31.1.06

"QUERIAM NEVE E EU DEI-VOS NEVE"

Aquilo da neve foi tudo uma grande palhaçada e a mim bem me tinha parecido que uma coisa assim, a meio de um Domingo comum, não seria bênção dos céus.
Cheirou-me a esturro logo que ouvi falar em tanta neve por tanto Portugal fora. Quer dizer, não era dia de semana, não era de noite, não era Setembro. Não. Era Domingo, era de dia e era Janeiro. A conjugação perfeita para Portugal parar, sorrir e sentir-se mais como o resto da Europa. Sem outra forma de aproximação, não esteve nada mal lembrado, não senhor!

Nevou por todo o lado.
Até na praia!
E ninguém percebeu que era tudo forjado?
Ninguém viu os aviõezinhos a lançar os flocos? Ninguém?!
Eu vi!
(É que como aqui na terra não havia sequer nuvens, lançar flocos daria uma bandeira do além! Entretive-me a vê-los, aos aviõezinhos, passarem para trás e para a frente. Aterravam, carregavam, levantavam, nevavam. Foi assim durante quase todo o dia. Eram os mesmos aviões que por aqui andavam no verão a deitar água nos fogos. Agora, sem fogos para apagar, nada como inebriarem-nos as decepções com flocos de neve).

Na desconfiança, e a achar estranho tanto movimento aéreo, rumei à serra para ver a tal neve. Et voilá! Qual neve qual carapuça! Ou a neve cheira a nestum de arroz?

À noite liguei-lhe.
- Então engenheiro! Bela manobra!
- Ah pois é! Três anos e meio não é muito para pré campanha e disto ninguém se vai esquecer. Já me estou a ver a discursar: “ …e naquele domingo enfadonho em que nada mais alegrava Portugal, eu, eu!, eu dei-vos a neve!”.

o amor

Durante muito tempo tive a ambição de um dia viver no campo, tratar de um pomar e de uma vinha.
Olhou-o. Ele abriu mais os olhos e, num aceno de cabeça, o seu rosto interrogou-a, mudo.
Não te conhecia esse sonho, foi a explicação.
Eu já existia antes de te conhecer, respondeu (num tom levemente sarcástico).
Eu sei. Só digo que nunca mo contaste.

Durante o brevíssimo silêncio que se seguiu, ela constatou que ele lhe dizia muitas vezes que ou ela mudava muito ou havia sempre camadas novas por descobrir. Ele, tinha acabado de romper, po um instante, a opacidade já espessa da completa previsibilidade.
Era aí que devia residir o amor, pensou. O mistério prescrutado no outro nunca estivera em cada um deles, mas nessa entidade estranha a ambos.

30.1.06

(outras) consequências da falta de sexo

Ao fim de duas semanas tenho a testa toda escarafunchosa, cheia de borbulhas.

Retrato anónimo

Às vezes dá por ela a imaginá-lo morto e enterrado e ela viúva, com os filhos para criar.
Ou imagina-o a fugir, sem malas e sem roupa, deixando apenas um bilhete

"gosto de ti mas a minha paciência acabou"

Ela sorri enquanto pensa; e pensa que viveria sem ele. O que sobrevive agora, viveria depois.

29.1.06

Ordem nisto, ó table dancers!

Este blog não se escreve sozinho, minhas senhoras! Acredito que entre o Sporting (olé!), a miséria do Benfica (taditos, taditos...) e mais a neve e as compras, a coisa fique assim para último, mas amanhã é segunda feira, vamo lá a ver se escrevemos qualquer coisa, hein?

ass: a chefa.

Adenda: não foi lá muito amável pois não? (És uma bruta, filha!) Ora então aqui um sorrisinho e mais um ófaxavor e um équesãoasminhasmailindasdetodas e um postinhozinho, custa nada, válááááááá....! Senão ainda escrevo eu e eu NÃO POSSO AQUI ESCREVER POSTS, SABEM MUITO BEM!

27.1.06

Eles andam aí

ou
isto aconteceu-me porque eu mereço.

Acabadinho de sair do forno o post imediatamente abaixo deste, pego numa agenda cultural que aqui tenho dentro da carteira e procuro alguma coisa que me possa distrair. Verifico que a "casa da musica" tem uma boa proposta e decido tentar o site.
Para poder comprar bilhetes, sou convidada a registar-me. Mais um registosinho, mais uma vez eu escarrapachadinha na web, mas enfim, já este mundo e o outro tem o numero do meu telefone, de certeza, tal é o número de vezes que fui convidada a digitá-lo.
Estava eu muito sossegadita (e relembro que tudo isto se passou uns segundos depois do post anterior) quando

TCHARAN!



a primeira coisa que me pedem é o "título". Sem a hipótese "nenhum", deixo em branco e preencho o resto.
Não posso. A mensagem no ecrã é clara. Tenho que escolher um título e não posso não querer nenhum dos que me apresentam! Não me registo, claro.

