31.10.06

Toma lá abóboras!



Eu cá já vesti as minhas vestes negras, pintei a cara de laranja e pus um chapéu bicudo! E mesmo que não seja nada assim, e que esta tradição não seja nossa, eu hoje tento essa irmandade remota com as bruxas invocadoras dos mais poderosos espíritos. Dizem que esta noite é a mais propícia ao contacto dos seres do além com os seres do aquém. E eu aqui me sento, à espera que eles venham, que me dêem um sinal da sua inequívoca presença!

Olha já vejo ali uma pintinha a piscar! Será um espírito que me veio visitar? Hummm… não, é mesmo só sujidade! Apesar das velas e das vestes, não me sinto nada iluminada hoje! Ó espírito céptico este meu, não me sinto indutora de conversas paranormais! Tenho uma curiosidade enorme em relação ao oculto, aos poderes que invocam quem serve o lado mais negro da espiritualidade. A escuridão aterroriza-me e fascina-me em partes iguais mas em momentos felizmente desencontrados (senão dava em maluquinha!)

Quando penso em festas pagãs dá-me sempre para descambar nos bacanais, nos fogos de Beltane, nas festas de celebração da deusa, ela sim omnipotente e omnipresente na forma da terra mãe. As mulheres que se entregavam aos prazeres da carne, que se davam a desconhecidos possuídos que as perseguiam nessas noites de carnalidade e sensualidade extremas… mas acho que isso não tem nada a ver com esta noite de hoje!

Eu bruxas não conheço nenhuma. Pessoas que dizem que falam com espíritos conheço algumas… e mulheres que se entregam aos prazeres da carne nos braços de estranhos… ai pois! Isto hoje não passa muito para além disto… ó noite, ó luar, ó cacimba, ó que me caia já aqui uma abóbora em cima para ver se desperto deste modo indecente de estar e de viver!

(E não é de cócoras que nos encontramos não ó sr. zé, que nós aqui fazemos as pegas todas de caras!)

Mais apropriado para esta noite

"Tyffany wondered if the witch could read minds.
'Minds? No,' said Mistress Weatherwax, climbing onto her broomstick. 'Faces, yes. Come here, young lady.'
Tiffany obeyed.
'The thing about witchcraft,' said Mistress Weatherwax, 'is that it's not like school at all. First you get the test, and then afterwards you spend years findin' out how you passed it. It's a bit like life in that respect.' "

Terry Pratchett, "The Wee Free Men"

Mas então?!

Ó Cilinha! Isto tá um bocado escasso de abóboras, não?

“Et tu Brutus”?!?!

Ahh não, de ti não aceito essa questão!
Sexo é uma festa! Sexo é uma arte!
Sexo é vida e também uma morte!

Aceito a tua abnegação… mas não tem que ser assim!
Por vezes aceitamos porque tem que ser, porque não temos com quem fazer…

Mas sexo para quê?! Para celebrarmos os nossos sentidos!
"Sexo é animal", fenomenal, cósmico, astral!

É um choque eléctrico! É a desempanagem geral!
Sexo sempre, no máximo, muito e muito…
Contra o atrofio, contra a falta de inspiração…
É uma aspirina para os sentidos e uma forma de prevenção!

É um abre-tudo! Abre mente, abre coração, abre corpo, abre tesão!
Não aceito que baixes os braços assim minha irmã… aqui não!

As aventuras de João-(ai! não é João)-sem-medo

Este blogue cheira tresanda a fluídos. Sexo e sexo e sexo.
Meninas: Eu, enquanto não perceber que raio se passa para cá do equador não tenho tempo para mais nada. É que nem sexo.

Apanhei a história a meio e segundo percebi, um senhor escreveu um livro (bom, que eu li e gostei e até tinha umas cenas de sexo bestiais) e agora veio outro senhor (presume-se que seja outro) dizer que o tal livro não passava de um plágio a um outro que até era citado no primeiro como fonte de pesquisa. O "acusador" tinha um blogue onde explicava o plágio tim-tim por tim-tim.
Depois, no fim-de-semana passado, o senhor que escreveu o livro e que é acusado de plágio, defendeu-se (mal) e disse que cagava nos blogues e nos anonimatos e tal e tal.
(Nunca leu este, de certeza).
Entretanto, o tal blogue muito negro onde o plágio era posto a nú, transformou-se num cândido e alvo blogue que só diz maravilhas do livro do tal senhor que jura a pés juntos que não plagiou ninguém.
Mas não é só! O blogue da escuridão renasecu das trevas numa morada duplicada e reproduz o primeiro maldizente dizendo que se limita a citar o que outrora foi dito por outro.

Eu pago os meus impostos todos.
Exijo uma explicação.
Já.

