28.2.07

Quase

Assim mais ou menos em tom de resposta ao comentário do/a "sem se ver", e já que citou um autor (Álvaro de Campos), eu cito uma autora (Sarah Westphal Batista da Silva) como forma de filosofar na "depressão":

"Quase

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance; para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu. "

Este "quase" existe porque teimamos em reviver o passado e, especialmente, em ter medo do futuro, limitando-nos a esperar e agindo muito pouco na nossa própria, e única, vida. Mas sobre o «papã medo» escreverei noutra altura.

"Máximas da treta que são tão velhas como a humanidade"

Vida

Muitos de nós passam-na a pensar no que poderia ter sido se... se se tivesse feito alguma coisa diferente. Se se tivesse tomado aquela decisão, naquele longínquo ano em que fomos na direcção contrária. Se não nos tivessem limitado os poderes de decisão. Se...

Se...

O “se” não devia de existir. Tal como o passado já não existe. Deixou de existir quando passou. Não existe, é apenas lembrado, como aqueles que morrem o são, pelo bem ou pelo mal. O futuro não existe. Nunca vai existir. Não é uma entidade à qual vamos chegar porque, quando chegamos, não é futuro, é presente. A única coisa que existe é o que é, o que está, o que acontece, o que somos. É com isso que vivemos e temos de viver. Não podemos viver a pensar no que vai ser, no que foi, no que não temos e o “outro” tem. Temos de viver a sentir o que temos como nosso, o presente como bom, a potenciar aquilo que temos de bom e desvalorizar (e resolver) o que temos de mau. Diz o ditado popular “tudo tem solução menos a morte”. Mesmo essa tem solução porque o que não tem solução está solucionado. Não vale a pena pensarmos no que não podemos resolver, o melhor é guardar forças para aquilo que, realmente, podemos.

27.2.07

Coração de leão

"Se fizeres um favor, não o recordes; se receberes um favor, nunca o esqueças." (Autor desconhecido)

É verdade que é nas alturas em que a adversidade nos bate à porta que os outros se revelam perante nós. E nada é mais surpreendente do que receber de quem nunca esperámos que nos desse algo, para mais sendo que neste mundo virtual onde nos encontramos todos somos livres de passar ao lado de quem nada nos diz, nem nada pode fazer por nós.

Querido Leão, sempre soube que tinha uma aura especial, a sua marca era diferente das demais e é com toda a certeza um homem como poucos haverá e queira ter a certeza que eu nunca esquecerei o seu gesto de generosidade extrema para com alguém que não conhecia de lado nenhum.

Aqui não interessa quem somos, mas interessa realçar lições que aprendemos com alguns, poucos, seres humanos que estão lá mais perto do que é ser-se humano. Hoje sinto-me mais humilde e grata do que antes. E foram vocês, tu Cilinha, e o meu querido Leão, que me mostraram a face grandiosamente humana que se esconde por trás de alguns blogs.

(As lamechices abundam pois… e isto tem que sair para me puder renovar… mas não ostenteis já esses vossos jocosos esgares faciais porque ainda não cheguei ao ponto de desatar a escrever livros para criancinhas com umas máximas da treta que são tão velhas como a humanidade. Se bem que como eu cá não sou boa comá Madonna, nem sou possuidora de nenhuns dotes artísticos, literários, filosóficos, eróticos, pornográficos, ou até mesmo monetários, duvido que alguém achasse piada às minhas repenicadas parvoeiras…)

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26.2.07

When you try your best but you don't succeed...

Minha linda e querida Cilinha,

Escrevo-te hoje esta carta porque durante uns tempos esqueci-me de ti, a bem dizer esqueci-me de todos, esqueci-me até de mim e já nem sequer me lembro onde foi que me perdi de mim, de ti, e do resto do mundo.

Talvez seja inexperiência da minha parte, sabes que por dentro não sou igual à idade que aparento por fora. Queria ter um bocadinho da tua sabedoria e experiência de vida para sentir que isto que me aconteceu é normal, banal, corriqueiro e comum. Lancei o meu coração o mais alto que pude mas ele não chegou lá, ao sítio onde eu tanto quis que ele chegasse. E como é óbvio por efeitos da gravidade o que sobe também desce e a queda foi um bocadito dramática, especialmente para alguém como eu, que nunca tinha passado por um verdadeiro desgosto de amor, que nunca tinha sentido a lâmina fria e aguçada da espada da rejeição. Assim crescemos e assim aprendemos, dir-me-ás tu. Aprendemos mais com a adversidade do que com a tranquilidade. Aprendemos mais sobre nós e sobre os outros. Abrimos os olhos à loucura que é tentar viver neste mundo que não é feito à nossa medida.