Poposta

Proponho uma nova abordagem ao cálculo dos índices de desenvolvimento de uma nação.
A saber,
- para indexação ao índice de parolice e de subdesenvolvimento (mesmo que mental), proponho que passem a ser contabilizadas as pessoas que acrescentam deliberadamente ao próprio nome um título académico, as que insistem em ser tratadas por doutor (ou engenheiro, ou o raio que as parta), e as que se fazem valer do tal título para subordinarem os colegas de trabalho.
É muito lindo (lindo, e não bonito), receber correspondência assinada pela Dra. Marta Sobral, directora de marketing, ou pelo Eng. Carlos Abadia, responsável pela área de projectos do sítio tal. A partir de agora, quando receber uma carta dessas, vou responder e exigir um pedido de desculpas por não constar no destinatário, antes ou depois do meu nome, a referência “mãe, dona de casa, carregadora de sacos de compras, limpadora de rabos com cocó, e cozinheira”, e que, independentemente de eu ter ou não estudado muito, fazem de mim a pessoa que efectivamente sou.

Abomino especialmente as situações em que a hierarquia se constrói com base em letras (de acrescento ao nome) e não em ciências (do saber).
(Não gosta da palavra hierarquia mas isso é porque se calhar eu sou um bocado hippie)
Sei, porque vi, que eu sou como o tomé, que em muitos sítios por este país fora, e também noutros, um bocadinho mais pobres ainda do que o nosso, que uma parte do pessoal que manda bitaites (uma parte não é o todo) não percebe nada, mesmo nada, do que os tristes dos mandados fazem....

Este país não anda para a frente por vários motivos mas um deles é porque o nosso índice de parolice é uma coisa tão complexa quanto delicada:
“O senhor doutor fulano de tal precisa de falar consigo”
Se eu responder
“Diz ao Zé que eu já vou”
Estou lixada
Mesmo que para mim ele seja o Zé com quem eu tomo café todos os dias. Da porta do café para fora, o Zé, como acha que é mais do que eu, passa a senhor doutor José coiso e tal. Normalmente, a proporção que se lhe acresce no nome decresce-lhe em inteligência e é pena. O Zé é boa pessoa e se, em vez de estar sentado numa secretária a dar peidolas de sabedoria instantânea tentasse perceber como é que se faz um puré com batatas e deixasse o senhor doutor enfiado numa gavetinha, e aprendesse a tratar os outros de igual para igual, olhos nos olhos e sabedoria-na-sabedoria, então tínhamos coisa para andar. Não temos e é pena.

26.1.06

Para acabar de vez com as dúvidas


Creio que toda a gente está familiarizada com a imagem ao lado:



mas de vez em quando há sempre alguém que pergunta, então e aquela bolinha ali no meio, serve para quê? Pois serve para ir sendo manipulada e faz subir e descer as páginas. E pronto. Estou certa que toda a gente, com algum treino, conseguirá fazer subir e descer páginas sem qualquer problema. A partir daí fica o caso arrumado.
Está tudo esclarecido ou é preciso fazer outro desenho?

Ora deixa lá ver então se sei escrever sexo...

O sexo é uma actividade a que as pessoas se dedicam quando querem ter filhos, orgasmos ou dormir melhor de noite. O sexo normalmente faz-se entre duas pessoas mas pode ser com muitas ou só com uma mas aí as pessoas chamam outros nomes ao sexo, por isso já não é sexo. Para dar filhos o sexo tem de ser feito entre dois orgãos diferentes, um ovário e um testículo. Como o ovário está enterrado na barriga das pessoas e o testículo é uma bola mole e dorida, não se consegue ter filhos tendo só estes dois orgãos. Aí existem duas soluções, ou se vai ao médico e se faz a coisa com seringas, ou se dá uso a outros orgãos. Estes outros orgãos são os pénis e as vaginas. Um pénis é um orgão assim em forma de cenoura, banana ou pepino, de cor rosa-acastanhada e textura variável. A vagina é um bocado de carne com um buraco no meio. Quando o pénis está em modo textura dura, consegue enfiar-se e aguentar-se dentro do buraco de carne, e o testículo pode mandar os genes pelo pénis fora, que lá dentro eles já se conseguem encaminhar e chegar ao ovário. Os pénis e as vaginas não são muito bonitos, não cheiram muito bem e tendem a ter doenças e maleitas fácilmente contagiosas, mas as pessoas não têm nojo porque têm mais-valias. Uma mais-valia do sexo é o orgasmo. O orgasmo é bom e distrai as pessoas dos problemas da vida no geral e do sentido desta em particular e as pessoas gostam de ter orgasmos e por isso gostam de fazer sexo. Outras mais valias do sexo incluem ter filhos, dormir melhor e aquecer os pés. Um dos problemas do sexo é a desigualdade de direitos. A localização do centro fazedor de orgasmos está localizado no pénis e aos homens basta fazer sexo para os ter. Mas nas mulheres o centro fazedor de orgasmos está localizado fora da vagina por isso é mais dificil de convencê-la de que ter uma pila feia, mal cheirosa e passível de ter doenças dentro dela é boa ideia, principalmente se a mulher não quiser ter filhos, já tiver os pés quentes e não sofrer de insónias. Uma boa maneira de convencer uma mulher de que o sexo é boa ideia é amá-la.