Sexo? Para quê?

O triste destino do Capitão Cueca

(Nada a ver com o Capitão Cuecas do Dav Pilkey que é um tipinho nojento que se alimenta das nojices escatológicas com que a canalhada miúda tanto gosta de brincar!)

"Ó mas porque é que ninguém gosta de mim?!" acordou o Cueca nesse dia, a tremer por dentro e quase a chorar de tanta super heroicidade que lhe andava a passar ao lado! Se ele era um super herói esforçado, se havia tanta coisa que ele fazia para ser reconhecido como super acima de todos os outros moncos que se andavam a arrastar pelo país dos super heróis da treta… mas porque não reconheciam que ele era melhor do que os outros todos?

Abeirou-se do seu super computador local de trabalho, sem ligação à Internet excepto claro para receber os mails da sua mãezinha que lhe dava banho ao cão Toino, seu único companheiro sempre fiel e prestável, e foi directo à super enciclopédia dos super heróis falhados procurar onde era que ele tinha errado. Leu e leu e por fim lá achou a frase mágica: "Não andarás a vangloriar-te das tuas grandes obras aos quatro ventos!" e ali assim encalhado começou a pensar como seria possível ele ser reconhecido como o maior dos super heróis do país dos super heróis da treta sem andar a esfregar-se na fuça dos moncos e abrir-lhes os olhos remelados para verem as suas grandes façanhas?

"Mas raios, como hei-de fazer se o maior cego é aquele que não quer ver?!" Só havia duas hipóteses claro. Arranjar um líquido milagroso para deitar nos olhos remelados dos moncos que não lhe reconheciam a fama, ou fazer-se ainda maior para que os moncos conseguissem pelo menos ver a sua enormidade ainda que de forma difusa e meio desfocada pois garanto-vos que é difícil forçar a vista a focar-se quando as remelas nos colam as persianas, presilhas ou pestanas.

"Como é possível que estes moncos da treta andem para aqui a dizer que eu não faço nada de diferente dos outros?! Eu é que sou o presidente dos super heróis da moncada!" e pensa ele que com estas auto-proclamações se elege como se nós ainda vivêssemos no tempo do outro senhor que esse ó menos apontava a metralhadora à cabeça de quem quer que fosse que levantasse o dedito para questionar à boa maneira do "aqui não há perguntas, só certezas!"

O triste Cueca pegou no seu pé de meia, o que lhe restava de todos os troquitos que tinha recolhido dos esgotos sujos e cheios de lixo da cidade dos super heróis da treta, e resolveu-se a tornar-se no maior super herói num só dia nem que para isso tivesse que sacrificar toda a pulguice nojenta do seu cão Toino! Armado de trocos e de pulgas lá foi ele pró cara a cara com os moncos porque se não fosse duma forma seria doutra! E se não aceitassem os seus tostões, lançava-lhes as pulgas às pernas e os gajos haviam de ficar tão incomodados que haviam de dar a mão à palmatória e assim ele haveria de ser eleito o maior super herói de todos os tempos!

Infelizmente a coisa correu-lhe mal porque nem as pulgas lhe obedeciam (e quem é que no seu juízo perfeito obedece a um pretenso super herói de cuecas?!) nem os trocos lhe chegavam e portanto chegou ao fim do dia estafado, depenado e todo mordido pelas ferroadas das pulgas vingativas e incomodadas por ele as ter tirado do seu habitat preferido.

Agora chora para aí num canto esquecido, ó Cueca destemido, esqueceste-te que ninguém é grande só porque quer e hoje em dia cada vez menos! E as pulgas multiplicam-se muito mais depressa do que os moncos e elas têm vontade própria e só ferram em quem bem lhes apetece! E eu cá prefiro ser pulga a ser monco e muito menos a ser um ganda super herói da treta no país da fantochada!

30.10.06

Animal atira-te a mim!

(Porra pá que esta conversa toda sobre o gajo que se entesou e agora já se desenmerdou e ainda se deve tar a rir da cara dos gajos que primeiro o acusaram e depois se redimiram, ou alguém por eles, e lhe deram uma abébia me deixou aqui com uma vontade de foder alguém até que se me rebentem os miolos de prazer!)

Conjuro os deuses e as deusas do mundo virtual para virem ao meu lar e para me ajudarem a me fazer vir! Arrebentem comigo já antes que outros me encontrem para aqui encolhida e retesada por falta de saber e de sentir o que já foi tão bom!

Tenho uma necessidade esgrouviada de sexo! Alguém me domestica por favor? Alguém me atira aos cães, aos lobos, aos leões? Alguém me dispa e me devolva à selvajaria e à bestialidade de onde veio esta parte de mim? Preciso de me sentir acossada, mordida, esventrada, esvaída!