Não seja por isso, que eu por fora estou igual. Aparentemente nada mudou em mim, apenas cresci um bocadinho por dentro e como não há forma suave de passar dum estado ao outro, foi mesmo assim, bruscamente e aos solavancos.

Como não tenho um colo onde chorar as minhas mágoas, aproveito-me agora de ti, da mão que me estendes e desabafo nesta folha em branco a injustiça que é amar sem se ser amado. Mas lá está, idealmente escolheríamos todos a dedo, sobretudo aqueles que nos estão mais próximos e certamente o faríamos tendo em conta a sua capacidade de não nos magoarem nunca e de serem honestos e verdadeiros nos seus propósitos. Assim como eu sou para com os outros, esperei que os outros fossem para comigo.

No one can fix me. Não há nada, nem ninguém, que me faça voltar a ser como era dantes. Perdi um bocadinho da minha candura. Mas ainda estou aqui. Farei os possíveis para continuar por aqui. Não te quero deixar sozinha, e nem que seja só por isso farei um esforço. Para me rir novamente, para viver de forma despreocupada e alegre. Como dantes.

O meu mais sincero e sentido obrigada!

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voltem!!!


coldplay fix you

25.2.07

Olá!

a.

a.

a.

Está aí alguém...?

ém

em.

mm.

[deixaram-me aqui sozinha.]

22.2.07

o anjo Charlie

Protesto. Com veemência. Para eles há-as de todos os feitios (mas sempre com cintura fina, não tenham ilusões...), loiras, asiáticas, africanas, com mamas como melões ou das que cabem numa mãozinha. Elas, coitadas (e alguns «eles», já se vê), ficam limitadas ao Charlie?!
No meio de uma panóplia imensa de namoradas, daquelas que estão caladas e não chateiam e que, segundo a Isabela, são umas belíssimas substitutas para os que não querem perder (ou ganhar...) muito tempo nas relações afectivas, descobri o Charlie. Boca entreaberta, penteado à totó, uma expressão quase tão viril como a do Ken. ‘Tá mal. Então nós não podemos escolher como queremos o nosso boneco de silicone? Tal como acontece com os homens reais temos que nos conformar com o resto do pacote quando nos encantamos com uma personalidade e um temperamento, como os de Charlie? É este o anjo-da-guarda formatado que criaram para tratar das nossas insónias?
Para agravar, parece-me que a pila dele está sempre erecta. Ora uma das coisas de que nós gostamos é de as ver esticarem-se só para nos verem melhor. Como às crianças, precisamos de as ver crescer sob a influência do nosso olhar. Assim não vale.

20.2.07

uma borboleta em Tóquio ou um bicharongo no meu quarto

Postados num canto, alongavam-se. O oblongo media uns bons 8 cm de comprimento por 6 de envergadura, patinhas encolhidas. O outro tinha área de ocupação equivalente, embora atarracado. Falava-se ao telefone em clics dos bons. Pensei explorar a vertente dos cliques onomatopaicos, esborrachando os melgosões contra a parede, mas fui falha de audácia. Ali ficaram, depois de ter fechado cuidadosamente a porta para que dormissem descansados.
De manhã, alguém os soltou (meninos...!!!). Via-os subir e descer, planando, um deles com uma bola de cotão pendendo das patas. Ignorei-os, adoptando uma atitude pseudo-respeitosa, tipo já cá estavam quando eu cheguei.
Estendi a mão para a maçaneta. Um deles, o gordo, esvoaçou à minha frente, precipitando-se na direção do meu rosto. Virei-me de sopetão, gritei rua! e corri para abrir a janela. O embate do joelho numa gaveta aberta atirou-me aos berros - elegantes, claro - para cima da cama. Agora, um hematoma de 10 cm de diametro decora-me a perna.
Nunca saberei que desvio do destino o meu andar manco irá trazer à humanidade. Mas sei que por vezes um homem faz falta ou, em alternativa, a minha avó.

19.2.07

desfasamentos sem acentos

Aos vinte, sentiamo-nos atraidas por aqueles cujos sonhos coincidiam com os nossos.
Aos quarenta, fascinam-nos os que tiveram experiencias diferentes.