25.1.06

Obrigada

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Em nome de nós todas, o nosso muito, muito obrigada pelas vossas visitas.

Girls!!!! Digam qualquer coisa. Estou sem palavras
.

*Desde 15.10.2005

100 nada said...
Credo! Hum...obrigada, digo
.

24.1.06

Escrevo

"contingências financeiras" num relatório de trabalho.
Farto-me de rir, claro.

23.1.06

Da futilidade e sua continuação...

Ela era tão boa de cama, tão boa, que cedo se transformou em colchão.

competição

_Gosto de ti: montes.
_E eu... serras!
_Cordilheiras...
_Pois eu, gosto de ti como daqui até ao fundo do oceano, só que em positivo.

Já corrigi

Tinha aqui um post todo catita com um link para uma notícia do público.
Era assim:

Será
que quando fizeram estes cálculos (e estes cálculos estavam lincados para a tal notícia), sabiam que hoje estaríamos no rescaldo de ontem? (e ontem estava lincado para onde está agora).

Mais:
O que eu gosto mesmo é de contrariar estas teorias absurdas do "dia mais deprimente do ano". Portanto, vou-me auto-insuflar de boa disposição. Ainda por cima está um dia lindo.

Se não era isto, era parecido.
E faz de conta que o link ali de cima que não funciona (mas devia funcionar se não fosse preciso pagar para ler a tal notícia), dava para aqui:

"Investigador britânico conclui que hoje é o dia mais deprimente do ano - Conjugação de seis factores faz com que 23 de Janeiro possa ser uma data muito má para muita gente"

hoje sofro de hipersónia

A porção da noite passada que escapou à minha insónia foi passada com uma companhia na cama. O meu filho mais novo irrompeu pelo meu quarto, com uma expressão muito aflita. Disse-me que a caminha dele não estava a servir. Tinha que vir para a minha, porque estava cheio de tosse. A cada ímpeto, a cabeça dele elevava-se e ele voltava-se para mim com um "ó mãe..." pungente. O corpo dele encolhia-se mais nas dobras do meu.
Ficou a sobrar-me muito sono. De manhã, já medicado, tudo parecia regularizado e ter-se tratado de mais uma crise alérgica. Foi bem disposto para a escola. Acabei por ter que ir buscá-lo, a meio da manhã: estava com dificuldade em respirar. O carro não pegou e fui a pé (quase a correr). Depois desta pausa, aerossois e vapores.
Ter filhos tem este lado: há sempre a espada suspensa, ali em cima. Não a abanem.

22.1.06

E ELA

Em quem terá votado?

21.1.06

É que eu, o vermelho, desculpa lá,

mas assim fica, por um lado, mais adequado à data e, por outro, a luz não faz tanto mal aos olhos...

Diário de Notícias, 20-1-05
(Obrigada Nelson Santos)

"A Intimidade na Amizade"

"Ele encontrou alguém com quem pode falar, pensei. E eu também, pensei a seguir. No momento em que um homem começa a falar de sexo a outro, está a dizer alguma coisa acerca de ambos. Noventa por cento das vezes isso não acontece, e talvez seja melhor que não aconteça, mas se não conseguirmos alcançar um certo grau de franqueza no que respeita a sexo e optamos por proceder como se nem sequer pensássemos nisso, então a amizade masculina é incompleta. A maioria dos homens nunca encontra um amigo assim. Não é comum. Mas quando acontece, quando dois homens se descobrem de acordo sobre esta parte essencial de ser um homem, sem medo de serem julgados, aviltados, invejados ou dominados, seguros de que a sua confiança não será traída, a sua relação humana pode tornar-se muito forte e nascer uma intimidade inesperada."