E este cheiro de sexo e de morte que me ronda hoje… coisa pavorosa na mente de mães de criancinhas inocentes! Ai que se algum cardeal me apanhasse hoje me excomungava e exorcizava! Estou possuída por qualquer coisa demoníaca! Destilo para aqui o meu veneno fatal que me faz morder em vez de querer morrer!

Grito, esperneio, espumo já pela boca… e quando me acharem já estarei tão mal…
E não havia necessidade em alguém com ar tão angelical…
(Mas dos mortos não reza a história e eu sem sexo morro, já morri!!)
Alguém que venha tratar do meu funeral…

E não quero flores, flores é para as vacas!
Quero mulheres nuas, quero homens possantes!
Quero que o transformem num enorme bacanal!

28.10.06


Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar

Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços com há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhanca toda despertou;
E foi tanta felicidade que toda cidade enfim se iluminou;
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais...
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz

Chico Buarque - Valsinha

É já na próxima semana. Com estes olhinhos que a terra há-de tragar.

Não gosto do que ele escreve, prontos!

A crónica do Miguel Sousa Tavares do Expresso de hoje começa assim: "Excepção feita ao correio electrónico e à consulta de sites informativos, a Internet interessa-me zero." E a cólica mental que esta frase me provocou quase nem me deu vontade de passar à frente mas lá engoli o resto onde ele se insurge contra um blog de autoria anónima que o acusou de plágio. Não digo que a acusação não fosse altamente incomodativa até porque alguns jornalistas que também não devem gostar lá muito do MST deram seguimento à coisa e de tal forma que o senhor ficou pior que estragado.

A Internet é uma realidade dos nossos dias e os blogs são uma força de expressão cada vez mais interessante. São uma forma de dar voz a quem doutra forma não a teria. E de aproximar pessoas que têm interesses e afinidades em comum. E isso é só uma pequeníssima parte da infinidade de coisas que se podem fazer na Internet. A Internet é um mundo, reflexo do nosso próprio e da sociedade tal como a conhecemos. E aqui há de tudo. Do melhor ao pior. Felizmente ninguém tem controlo sobre ela. Felizmente na Internet há total liberdade de expressão. E felizmente nós podemos saltar por cima do que não interessa. Podemos virar as costas e fechar as janelas aos anónimos cobardes e mandá-los ir pastar caracóis a um certo sítio onde nunca estivemos nem nunca iremos.

Acho bem que o homem esteja bastante irritado com o anónimo que momentaneamente ensombrou a qualidade literária da sua grande obra. Mas esse anónimo é só um numa comunidade onde participam milhões. Duma penada, MST colocou-nos a todos no mesmo saco (com pérolas como "paraíso dos impunes" e "desforra dos medíocres"). Ao anónimo que o vilipendiou e a todos os bloggers que já não sobrevivem sem os seus feeds diários, de informação, de boa-disposição, de carinho e de compreensão. São tantos os blogs que nos surpreendem, que nos fazem pensar, que nos fazem rir e chorar e também que nos fazem amar! Sim, caro MST, a vida de tanta gente está disponível em todo o lado, e há tanta vida na Internet!

MST vira as costas e fecha os olhos à realidade para não ver o que é mau. Mas assim também está a passar ao lado do que é bom...

26.10.06

E-puzzle

http://www.epuzzle.co.uk/

Se alguém conseguir passar do 13, faça favor de dizer como é!
À primeira rompes-me, à segunda rasgas-me. Viras-me o útero do avesso. Furas-me a parede que separa as tripas. Rasgas-me. Rasgas-me até à boca. Sou duas metades unidas pela nuca.

Cybersex me!

(Ando a ficar adepta desta modalidade da coisa no virtual. Se bem que às vezes acaba por correr mal… ora atentai neste momento verdadeiramente lúdico sobre esta actividade em franca expansão!)

Ele: Boa noite, como estás?
Eu: Estou bem muito obrigada.
(Sim que eu cá sou uma moça educada.)

Ele: Vamos a isso então?
Eu: Sim, pois…
(Raios que os homens são sempre uns apressados!)

Ele: Descreve-te para eu poder visualizar-te
Eu: Hummm… estatura mediana, anca bem servida
(Raios que esta parte nunca me corre bem…)

Ele: Pois… E as mamas?
Eu: Bem boas! Cheiinhas e durinhas e com o mamilo bem espetado a fazer lembrar a…
(Ai e agora? Que eu agora assim de repente não me lembro de ver mamas ao léu de nenhuma actriz ou modelo!)