17.2.07

A magia de ser mãe, ou talvez não...

É bom quando se ouve da boca dos nossos filhos:

"góto da mamã, qué dá beijinhos!" e vêm ter connosco com beijos repenicados.

Claro que todo este momento perde a magia quando, pouco depois, os nossos filhos olham para o caixote do lixo e dizem:

"góto do lixo, qué dá beijinhos!" e se preparam para, realmente, beijar o caixote do lixo.

...

15.2.07

o meu sonho

O sonho comanda a vida, já ouvi dizer uma vez ou duas. Todos temos sonhos a que nos agarramos, para prosseguirmos nesta vida ingrata. Pois bem, também eu tenho um sonho grandioso. Cuja realização fará de mim um ser mais leve, mais livre, mais limpo, quiçá ainda mais sonhador. Aguardo então pacientemente esse dia radioso. O dia em que vou olhar para mim e congratular-me por ter decidido fazer uma depilação definitiva.

14.2.07

Não escrevo muito bem no teclado. Só uso dois dedos e não sei onde as teclas estão se não estiver a olhar para elas. Às vezes olho para o teclado e escrevo. Quando olho para o ecrã não está nada escrito. Não havia nenhuma janela seleccionada. Não sei para onde foram as letras e as palavras e as frases. O éter do meu computador deve estar cheio de “factores” e “complexação” e “interacção” e “força” e "características” a pairar.


Será Rezar?

não

Blow job

Olhou ensonado para o ecrã do pc. Não, definitivamente o dia não lhe estava a correr da melhor forma. As palavras não fluíam, tinha a mente bloqueada para além do ponto em branco que agora fixava. Os seus olhos cinzentos sentiam-se cansados, esgotados, vazios daquela chama inspiradora que antes o trouxera determinado dias e dias a fio. Era ela, aquela figura esguia, que lhe vinha pouco a pouco penetrando os pensamentos, como se os sonhos já não lhe bastassem. Aquela mulher morena, de pele cor de chocolate, era uma interrupção surda na vida que outrora tinha sido pacata. Ia e vinha, de forma inconstante e sempre quando ele já não a esperava. Viria hoje? Hoje era um bom dia…

De novo olhou para as teclas que tinha à frente, todas diferentes, todas iguais. Letras e palavras e ele que hoje só queria um cheiro, um sentir, uma língua… Sentiu o monte a avolumar-se, era sempre assim que ficava quando pensava nela. Autónomo o membro impunha-se-lhe por entre as pernas. Desesperante! Desesperado deixou-se cair sobre o teclado, como se fosse um condenado a prisão perpétua. Ela libertara-o mas também o prendera e de forma irreversível…

Não ouviu a porta a abrir-se por trás dele, nunca se lembrava que um dia lhe tinha dado a chave que ela raramente usava. Só sentiu uma mão a passar-lhe pelos cabelos em desalinho. "Estavas à minha espera?", comentou ela a sorrir e ele sem saber como responder assentiu apenas, sentindo o cinzento dos olhos a fugir uma vez mais. Ela riu-se e virou-o para si. Ajoelhou-se entre as pernas e olhou para o monte que se agigantava ao ponto de quase o fazer lacrimejar de dor. "Time to set you free", era ela que tinha a chave, essa mulher cujos dedos ele agora sentia, desapertando-lhe o fecho das calças, puxando-lhe os boxers, e deixando surgir o membro orgulhoso, porta-estandarte do sangue quente que nele fervia. "É belo o teu amigo...", contemplativa a admiradora entusiasmava-se perante o portento da sua masculinidade. Era grande sim, era o seu orgulho de macho aparentemente igual aos outros, maior na sua nudez do que os outros todos em estado rígido (não que tivesse visto muitos nesse estado, entenda-se…)