Philip Roth, in 'A Mancha Humana'

20.1.06

Ó prá gente, todas giras!

A nossa Soca é "um blogue colectivo e onde homem não escreve. Só lê. Coisas destas:"

e a seguir o post sobre as eleições ali em baixo, da Maria Rita.

Isto no DN de hoje, página 16, e não é na culinária nem no correio sentimental: é na parte das eleições mesmo! :) Ora viram?

Um grande obrigada ao João Morgado Fernandes.

DPPD *

Uma data de pessoas (homens e mulheres) que eu conheço anda a passar por um processo que consiste no seguinte:

- Desentendem-se com a/o parceira/o;
- A coisa acaba por chegar a um fim;
- A pessoa e respectiva/o parceira/o passam ao estatuto de Pessoa Provisoriamente Disponível;
- A partir desse momento, passam a moer o juízo a todos os amigos que estão ao alcance, sobre a falta de existência de Pessoas Disponíveis que eventualmente pudessem servir de futura/o parceira/o;

Está a parecer-me que tudo isto precisa de uma organização melhor, pelo que proponho desde já que cada Pessoa Provisoriamente Disponível, antes de passar a essse estatuto ou imediatamente após, deposite por favor a/o sua/seu ex-parceira/o, num DPPD a criar para efeitos de maximização de uma eficiente circulação de todas essas Pessoas Provisoriamente Disponíveis

e também para que deixem de massacrar toda a gente.

* Depósito de Pessoas Provisoriamente Disponíveis

Descobri

que não tenho paciência para gatas no cio.

19.1.06

Olha, azareco!

As três raparigas giríssimas despedem-se à beira do passeio. Ainda estão na fase do que bom que foi, gostei tanto de te ver e a contar as últimas histórias que se esqueceram durante as horas que passaram à mesa; coisa para mais meia hora, pelo menos, portanto.

O carro a sair do estacionamento em marcha-atrás toca numa delas. Ela bate nele com a carteira enquanto diz OH! OH!; afastam-se as três e o carro lá trava. Elas esquecem-se dele, mas ele não se esquece delas. Pára ao lado: não as queria atropelar, diz o condutor já entradote, de gel no cabelo, olho em bico e baba a escorrer, mas é que não as vi mesmo. Claro, responde uma delas e volta-se para as amigas.
Ele insiste, a baba a escorrer pelo vidro da janela meio aberta: seria um desperdício...
Elas voltam-lhe as costas e encolhem os ombros. Ele, finalmente, lá percebe e arranca de olho no retrovisor.
Estampa-se de encontro ao semáforo à frente: não foi um desperdício.

18.1.06

Homens

Eu acho que os homens se dividem em duas categorias: o Meu e os Outros. O Meu têm a obrigação moral de ser perfeito (para os meus standards, obviamente): tem que ser sexy, másculo, romântico e bem humorado. Não pode deixar a sanita pingada, pelos na banheira, a louça por lavar ou a roupa espalhada no chão. Tem que fazer metade das tarefas domésticas ou mais, tem que me amar e o mostrar e não pode dar erros ortográficos. Tem que ter umas luzes de electricidade, dar uma mão na mecânica e saber usar ferramentas. E tem que ser bom na cama.
Claro que o bom senso dita que uma eventual louça por lavar pode ser desculpada com duas dúzias de rosas, ou que a sua metade das tarefas domesticas pode ser substituída por um salário chorudo que pague a uma pessoa que as faça, mas no geral, se estes requesitos não forem cumpridos, vai haver gritos, insultos, queixas, mau feitio e eventualmente cessação de contrato.
Quanto aos Outros homens, os que não são o Meu, não quero saber se são românticos ou sensíveis, se mijam no bidé, se deixam um mar de pintelhos na banheira, se só limpam a casa em ano de eleições ou se se sentam à espera que caia comida no colo. Gosto deles se forem simpáticos e bem dispostos, não gosto se forem arrogantes ou cromos. Parece-me fácil.

Nenhum deles me convenceu

e não acredito que nenhum deles seja capaz de o fazer nos próximos três dias. Já nem sequer tenho paciência para os ouvir, quanto mais para me deixar convencer!
Sigo por outra via. Presidente que é presidente tem que ter uma primeira-dama à altura. E não é que nesta perspectiva tudo se torna tão simples?

Ou

PORQUE É QUE VOU VOTAR MANUEL ALEGRE NA PRÓXIMO DOMINGO:

A senhora Cavaco é um bocadinho corcunda e vai atrás do marido para todo o lado. Não terá postura, nem tempo, (nem iniciativa), para ser uma verdadeira primeira-dama.