Ele: a?
Eu: Claudia Schiffer? Olha sou assim um género dela, mas ligeiramente mais baixa e um bocadinho de nada mais cheia que as mulheres não se querem tão magras que deixam logo de ser sensuais
(E já tás mas é a falar demais…)

Ele: Pois… ok, a Claudia serve. Até tenho aqui uma foto dela para pôr aqui a jeito.
Eu: Pois… a foto dá jeito. E tu com quem te pareces?
(Até parece que os homens têm sempre que encher o olho… e nós? Não temos direito?)

Ele: Ai eu sou a cara chapada do George Clooney. E também sou médico como ele!
Eu: Ai sim? Que interessante!
(Deves ser deves… só se fores médico de automóveis ou coisa assim…)

Ele: Mas estamos a perder tempo. Já estás despida?
Eu: Hummmm… sim…
(Ai pá… mas que coisa esta! Tá parvo o gajo! Tá um frio de rachar! Claro que não me vou despir!)

Ele: Ok! Deixa-me só aqui desapertar o cinto das calças. Olha estás a mexer nas tuas mamas?
Eu: Ohhh mas claro que sim…
(Deixa-as mas é lá estar sossegadinhas que tá pra me vir o período e se alguém se atreve a tocar-lhes leva mas é com uma marretada tão grande que até vê estrelas!)

Ele: Olha agora vou teclar mais devagar que tenho que me masturbar
Eu: Ok, sem pressas
(Ai mas onde é que eu me fui meter? Ó homem tu despacha-me lá isso mas é!)

Ele: Ohhh tão bom… chama-me cabrão! Chama-me filho da puta!
Eu: Mas olha que isso assim é um bocado forte…
(Ai que me saiu um tarado!)

Ele: Ó puta, anda cá lamber-mo! Olha-o aqui tão cheiinho… ohhh….
Eu: Ó caralho que nunca ma hás-de foder e muito menos lamber, mas isso demora muito?
(Já tou a inventar pois claro… mas para que é que eu me meto nestas coisas?)

Ele: É isso! Tou-me a vir, tou-me a vir!
Eu: Alvíssaras! Soltem os fogos! Larguem os cães! Todos prós abrigos!

Ele: Chupa-mo… chupa-mo…
Eu: Mordo-to, arranco-to, atiro-to para bem longe e depois nunca mais irás poder foder!

Ele: ??
Eu: Olha afinal mudei de ideias! Não sou nada como a Cláudia Schiffer! Sou como aquela gaja a Lorena Bobbitt, conheces? Aliás acho que a mulher encarnou em mim agora mesmo que fiquei com uma vontade danada de pegar no teu caralho e desfazê-lo à machadada!

Ele: Xiça que apanhamos com cada cabra mais maluca! Ó tu vai-te mas é tratar!

25.10.06

Outro video da campanha

Real make up



Ora assim também eu, ora bolas!!
O video da Campaign for Real Beauty da Dove

24.10.06

Se a minha mãezinha estivesse aqui já estaria a ouvir um “bem te disse”. Bem te disse que a água ainda te ia matar. Tantas vezes te disse para não ires para o rio, que foi lá que morreu o João por causa daqueles remoinhos da extracção de areia. E as vezes que eu não te disse para ter cuidado na praia, tanta gente que morre lá afogada? E tomar banho depois de comer, não te avisei eu tantas vezes, que se não morresses ficavas totó como o senhor Pedro? E a quantidade de vezes que não te disse para não beberes água depois de comeres laranjas?
Mas mãezinha, eu não fui para a praia, nem para o rio, nem para o banho e não bebia água desde o almoço. O que me matou foi aquela poça de água no fim da descida. Há quem diga que foi o ter batido com a cabeça na esquina do passeio, mas eu bem sei que foi a água.

O gemido dos inocentes

Vem-te, vá! Vem-te! Não tenho pressa, não quero que te despaches, mas vais ter que te vir, meu cabrão, vem-te anda lá, eu trato do resto, podes ficar quieto só a pensar no assunto ou em nada, melhor ainda, rói braços, morde ombros, rasga pele, mas vem-te, que é para isso que aqui estamos. De orgasmos meus tratamos quando for ocasião, temos tempo, agora tratamos deste teu que vai ter que sair nem que me fures até à raiz do cérebro, nem que fiquemos aqui a vida inteira, mas que te hás-de vir, isso vai ter que acontecer. Quero que te venhas, é para isso que te fodo, para te moer o corpo todo, para te espremer por inteiro com se fosses uma laranja numa centrifugadora, sem sobrar casca ou caroço. Quero que te venhas sabes porquê? Não, não sabes, vocês homens nunca percebem, pensam que é para se despacharem que estamos fartas de levar com ele, nem penses que é assim, nunca me farto mas quero que te venhas. É que, sabes meu amor, quando te vens, naquele momento em que gemes e suspiras de falta de ar, eu sei, sei muito bem, todas sabemos mas não dizemos, nesse preciso momento, meu cabrão, meu amor, podia baixar a cabeça e, antes sequer de perceberes que te estava a morder os lábios com força demais, já te tinha arrancado metade da boca e o nariz à dentada. E, naquele segundo, nem davas por nada.