Nada como uma mulher bela, de pele cor de chocolate, para exaltar o que de melhor possuía. "É lindo!", continuava ela mirando-o de todos os ângulos. "Invejosa…" pensou ele iluminado pela luz desse farol de cor escarlate que agora roçava nos cabelos da mulher morena. Era a hora dela, a vez dele, da nuvem que se levantava à medida que o ar se rarefazia à volta do seu farol e dedos. Os dele, e os dela, misturados em massagens circulares ascendentes. Eis que surge o primeiro sinal, e é ela que o colhe com a língua. Saboreia-o com prazer e sem palavras instiga-o a produzir mais… gotas que lhe escorrem numa cadência exponencial até atingirem um pequeno riacho de esporra que ela bebe sorrindo. "Mais…", geme sequiosa a bruxa que o enfeitiça, fada morena de dedos transformados em varinhas mágicas. Não é difícil satisfazê-la pois ele sente já as ondas que se aproximam do ponto de rebentação que deseja prolongar o mais possível, só para beber ele o quadro dela ajoelhada à frente do seu falo majestoso ejaculando. Abocanha-o agora ela, sugando desenfreada tudo aquilo que ele tem para lhe mostrar. Bebe o leite, líquido quente e espesso, batido, mescla, sumo, tudo… fluindo de um para o outro, em espasmos dolorosos de prazer marítimo!

A rebentação, libertação, deu-se e esse momento, esse curto, delimitado, celestial momento pairou num instantâneo que só serviu para que as palavras fluíssem novamente, como as gotas de esporra que ele ainda sente a deslizarem pelas suas coxas abaixo. Pena que ela já não esteja aqui para aproveitar essa réstea de esperança amordaçada que o remete de volta à prisão feita de sonhos e de pensamentos dessa mulher maldita que um dia poderá fazê-lo vir-se novamente…

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UM SANTO VALENTIM PARA TODOS




...I could be an organ donor, the way I give up my heart, but...

12.2.07

Odeio rótulos!

Sou distraída, sempre fui distraída desde que me lembro de ser gente. Na escola andava sempre com a cabeça na lua mas assimilava tudo o que a professora, para quem não estava a olhar, dizia para a atenta turma. Quando chegava a casa nunca mais me lembrava dos deveres. Nunca mais. Atirava a pasta para um qualquer canto do quarto e ia andar de bicicleta, ver as flores, ouvir os pássaros, trepar às árvores, andar de escorrega, baloiço, balancé, brincar na areia, jogar à bola, brincar aos polícias e ladrões, jogar às escondidas, brincar com as bonecas... qualquer coisa que me distraísse depois da escola. Nunca mais me lembrava dos trabalhos de casa até ao dia seguinte na escola quando a professora perguntava pelos mesmos. Levava três reguadas por não ter feito, e estava o caso arrumado. Ou estaria não fosse a mulher desatar a rotular-me.

No final de cada trimestre as professoras antigamente (não sei se a vocês também acontecia), enviavam uma avaliação que os pais tinham de assinar. Lembro-me sempre destas palavras “A Psy* é muito preguiçosa!”. Rótulo colocado trimestralmente. E os meus pais sempre a concordar.
Chegou a um ponto em que já não me esquecia dos deveres. Simplesmente optava por não fazer. Afinal de contas eu era preguiçosa, certo? Toda gente concordava. Se eu fizesse uma vez ninguém reparava, mas toda a gente reparava que eu não fazia. Toda a gente me rotulava como preguiçosa. Disso já não me livrava. Se assim era, mais valia tirar o proveito da situação e não perder tempo com deveres, tempo precioso para aproveitar o sol e brincar. Assim como assim as reguadas eram só três e, se fizesse os deveres e errasse, teria tantas reguadas quanto o número de erros no papel... mais valia ir pelo certo do que pelo incerto.

Por isto odeio ouvir pais a rotularem os seus filhos. Odeio estar a passear e ouvir coisas do género: “és sempre a mesma coisa nunca fazes nada bem!”... ouve-se tanta vez. Será que estes pais se apercebem do mal que estão a fazer aos seus futuros adolescentes e adultos?

Resumindo este post: Odeio rótulos!

*Obviamente o nome aqui foi alterado

Isto é o título o sub-título é que conta, porque na linha de título não me deixavam escrever tudo o que queria:

Estive para fazer um referendo para perguntar se havia de postar este texto ou não mas, vá lá, decidi que sim. Claro que o título ficou grande demais, mas não faz mal o importante é que esteja aqui escrita alguma coisa, ou então não, mas olha... adiante:


Ouvindo ontem, dito por um homem, à boca das urnas:

“Isto se o SIM agora ganhar a pílula do dia seguinte acaba... Então se acontecer algum acidente a tipa pensa: que se lixe faço um aborto!”

“Que se lixe faço um aborto”...