A senhora Barroso é uma Senhora, uma Senhora com letra maiúscula. Veste-se lindamente, tem bom ar e diz coisas acertadas. Deve usar cremes caríssimos o que só augura em seu favor. Mas não lhe vejo estaleca para viagens, compromissos a desoras nem para emoções fortes na cova da moura.

A senhora De Sousa só pode ser operária. O cabelo não engana. Aliás, para o senhor De Sousa o verdadeiro trabalhador é o trabalhador operário. A senhora De Sousa não vai querer abandonar o barco e as colegas só porque o marido é presidente. O povo quer-se unido.

Não conheço a senhora Pereira. Nem sei se quero conhecer.

A senhora Louçã não vai com o marido para lado nenhum. Quando por acaso vai, segue na sombra. Não pode! Mulher de presidente anda ao lado do marido! Ah! E tem uma actividade profissional da qual não abdica. Não pode! E a caridade? E a obra social? E as viagens oficiais?

A senhora Alegre é um miminho. Tem um ar tão doce, tão feliz… Aposto que anda pela casa em bicos dos pés e que usa um avental grande com folhos, que faz bolinhos e chás para o lanche e que se preocupa com os detalhes. Gosto dela, pronto. Com ela o palácio vai estar sempre um brinquinho, haverá sempre um cheiro a pão acabado de cozer e nem o jardim será descurado. Terá tempo para se dedicar a mil e uma causas e acompanhará o senhor Alegre para todo o lado. De certeza.
(E os gémeos? Ai que fofos!)


(Porque é que a senhora Sampaio não se candidatou? Ela é que ganhava isto com uma perna às costas)

uma virgem e seus pénis

Um dia deixei um comentário sobre a perda de virgindade que fez muita gente dizer: conta, conta. Na altura não me apeteceu. Cá vai agora de forma resumida:

O primeiro pénis que senti tinha mais de 20 cm e era gelado. Sim, gelado. Aquilo impressionou-me. Como não tinha termo de comparação pensei que todos os pénis eram gelados. Verdadeiros cubos de gelo. Detestei a sensação. Como o pénis tinha mais de 20 cm e era tão grosso que eu não conseguia contorná-lo com os dedos, decidi que aquele não entrava em mim. Porque isto, caras amigas, é assim: uma pessoa quando deixa de conseguir escolher com quem perde a virgindade, passa apenas a poder escolher com que pénis o fazer, então mais vale fazê-lo com um pénis maneirinho, do que com um que nos rebente todas. O dito pénis nem entrou em mim, nem voltou a ver-me.
O segundo pénis era mais maneirinho, ainda que fosse grandote (tinha uns 17 cm). Mas não era tão grosso. Só que era mole. Não conseguiu entrar, nem à primeira, nem à segunda, nem à terceira e eu acabei por desistir. Porque essa coisa do "não te preocupes, acontece a todos, eu espero", é muito bonito quando acontece assim de vez em quando...
O terceiro pénis era maior, entre o primeiro e o segundo mas, era maricas. Desistiu.
O quarto pénis tinha uns 5 cm e era fininho. Parecia um dedito. Olhei para ele, fartei-me de rir e mandei-o ir procurar alguém com menos experiência que acreditasse que aquilo era normal, o que o confundiu uma vez que eu dizia ser virgem. Lá se foi.
O quinto pénis tinha uns 15 cm, se calhar nem lá chegava, mas era suficientemente grosso para ser satisfatório. Lá entrou e lá fez o servicinho como deve de ser. De tal modo qua acabou por ficar a fazer o serviço por mais três anos, o que acabou por ser uma surpresa agradável.

E pronto. Foi a história de uma virgem e seus pénis.

17.1.06

comentários

Na Sociedade Anónima, cada autora decide o que fazer com a sua caixa de comentários.
Habitualmente, as caixas de comentários estão abertas. Se temos as caixas de comentários abertas, é para comentarem.
Comentar não é, no entanto, um exclusivo dos nossos leitores. Nós também comentamos. Comentamos os posts e respondemos aos comentários. Tal como vocês.
Podem comentar à vontade: ninguém disse que não o fizessem. Aqui há direito de resposta. Cada um defende o seu ponto de vista. Isso é bom.

16.1.06

Farta de ser loira

Vou cortar esta cabeleira de gaja boa e pintar de uma côr inteligente.
(ò Krassy, amiga, isso do nariz novo, é onde mesmo?)