Mas depois era uma grande maçada estar de fio dental a tirar cartilagens dos dentes (desta vez ainda escapas).

23.10.06

Vidas privadas

Hoje em dia corremos todos um sério perigo de exposição. Muitas pessoas nem se aperceberão mas lentamente as marcas digitais da sua existência vão ficando espalhadas por aí fora e de repente há uma série de estranhos que sabem mais sobre a nossa vida do que muitos dos nossos conhecidos. Onde trabalhamos, onde fazemos compras, para quem ligamos, quem nos liga a nós, quais os nossos bancos, as nossas seguradoras, os programas de fidelização que subscrevemos, e até as escolas onde matriculamos os nossos filhos. A verdade é que cada um de nós hoje em dia deixa atrás de si uma enormidade de lixo virtual que pode não interessar a ninguém mas de repente até que pode também. Há uma fronteira que para mim não é nada clara entre os dados que são nossos e que deviam ser privados e estar salvaguardados e aqueles que por opção própria decidimos revelar a terceiros.

E mais do que isso há dados que disponibilizamos mesmo sem nos apercebermos. E hoje em dia qualquer grande organização da qual somos clientes, qualquer fornecedor de serviços e até mesmo o estado, poderá decidir mergulhar em tudo o que possui sobre nós e iniciar uma devassa não autorizada sobre a nossa privacidade. Piora ainda o cenário se pensarmos que estas entidades se compõem de seres humanos, passíveis de serem corrompidos como qualquer ser humano que se preze, e todos sabemos que os casos de acesso indevido e venda de dados confidenciais à imprensa ou a particulares são factos inegáveis por mais que as grandes corporações tentem negar que isso seja um verdadeiro problema.

Não me incomodaria nada que terceiros andassem a investigar a minha vida desde que os seus objectivos fossem claros e não prejudiciais. Se isso ajudasse a melhorar a minha qualidade de vida, pois que seja. Concordava e aceitava. Mas até que ponto posso eu confiar na fiabilidade e inviolabilidade das centenas de repositórios e réplicas que armazenam esses pedacinhos que fazem parte da minha identidade? Não me agrada nada saber que pessoas desconhecidas e não autorizadas pesquisam aspectos da minha vida que só a mim me interessam. E muito menos saber que partes da minha vida privada podem vir a ser do domínio público. É que eu cá tenho coisas a esconder, pois claro que tenho! Assim como toda a gente! Levante a mão quem nunca se baldou ao trabalho, quem nunca mentiu ao marido ou à mulher ou aos pais ou restantes familiares, quem nunca inventou desculpas para não comparecer a consultas, obrigações e deveres? Inventar desculpas esfarrapadas faz parte da geração de adrenalina necessária para se ter uma vida interessante! Pelo menos para mim é assim… eu cá sou daquelas que gostam mais daquilo que se esconde do que daquilo que se vê…

Ainda a greve dos professores

Ontem conversei com um professor que fez greve. Explicou-me que a motivação desta greve é a reivindicação contra a perda de regalias por parte dos professores. Sem que eu tenha compreendido na perfeição em que consistiam estas regalias e a sua perda, dado que apenas me foram apresentados exemplos práticos de concretização e não de artigos que tenham deixado de existir. Entre estes exemplos incluíam-se perdas na remuneração (aparentemente reduções salariais, o que me deixou perplexa) e alteração das regras na progressão da carreira (em que um professor pode ver-se impedido de avançar, sem que haja critérios claramente definidos). Este professor nunca tinha ouvido falar na extensão curricular, ou “actividades de enriquecimento”, tendo ficado admirado por eu pensar que tinham alguma relação com a greve recente.
Fica-me a dúvida, entre tantas, sobre se esta e outras questões surgiram apenas como discurso lateral, espelhando a frustração dos professores, se os professores fizeram greve cada um pelas sua razões sem saberem claramente quais as reivindicações oficiais ou, ainda, se a greve incluía diferentes reivindicações, abrangendo a criação de estratégias para a dignificação da profissão e implementação de um estatuto social de prestígio (uma das queixas que ouvi por aí). Se assim for, fico admirada por cada professor fazer greve puxando a brasa à sua sardinha e sem saber nada do peixe dos colegas. E também, neste quadro da sua própria ignorância sobre os motivos concretos da greve, como podem eles admirar-se por o grande público permanecer confuso e a leste.

