. Acho que na verdade sou uma gaja mainstream, e quanto a isso não há nada a dizer nem a fazer. E por isso este género de eventos não me dizem nada, horrorizam-me mais do que me divertem. Pertenço a outra geração, uma geração tolerante mas não aberrante. (Espero que não pensem que sou arrogante…) Acho muito bem que se invista neste tipo de iniciativas até porque pelos vistos há muita procura e em todas as faixas etárias. Não são é para mim, claramente. Eu quando vou à procura de gente, e agora me lembro de uns quantos encontros de blogs a que fui, gosto de ver bem as pessoas, avaliá-las de cima abaixo. Gosto de lhes olhar nos olhos, gosto de lhes ver os sorrisos e avaliar a sua maneira de estar. Gosto de ouvir as suas vozes, especialmente quando falam de maneira inteligente e assertiva. Uma pessoa no seu todo, qualquer pessoa, pode ser motivo de curiosidade, descoberta e fascínio. É bom sentirmo-nos levar por alguém que nunca vimos. Faz-nos acreditar nos seres humanos, e na nossa capacidade de arriscar em momentos únicos que se podem ou não vir a repetir. É nessas alturas, em que somos cativados por (e já agora cativamos a atenção de) um desconhecido interessante que a aventura e o desafio se elevam ao seu expoente máximo. Jogamos tudo naqueles segundos, naqueles minutos em que sentimos que aquilo pode ser o começo de algo, ou não.

Mas enfim, nada disto aconteceu nessa bendita Lescoisa em que o barulho era de tal forma ensurdecedor que saí de lá com uma brutal dor de cabeça e com os nervos em franja. Se não fossem umas almas caridosas que se me juntaram para assistir ao horror show acho que nem tinha dado com o carro à saída (e não foi por causa da bebida, se bem que as meninas do bar seriam mesmo talvez as únicas beldades lá do sítio, infelizmente não jogavam na mesma equipa que nosotras, ou se jogavam estavam ali para trabalhar e não para se divertirem, o que é uma pena!)

Portanto Cilinha, ainda bem que não vieste que aquilo não era antro decente para ti minha linda. Nem para mim! Saí dali só a pensar em enroscar-me num sofá com uma mantinha e um cházinho a ler qualquer um desses clássicos que me fazem sempre sonhar… se é mal da idade, ou se é do meu conservadorismo inato, ou se é da falta que o amor me faz… não saberei. Mas sei que não gostei!

Etiquetas: ,


referer referrer referers referrers http_referer Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com