You can keep your old nose on

(Blogger em transe)
Acabo de chegar da casa de uma amiga que mudou de nariz. Pelo menos tudo me leva a crer que há-de lá estar um diferente por debaixo daquela montanha de ligaduras. Nem me atrevi a perguntar se ela estava bem. O facto é que não estava doente, mas bem não podia estar. Não pode. Começam a insinuar-se umas manchas negras à volta dos olhos e aqueles tubinhos não inspiram nada de bom. Por acaso até acho que ela tem muita vontade de dar uns valentes gemidos de dor, mas está caladinha. Primeiro porque está toda entrapada e depois porque não pode dar "parte de fraca". O protótipo do novo nariz era francamente bonito e espero que não fique decepcionada. A bem dizer, já ninguém a podia ouvir queixar-se do nariz horrendo. Quando decidiu fazer a operação plástica, todos respirámos de alívio, fartos daquele tema recorrente de conversa.
Agora está ali toda empalhada, mas suponho que esteja feliz (pelo menos enquanto durar o analgésico....). E se lhe dá vontade de tossir? Ou de espirrar?
Como graçola, levei-lhe uma miniatura da Cleópatra embrulhada numa embalagem de perfumaria. Garanto que nunca na minha vida me arrependi tanto de oferecer alguma coisa a alguém: a vontade de rir foi tanta que ia estrebuchando por detrás daquelas ligaduras e tubos.
Acho que ainda vai levar algum tempo até conseguir pôr o pé fora de casa. Até lá, julgo que não vai querer olhar para nenhum espelho.

14.1.06

ESCOLHAS

A uma semana das eleições, só sei em quem não vou votar.
Falta-me decidir em quem voto.

Trocado por miúdos

é nesse instante de manhã exactamente entre a nuca e o interior das coxas que me acorda o querer-te assim indolente. manipulo o teu corpo a saque ao ouvido do sono.
mas eis que somos quatro na cama e o anseio trocado por miúdos em ternuras serenas.
conservo o calor aqui. exactamente aqui. entre as pernas. quase doloroso.
até logo, meu amor.

13.1.06


Roy Orbison, Pretty Woman

é giro...

acabar de escrever qualquer coisa num caderno a lápis e, de indicador em riste, procurar a tecla enter...

12.1.06

Hey, hey, clity

Apelido: Durão!
O nosso menino,
de olhar cristalino,
(esta é só para rimar. com o nome... ahh!!)
(qualquer coisa acabada em ão)
Ai ele é tão bão,
é tão clitorino.

Fiquem sabendo que o nosso Clitorino não nos abandonou, meninas. Está em estágio, a treinar para o triatlo. Com a equipa. Pois. E com as meias Lassie.

(Clity, nunca deixes de usar as meias Lassie. Absorvem a transpiração e tu tens que te precaver; olha o pé de atleta. Se alguma se romper, já sabes que podes contar comigo: o meu kit de costura está à tua inteira disposição.)

no parque

Uma altura costumava ir com uma amiga minha para um parque muito grande e com muita relva e muitos recantos ajardinados. Iamos pra lá ler, conversar, escrever e comer sandes quando nos dava a fome. A todo o nosso redor, era um sem fim de casalinhos que, em pleno dia e à vista de toda a gente, se lambiam e mordiam e enrolavam uns nos outros. E nós não conseguíamos deixar de nos indagar se, se em pleno dia aquilo já raiava os limites da pornografia, ao cair da noite aquilo não seria um motel gratuito e sem tecto. No entanto, um dia que nos deixamos ficar até mais tarde tivemos a nossa resposta: ao por do sol, os aspersores saíam e começavam a regar todo o parque. Desde então que sempre que me passeio num jardim e ligam os aspersores penso comigo mesma "olha, lá ligaram o sistema antiqueca"

10.1.06



(...)
O Roma, Roma, at thy feet
I lay this barren gift of song!
For, ah! the way is steep and long
That leads unto thy sacred street.

(...)
Rome Unvisited
A poem by Oscar Wilde

Equilíbrio?!

O inferno particular de cada um, é apenas aquilo que os outros lhe desejam.

Desde que me lembro que gosto de ler.