É assim que grande parte dos representantes do NÃO consideravam a questão. É uma coisa levezinha, uma decisão fácil. Vou ali fazer um aborto e já venho, porque aqui há dias rompeu-se-me um preservativo e não me apetecia nada pagar 3 contos por uns comprimiditos que até me fazem mal à figadeira... e dar cabo da figadeira é que não... vou ali fazer um aborto e já venho porque é muito mais fácil do que tomar uns comprimidinhos...

É este o povo que temos, é esta a mentalidade e, acima de tudo, é este o governo que, não tendo tomates para decidir, gasta cerca de 2,1 milhões de euros a perguntar ao povo:

- Então como é que é vamos tentar criar soluções para um problema que existe, e nunca vai deixar de existir, ou vamos fechar os olhinhos, deixar tudo como está e, de vez em quando, atirar pedras às pecadoras? (pecadores? não existem. Neste caso são só as mulheres que meteram ali dentro um ser humano, sozinhas, e agora o querem tirar de lá. MALDITAS).

Ora, a abstenção tornou o referendo não vinculativo o que, na minha opinião, é a grande maioria do povo a dizer:

“É pá, que se lixe, não tenho nada a ver com isso, eu nem sequer posso fazer abortos, quem se preocupe que decida que eu cá vou mas é ficar aqui à lareira que lá fora está um frio de rachar”.

O governo disse logo:

“Ah e tal, que isto se o SIM ganhar agente vincula na mesma”.

Então e se ganhasse o NÃO? Voltavam a fazer novo referendo daqui a oito ou nove anos? Deixavam ficar assim mesmo para o resto da vida? Como é que era? E não irão agora ter os tipos todos do NÃO dizer que não pode ser porque quem disse que SIM foi uma parte ínfima da população e, se formos a ver bem, entre o SIM e o NÃO não existe assim uma diferença de votos tão grande! Não estariam no seu direito se exigissem que não se vinculasse?

Enfim... é uma questão que me irrita solenemente. Parecemos um país rico que não tem mais nada que fazer ao dinheiro do que andar a gastá-lo em referendos. O quê? há desemprego? a segurança social está a meio passo de ir à falência? A sério? As pessoas estão infelizes? Se calhar é melhor fazer um referendo com a pergunta:

- É feliz ou não? Acha que o governo devia de usar os recursos para questões mais importantes do que os referendos, ou prefere ter de andar a tomar as decisões dos tipos que são pagos e responsabilizados pelo povo para isso assim de vez em quando, usando largos recursos do estado para isso mesmo?

Respostas:

Sou feliz, mas não concordo com nada do resto.
Sou infeliz, mas não concordo com nada do resto.
Sou feliz e concordo com tudo o resto.
Sou infeliz e concordo com tudo o resto.

Eu acho que sim, somos um país cheio de recursos e malta que se governa mesmo bem. Que felicidade!

10.2.07

Apresentações

Olá a todos,

antes de mais agradeço imenso o convite que a 100nada me dirigiu para escrever aqui, após eu ter ameaçado com tentativa de suicídio caso ela não o fizesse. Muito obrigado.

Agora passo às apresentações deixando um perfil meu para que me conheçam ligeiramente:

Perfil da Psy Chic:

Idade:

  • Entre os 0 e os 5 anos: às vezes
  • Entre os 5 e os 11 anos: Muitas vezes
  • Entre os 12 e os 18 anos: Não sei, não quero saber, tenho raiva de quem sabe, mas porque é que não me deixam em paz?!?!?!?!?
  • Entre os 19 e os 29 anos: Quem me dera!
  • Entre os 30 e os 40: Porra... Merda para estes pés de galinha! Já viram a quantidade de cabelos brancos que eu tenho?! Ali, ora, vêem-se tão bem!
  • Com mais de 40: Às vezes 80, outras 40 mas ainda para as curvas...

Ocupação:

  • Mulher, mãe, amante, profissional, doméstica, actriz, escritora, maquilhadora, cabeleireira, educadora de infância, ama, cozinheira, modista, gestora e tudo o que for preciso sempre que for preciso...

Localização:

  • Onde quer que esteja no momento em que esteja, de preferência pelo mundo fora se as finanças me deixarem.

Mais perguntas?

E agora vou reflectir porque hoje é dia disso mesmo.

8.2.07

All hands, stand by!

As más notícias primeiro. :(
Temos duas baixas oficiais aqui na SOCA. Uma delas já de há uns tempos, mas eu sempre a ver se haveria retorno...não.
Lamento informar que a Krassimira e a Teresa M. sairam da nossa SOCA.
Com imensa pena minha.