22.10.06

Pois que seja

(Reconheço que tenho uma relação de amor/ódio com a raça dos homens. Reconheço que conheço homens de todo o género, e que alguns me tiram do sério por razões de extremos opostos... reconheço que há homens e há Homens... e se ainda não perdi a esperança na humanidade é por causa desses com H grande, na realidade grandes em tudo, e generosos e carinhosos e amigos e simpáticos e preocupados com o nosso bem estar e isso tudo o resto mais... só tenho pena de não poder botar olhos, nem mãos, num desses exemplares. Mas a paciência é uma virtude e eu sei esperar, embora às vezes não pareça. E porque eu hoje preciso de me recordar de memórias de tempos melhores, e porque o tempo está contra nós, sendo este "nós" todas as almas solitárias que se passeiam em mundos virtuais numa tarde de domingo que convidaria a outro tipo de passeios mais íntimos, aqui vai um fragmento meu em que tropecei à bocadinho e que pode ser que agrade quem por aqui passe...)

Ouço a chuva lá fora a cair com uma intensidade desconhecida. Brutal mesmo. Quase que sinto aqueles grossos pingos a fazerem pequenos buracos no impacto. Lá fora a intempérie convida-me a enterrar-me mais no quente do teu corpo que se enrosca contra o meu. Estamos nus, tapados com um desses edredões de penas que tanto gostas, leves e apenas aparentemente insuficientes para nos protegerem do frio que também já se faz sentir cá dentro. Os teus braços puxam-me contra ti e eu deixo-me embalar pelo teu abraço convidativo. O contraste entre os elementos em fúria lá fora e a tranquilidade que é só nossa torna-se cada vez mais evidente. Sempre gostei de te sentir assim agarrado a mim, tu maior do que eu e maior ainda nestes momentos em que eu me encolho para melhor caber nesse espaço que criaste para mim. Sinto as tuas mãos percorrendo o meu peito, a minha barriga, a curva generosa das minhas ancas… Sinto o teu sexo poderoso a agigantar-se por entre as minhas pernas. Deixo-me ir, abandono-me em ti… nesses momentos sou mais tua do que nunca e nesses momentos enches-me mais do que julgas. É tão bom o que me dás… e eu rendida entrego-me aos prazeres trocados por quem já se conhece de cor.

20.10.06

Ó gente indigente!

Indecente e indigesta, cá está como eu me sinto hoje! Tou com a telha, pois tou! Acontece aos melhores e hoje não é definitivamente o meu dia. Quem não gosta de postas da treta pois pode ir andando e cantarolando e fodendo e rindo e chorando que eu não quero nem saber!

Então para explicar a coisa ali de baixo o mais bem explicadinha possível e recorrendo à linguagem mais simples e básica que consigo, o que convenhamos não é lá muito fácil para uma gaja complexa como eu, mas a bem da educação dos nativos, farei um esforço!

Então meus senhores e senhoras e demais representantes dessas outras espécies que pululam na blogosfera, o saber é como uma montanha gigantesca, enorme mesmo, muito mas mesmo muito maior que o Everest, do qual cada um de nós vislumbra apenas um pequeníssimo cume, assim como se fosse a ponta dum iceberg. Ora para os que não são pobres de espírito, a gente assimila esse pequeno cume e sabemos que o que está por baixo é tremendamente, mas incomensuravelmente maior do que conseguimos apreender.

Agora como em tudo e mais alguma coisa, há sempre aqueles que vêm apenas o pequeno cume e acham que é perfeito, fantástico, suficiente e vivem bem com isso. Os pobres de espírito não são esses. Os pobres de espírito são os coitados que avistam o pequeno cume e se aterrorizam de tal forma com o seu tamanho que quase tem uma síncope ali mesmo à sua beira! E começam a bufar de tal forma que a gente até sente o pobre do seu neurónio, ou talvez seja mesmo só meio neurónio que os pobres de espírito até nisso são parcos, pois o pobre do meio neurónio começa a ficar assim meio inquinado e a nadar de lado assim como o defunto peixe da nossa querida chefa (e um grande bem haja para ela que de pobreza de espírito não tem nem um só grãozinho de pó!)

E são esses que se aterrorizam perante o vastíssimo tamanho do pequeníssimo cume que vislumbram da montanha do saber que o tal de Jesus um dia disse que herdariam o reino dos céus, o que é uma enormidade de bradar aos céus e isso sim deve ter sido um dos maiores enganos de sempre de toda a historia da humanidade! Pois tá claro para todos menos para eles próprios que os pobres de espírito atrasam a evolução da nossa espécie com os seus medos e receios e questiúnculas da treta e de tal forma que mais valia terem nascido amebas em vez de homens!