Gostava tanto de ler que ficava acordada até tarde, que lia às refeições, que fingia doenças só para poder ficar em casa, sossegada a ler. Às vezes os meus pais vinham controlar se eu não estaria a ler à meia noite ou a ler doente ou a ler em vez de estudar. Por isso tive de aprender a fingir que não estava a ler. Escondia os livros de ler no meio dos livros de estudo quando estava a fingir que estudava, e debaixo da cama quando estava a fingir que dormia ou que doía. Mas os meus pais suspeitavam de alguma coisa porque iam verificar debaixo da cama se não estaria por lá um livro perdido, e eu comecei a aprender a esconder os livros na estante, onde eles não procuravam.
Uma vez tentei ler nos intervalos dos exercícios de matemática na escola, mas a professora puxou-me as orelhas e desisti. Às vezes os meus pais iam à casa de outras pessoas, e eu ia tambêm, e gostava mais ou menos de ir conforme a biblioteca que as pessoas tinham. Gostava muito de ir a casa da tia M. que tinha banda desenhada, e da tia S. que tinha romances, mas o que eu gostava mesmo de fazer era de ir a casa da tia O. a pessoa mais feia e com mais mau feitio do mundo, mas que tinha um sotão recheadinho de livros (e que também fazia compota de maçã).
Livros é a melhor prenda do mundo. Há livros aos montes para os que gostam de ler, e há livros com poucas e nenhumas letras para os que não gostam. Há livros em ouro para os que dão valor ao valor, há livros em segunda mão para os menos abonados, e há blogs que se podem agrafar para os tesos de todo.
Acho que o pior castigo do mundo deve ser estar preso e não saber ler.

Latente...

Tenho tantas palavras presas na mudez do coração.

Quando se ama

Quando se ama compreende-se e aceita-se. Por vezes a distancia dói, mas tem de aceitar-se. Aceitam-se os "espaços" e os "tempos". Aceita-se o "ser" e o "estar". Até aquelas coisas que irritam são aceitáveis (ainda que não deixemos, nem devamos deixar, de tentar corrigir). Quando se ama tentamos ser mais perfeitos (sabendo que a perfeição não existe, mas existe a correcção). Mas, quando se ama, nunca, nunca, nunca, devemos deixar de ser aquilo que somos, aquilo que mais gostamos de ser, só porque isso incomoda a pessoa que amamos. Porque, antes de tudo o resto, temos de nos amar a nós próprios, temos de nos sentir bem connosco.

Basicamente, amar é uma merda.

9.1.06

Pst Pst

Patroa? ?? Anda por aí???
Aquela coisinha verde tipo árvore ali à direita? "Tá" a ver?
Aquilo parece-me já um nadinha requentado.
A patroa desculpe, mas ando em fase de ressaca das festas e já não posso ver presépios ou árvores de Natal fora de época. Ou seja, requentados.
Qualquer luzinha que ainda veja a piscar só me apetece dar-lhe uma pantufada.
Olhe, é como comer bolo de noiva fora dos casamentos, bifes aquecidos no micro-ondas ou azevias no Verão.
Beijinhos e obrigada
Krassy

7.1.06

quando ouço música, eu danço

Se gosto, é amor. O amor tem muitas formas e aplicações. Alteridades, também. No que o motiva estão causas várias; podem nem ser discerníveis.
Frequentemente, a admiração por um talento enrola-se no meu amor por alguém. Talentos, há-os como há chapéus. Tenho uma amiga que faz as saladas de fruta mais bonitas que já saboreei. Outro amigo não permite que qualquer tristeza se instale nos seus interlocutores, à custa do seu inesgotável sentido de humor. E há aquele para quem todas as mulheres são muito giras, o que, convenhamos, é um talento visual precioso.
Entre todas as pessoas que despoletaram em mim tal sentimento, encontro talentos daqueles mais conspícuos, como o literário, o artístico, o musical. E os talentos subtis, que se descobrem facilmente com um pouquinho de atenção.
Acontece que as pessoas que amo me decepcionem, magoem ou destratem. Como é óbvio: é uma premissa possível em qualquer relação. Zango-me muito. Nestas alturas chego a pensar que nunca mais. Acabou, pronto. Já não me é permitido gostar.
Até que a manifestação do seu talento particular me chega, de modo directo, discreto, ou quase subliminar. E eu não resisto a sentir-me grata: por ter podido conhecer, de perto, aquela pessoa e por continuar a sentir um prazer trazido pelo seu talento. Tudo passa, então, e penso:

Sabes que não gostei. Que gosto sempre de ti.
Já tinha saudades tuas.

contenção

Tanto contido em mim. Tanta coisa a ter que sair cá para fora. Sensação de falta de ar, eminência de uma explosão.
Tenho que evitar comer leguminosas.

6.1.06

Será que os deuses estudam omnisciência na escola?

em piloto automático

Hoje está um dia como não há noite igual.
Até o cabrão do mar está inchado. Se calhar é da maré alta.

(tá bom assim, chefa?)

não sei se já vos aconteceu...

contar a alguêm uma coisa que se leu num blog desconhecido, como se tivesse sido uma história real passada com uma amiga real...

Andem lá com isso, óóó!

Pensam que isto se escreve sozinho, é? :p

5.1.06

Mais ou menos a ver com o post de baixo

Ora vamos lá esclarecer os leitores e até algumas leitoras menos conhecedoras da natureza feminina:
- as mulheres, quando estão chateadas, não é só por
1. estarem com o período
2. andarem a ser nada, pouco ou mal fodidas
3. não terem ainda conseguido comprar todos os sapatos giros existentes no mundo.