Entretanto estamos em fase de recrutamento de novas sócias, é já a seguir.

7.2.07

Ó Cilinha... da bola?

Ó mulher da minha vida não me arranjavas lá um guarda-chuva mais bonito? Olha até podia ser um com uns coraçõezitos pintalgados que sempre era mais jeitoso e assim como assim não há ninguém que não se derreta perante uns coraçõezitos a esvoaçar por aqui e por ali, quiçá não se arranjaria por aí um cupido para amandar umas setazitas por aqui e por ali para amansar os corações mais empedernidos!

Agora assim uma coisa dessas, ó cilinha... devo dizer-te que o meu coração balança desesperadamente entre os laivos de admiração tenaz e estes sobressaltos de desalento profundo! Não sei quanto tempo me aguentarei assim pendente destas tuas decisões arbitrárias e pouco caridosas para com a minha fragilizada pessoa!!

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3.2.07

ovulação

Penso pacifiquei, reaprendi a viver num registo mínimo. Mal-grado a minha temperança, dou por uma revolta escura de sangue quente. Acreditei que voltava a viver sem ser mulher, apenas aquele resto que me completa em pessoa. Regressava cordatamente à compartimentação de antes, de há tanto tempo que só lembrei pelo reconhecimento. Conseguia prosseguir mutilando uma parte, como quem resiste a tudo sem um pé, um rim ou o olfacto. Estava a funcionar. Recuperei concentração e vontade, a máquina ordeira e operativa do quotidiano.
Súbito, este rasgão pelo desejo. Uma vontade insana de te comer todo, todinho, sem passar pelo tempo em que dou cabo de ti. Vir-me contigo, a tua voz num gemido exangue mesmo encostado à minha boca.
Ou me manipulas à distância ou serei eu escrava das minhas hormonas.

A fundamental principle of freedom

Aquilo que é!


Cheguei aqui através do blog Sim no referendo e transcrevo estas palavras de quem sabe muito mais do que eu e com as quais concordo plenamente:

"The status of the embryo in the first trimester is the basic issue that cannot be sidestepped. The embryo is clearly pre-human; only the mystical notions of religious dogma treat this clump of cells as constituting a person.

We must not confuse potentiality with actuality. An embryo is a potential human being. It can, granted the woman’s choice, develop into an infant. But what it actually is during the first trimester is a mass of relatively undifferentiated cells that exist as a part of a woman’s body. If we consider what it is rather than what it might become, we must acknowledge that the embryo under three months is something far more primitive than a frog or a fish. To compare it to an infant is ludicrous.

If we are to accept the equation of the potential with the actual and call the embryo an "unborn child," we could, with equal logic, call any adult an "undead corpse" and bury him alive or vivisect him for the instruction of medical students."


Palavras que se podem traduzir como:

"O estatuto do embrião no primeiro trimestre é a questão básica que não pode ser ignorada. O embrião é claramente pré-humano; só as noções místicas do dogma religioso tratam este aglomerado de células como se este constituísse uma pessoa.

Não podemos confundir potencialidade com actualidade. Um embrião é um ser humano potencial. Pode, de acordo com a decisão da mulher, desenvolver-se numa criança. Mas o que é na actualidade durante o primeiro trimestre é uma massa de células indiferenciadas que existem como parte do corpo duma mulher. Se considerarmos aquilo que é em vez daquilo em que se pode tornar, temos que reconhecer que o embrião até aos três meses é algo mais primitivo do que uma rã ou um peixe. Compará-lo com uma criança é ridículo.

Se aceitássemos a equiparação do potencial ao actual e chamássemos ao embrião uma "criança não nascida", poderíamos, com igual lógica, chamar qualquer adulto como um "cadáver não morto" e poderíamos enterrá-lo vivo ou dissecá-lo para instrução de estudantes de medicina."

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2.2.07

A gaja desencartada – parte fooouuaassseee esta meudddaa toda!

É, houe tuinquei a uíngua! E como tuincaste a uíngua peuguntais vós peucupados com a saúue da minha uíngua? Foooouuuaaasssseeee!

Pois foi o gajo do autocarro da carris que devia tar atrasado por causa daquelas máquinas que há agora nas paragens e que dizem quantos minutos faltam pró gajo chegar e tunga! Não vai de modas e carrega-me no acelerador duma forma que eu que estava lá atrás naqueles autocarros compridos que se dobram assim ao meio, pois só tive tempo de me agarrar a uma senhora que lá estava para não cair e mesmo assim não me escapei da bela da trincadela na língua! Foooouuuuaaaassseeee! (E não a senhora não era nenhuma jeitosa nem a minha escorregadela foi propositada!)