E tenho dito!

entropia

Facto1: De manhã tinha aqui 5 moscas
Facto 2: já matei 8 moscas e ainda vejo 3
Teoria: a natureza não gosta que existam vácuos de moscas e redestribui as moscas que ainda existem para aqui.

19.10.06

"Blessed are the meek?!"

Não consigo deixar de me rir sempre que penso na cena da recriação do sermão da montanha em versão Monty Python. É uma das cenas mais hilariantes de sempre da história do cinema comédia e aliás o filme (Life of Brian) será um dos mais hilariantes de sempre e mesmo vendo-o repetidamente rio-me sempre até às lágrimas quase desde o princípio até ao fim.

Mas voltando ao sermão da montanha não posso deixar de transcrever aqui uma parte porque para quem já viu e se recorda a cena é filmada de longe e os personagens não conseguem ouvir bem a voz de Jesus e seguem-se algumas confusões bastantes originais que rezam mais ou menos assim:

P: Could you be quiet, please? What was that?
R: I think it was, "Blessed are the cheese makers".
P: What's so special about the cheese makers?
R: Well, obviously, it's not meant to be taken literally. It refers to any manufacturers of dairy products.
P: Hear that? "Blessed are the Greek".
R: The Greek?!
P: Well, apparently he's going to inherit the earth.
R: Did anyone catch his name?
P: Oh, it's the meek!
R: "Blessed are the meek"! Oh, that's nice, isn't it? I'm glad they're getting something, cause they have a hell of a time!


E depois no fim tudo bem rematado com um: "well, what that Jesus fails to appreciate is that it's the meek who are the problem!"

E realmente aqui entre nós que ninguém nos ouve mas porque razão é que uma coisa chamada bem-aventurança que nos amanda com um "abençoados são os pobres de espírito porque é deles o reino do céu" é sequer considerada uma bem-aventurança? Isto será bom para quem? Para eles? Como são pobres de espírito vivem na ignorância de qualquer maneira e por serem assim nem reconhecem a sua própria pobreza inerente mas coitadinhos um dia quando morrerem e sem perceberem bem porquê nem como, lá entrarão todos contentes para o reino do céu enquanto que os outros desgraçados que se andam aqui a esfolar para não serem assim tão pobres de espírito se calha levam com o fogo do inferno nas fuças para não se andarem aqui a armarem em mais espertos que os outros!

Nunca percebi bem quem papa estas bem-lérias e acha que depois da morte é que é e que terão tudo o que não tiveram em vida (ai pera lá, se souberem discorrer isso já não serão assim tão pobres de espírito e portanto se calha já não têm direito a nada… mas que raios de lógica esta!) E por isso quando um dia vi esta cena deste filme imperdível achei que se calhar o que aconteceu foi que o gajo que andava por lá a anotar as coisas que o outro dizia às tantas não ouviu bem e escreveu uma patacoada qualquer porque assim como assim naquela época provavelmente muitos nem saberiam ler portanto ninguém ia dizer que o que ali estava escrito não era a verdade mais pura e dura. Se o homem estava a discursar numa montanha cheia de gente, e cheia de pó e de vento e se calhar até de criancinhas aos gritos e animais a zurrar, é ou não é possível que o rapaz tenha ouvido mal e nós andamos aqui há sei lá quantas gerações a gramar nas fuças com os mal-entendidos do amigo?! Como a língua é muito traiçoeira, qualquer língua é, e se é fácil confundir greek com meek, ou até pobre com torpe ou até nobre, possivelmente na língua de trapos de então haveria também muitos vocábulos passíveis de serem confundidos uns com os outros ou não era?

Ainda estou para saber, algo que nunca saberei pois claro, mas o que raio que foi que se passou na cabeça desse gajo para escolher os pobres de espírito! Mas esses gajos interessam para alguma coisa?! Ou até para alguém?! Trazem algum valor acrescentado ao resto da gente que anda aqui a esmifrar-se para chegar a algum lado algum dia?! Irra que há lá erros ortográficos que chateiam!

Diferenças

Eu é mais:
“caralhos ma fodam o home, que às vezes não sei se será falta de mãos de cérebro ou de olhos, mas tu não vês que já são horas de jantar caralho? De que caralho estás à espera p’ra pôr o caralho das batatas a cozer??? Anda zé, lume"

Mas não deixam de me dar muita vontade de rir e alguma empatia as outras que são mais:
“Tu larga-me o tacho e sai da beira do fogão!!! Sai! Sai já daí! Olha, olha p’ra mim, ‘tás-me a ouvir? ’Tás-me a ouvir bem??? eu vou ali à casa de banho mas tens de me jurar que NÃO TOCAS, estás a ouvir?, NÃO TOCAS nas batatas, ouviste? Juras? Vou então.”