Há outras razões (quando me lembrar quais são, volto cá).

uma teoriazinha

facto 1: uma gaja quando 'tá com o período retêm liquidos, o que se nota mais ali pela zona da barriga
facto 2: uma gaja quando retêm liquidos ali pela zona da barriga vai muito provavelmente verificar que a roupa não lhe serve ou lhe assenta mal

teoria: as gajas andam com mau feitio quando 'tão com o período porque acham que estão gordas...

Eu

Quem não sabia que os preservativos se podem meter no IRS como despesa de saúde desde 2002 diga eu.

considerações de uma bordadeira

quem faça a apologia da motricidade mínima e da manualidade. A exortação para esta prática faz algum sentido, teoricamente, já que ela providencia alívio rápido com economia de meios; para quem sente um apelo pela dimensão estética, less é, de certo modo, more.
Eu acho, no entanto, que esta solução apresenta algumas desvantagens, além da falta de peso. Está bem, é verdade que a motricidade mínima e a manualidade não nos deixam pior que fodidas, nem nos fodem o juízo. Mas, por outro lado, não propiciam a companhia, tão docemente presente, dos traques malcheirosos debaixo dos lençóis, nem dos beijos matinais de hálito azedo. E sobretudo, não fodem, tout court.

4.1.06

post scriptum

não. não esqueço o carnaval de 77. a tua morte a meio dos peixinhos da horta (o telefone nunca tocou a esta hora) admito caiu-me mal. (assaltado pela urgência de esquecer. não quero ouvir. detesto partidas) mas eu sei que te pesou o meu anseio de colo na tua falta dele. eu sei (não quero levantar-me. esqueçam-se de mim. tenho vergonha desta fome acossada) lamento. eu não peço mais. fica agora só (não vás já. senta-te aqui comigo a vê-los chorar) este desejo de não ter regressado mascarada da tua morte. desejo (sem ti não sei aprender) de parares de morrer de vez (pai)

As doze passas

Pá...roda lá isso!!!

3.1.06

Kilroy Was Here

textos requentados não devem ser servidos

Considerações de ano novo

Não desgosto do ano novo e das celebrações que se arrastam com a entrada deste porque deve ser das poucas datas no ano que todos se sentem quase obrigados a fazer qualquer tipo de celebração, e isso é bom porque volta e meia um gajo prefere ficar em casa no quentinho com as pantufas e o pijama e acaba por não ver o mundo. O que me aborrece nas celebrações de ano novo é aquela obrigação que parece pairar por sobre as pessoas de se divertirem duma determinada maneira e de irem para essas diversões vestidos de preto e brilhantes e com muitas lantejoulas. E aborrecem-me os euros que se gastam para se irem divertir da maneira socialmente aceite e os euros que se gastam nas tais roupas pretas e brilhantes e com lantejoulas que são invariavelmente feias, desadequadas à temperatura da noite em questão e que mostram a banha toda. Às vezes gostava que as pessoas fossem um bocado menos temáticas.

Primeira lição do ano: uma gaja, quando é boa, não precisa de gastar muito dinheiro em roupa, basta mostrar decote. Inversamente, uma gaja em não sendo boa nem gira, se gastar dinheiro suficiente, pode disfarçar.

2.1.06

duas rimas estúpidas

Descia a rua, de carro. Do meu lado esquerdo, a cooperativa de habitação económica Sonho de Abril. Arquitectura sem qualquer vigor revolucionário, nem frescura primaveril. (Olha, rimou. Tenho que me cuidar, para não acontecer muitas vezes. Não tarda, começo a escrever sonetos.)
As gotas traçavam linhas transparentes sobre o pára-brisas embaciado. Os meus olhos fitavam os traços descendentes e os coágulos de água de formas arpianas. Nestes, repetiam-se os fragmentos de asfalto, de relva mal amanhada e de janelas, paredes tristes e passadeiras, na mesma deformação convexa.
Só pensava: porcaria de tempo. Lá fora, céu cobalto pálido com nuvenzinhas violeta; não pára de chover, aqui dentro.
Passei à esquerda do sonho mau e então a estrada rachou. A água do rio à minha frente.
Lisboa é assim: uma gaja pode até estar num fim do mundo, que todas as águas escorrem para um Tejo ao fundo.

1.1.06

ressaca

Hoje começou um novo ano. Podia deixar-vos aqui os meus votos disto e daquilo, e tal. Mas, infelizmente, perdi o meu cartão de eleitor.

2006



para evitar despedimentos...

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