Ó Cilinha filha, vais herdar uma gaja toda ós bocados quando acabarem estas cenas da minha vida desencartada!

13 days and counting…

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O pessoal anda a falar em assuntos tão sérios que nem tenho coragem de vir para aqui dizer que vou uma semana inteirinha para Paris...

HiHiHi...

Au revoir, pessoal...

porque os 0,00000000002% podem acontecer

Um belo dia, tinha aí uns 16 anos, fui ao dermatologista tentar resolver umas manchas na pele. O senhor deu-me um medicamento cor de rosa e eu perguntei-lhe
“_sotor, isto interfere co’a pílula?”
“_não menina, pode ‘tar descansada que este medicamento não tem qualquer influência sobre a pilula”
E eu fui pra casa, alegre e contente, continuar com a minha vidinha de pessoa de 16 anos.
Nessa semana, já não sei por que motivo, ocorreu-se-me dar uma queca, e, sendo eu uma pessoa por demais paranóica, usei um preservativo. Por alguma razão, o preservativo rompeu. E eu, sendo uma pessoa por demais paranóica, fui a uma consulta daquelas de planeamento familiar prá canalhada tesa.
Lá chegada contei a minha historinha e a médica desata aos gritos:
“_você é doida!!! esse medicamento corta totalmente o efeito da pílula, você nem devia andar a dar quecas nessas condições, porque o preservativo não é nada seguro… tome lá uma pílula do dia seguinte que lhe vai dar cabo da figadeira e não diga que vai daqui”

1.2.07

Quem já fez um aborto ponha o dedo no ar!

Quem faz um aborto não o faz sem pensar
Quem faz um aborto sabe bem o que é chorar
Quem faz um aborto demora muito a recuperar
Quem faz um aborto sabe bem como irá votar!

Eu já fiz um aborto. Custou-me mais do que os meus partos. Não o fiz por vontade própria, apenas porque as células resolveram parar de se multiplicar, mas o aglomerado tinha que sair e eu entrei no rol das que abortam via medicamentação. Alguém que me diga que fazer um aborto é tão fácil como tomar um comprimido e esperar que saia que venha dizer-me isso na cara! Tomei uma caixa de comprimidos e odiei cada um deles, mais as contracções violentas que despoletavam e as vagas de diarreias que me traziam agarrada ao ventre… esvaindo-me em sangue e em merda, literalmente!

Não há abortos fáceis e abortar nunca será banal!

Votar SIM não obriga ninguém a abortar!
Votar Não é atirar mulheres para a prisão!

Onde estão a tolerância, a caridade e a generosidade cristãs?

Onde estão esses todos que agora se insurgem contra as mulheres que abortam na hora em que elas mais precisam da sua ajuda? Querem porventura apedrejá-las em praça pública? Humilhá-las e desgraça-las mais ainda? Hipócritas são todos esses senhores que do alto dos seus pedestais nunca terão que lamber as feridas abertas dum ventre desfeito! É-lhes mais conveniente virar as costas e continuar a mandar-lhes pedras envoltas em palavras de condenação e violência!

A essas mulheres que sofrem em silêncio hoje daqui lhes lanço um apelo para que não percam a esperança ainda… e aos outros todos que não se compadecem perante o sofrimento de quem já viveu uma vida inteira e preferem centrar-se no presumível sofrimento de umas células que ainda não são vida, dêem graças ao vosso deus por nunca terem que passar por algo remotamente semelhante àquilo por que essas mulheres passam!

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Cilinha volta, tás perdoada!



Se há algo de que me acusam e que está até juridicamente comprovado esse algo é que sou de uma inconstância a toda a prova e dar o dito por não dito é meu mote e meu lema! Portanto enquanto umas dançam a gente vai dando outras voltas neste bailarico sem fim que é a vida.

O que vale é que as mulheres são todas um mimo e eu só me sinto bem no meio delas e aqui estou como peixe na água e junto-me ali aos peixes da cilinha a mirarem-na de alto a baixo e daqui deste aquário onde me encontro ó linda cilinha te digo que a peixaria não tá a fazer complot nenhum, estão é todos estonteados, diria mesmo esgazeados, com a tua ofuscante beleza!!

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