18.10.06

estranhamento

Quais foram as consequências da greve de professores que durou os dois últimos dias? Para a ministra da educação, mais raiva pública pelos professores (vociferada em fórmulas do género «e agora que faço aos miúdos?! estes gajos... olha, eu bem gostaria de ter as férias deles, de que é que se queixam?» - não que efectivamente queiram sabê-lo...). Para o Estado, mais dinheiro nos cofres. Para o meu filho mais velho, ter dois furos a História, passados a jogar à bola. Para o mais novo, perder dois dias de aprendizagem, que muita falta lhe fazem. Para os pais deles, não terem que levar o pequeno à escola, tendo o prazer da sua companhia, simpática e bem comportada, nos respectivos locais de trabalho, onde opera milagres pelo prestígio dos progenitores. Para os irmãos, mais tempo juntos e mais responsabilidade, ficando sozinhos em casa. Para a professora do caçula, dois dias passados na companhia da sua filha pouco mais do que recém-nascida (de quem abdica algumas tardes, renunciando à redução de horário a que tem direito, para conseguir fazer um bom trabalho), que bem caros lhe terão saído.
A greve já não serve os seus propósitos. Há que encontrar outras soluções.

Acrescento alguns links com discussão sobre o tema:

este, em que chamo a atenção para a caixa de comentários, particularmente os do zé e da anabela;
e ainda aqui e ali.

(ai)

(Atenção que eu não sou a Fox Trotter!
Entusiasmei-me foi com o texto dela...)

my core is oh, so hard

E das uvas que colhemos no seu sumo adocicado nos banharemos. E eu com a língua lamberei todas as gotas que ficarem presas nesses teus recantos escondidos e macios. E regurgito-te a tua língua para que com ela me possas fazer o mesmo a mim. Amordaçados pela força do desejo e inebriados pelo travo áspero do vinho mais uma vez nos foderemos, mas desta vez a chorar.

my core is oh, so soft

Não apreendas a extensão do quanto te quero. Não quero que saibas o tanto que é este quase nada (tudo?). É querer encostar o corpo todo ao teu e cercar-te a boca com os lábios. Ou divagar em parvoíces contigo enquanto fodemos a rir.
Agora vou contar-te os desejos que não te conto: olhar para a curva de sombra no teu braço, recortada pela manga. Morder-te muitas vezes o ombro (tens ombros feitos como se para serem comidos). Subir com a ponta dos lábios pelo pescoço até ao ponto escondido e macio mesmo por detrás do lóbulo da orelha esquerda. Olhar para ti em silêncio durante uma hora inteira, enquanto me procuras com as mãos e me encontras devagar. Entrar na tua boca e comer-te a língua, para te calar, quando tu entrares em mim.
Bebermos vinho pelo mesmo copo e colhermos juntos a vindima.

Chamaram?

Mau não é não ter homem (a noites)
Mau é não ter mulher (a dias).

17.10.06

Ok

Fox, volta, estás perdoada!


















um gajo, pra ter sempre razão

Só tem de se queixar às pessoas certas.

queixar-se do chefe aos colegas, dos colegas à familía, da família ao marido, do marido às amigas, das amigas aos amigos, dos amigos ao médico, do médico à funcionária, da funcionária ao chefe e do que sobra ao blog

16.10.06

dorme bem

Hoje o céu partiu-se todo só para nos celebrar, meu amor. Os fragmentos quebravam-se em perfis angulosos, o teu rosto iluminava-se e os pedaços caíam num estrondo logo abafado. O som dos pneus sobre a água aproxima-se do restolhar das folhas de outono debaixo dos pés, por caminhos pouco pisados, em versão fast forward. Estrelas diluídas atravessam a persiana mal fechada e dançam pelas paredes. Ouço contigo o tec-tec da chuva nas janelas, agora sim, agora não.

Esquece o bolo, já passa da meia noite!








15.10.06

temos, temos!

Parabéns à SOCA



Um grande beijinho a todas.
E um em especial à Catarina, por nos ter reunido a todas aqui.
Obrigada aos nossos leitores, em todos os fusos horários e de todos cantos do país, desde a aldeia mais recôndita até ao Cabo Espichel.

Tchim tchim!!!

Um ano de SOCA

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- Agora não tens blog...
- É...
- Tinha piada abrirmos um.
- Era giro.
- Com outras amigas!
- Um blog só de mulheres.
- Isso.
- Vamos pensar no assunto.


No Verão de 2005, a minha irmã Susana saiu do Afixe.

Durante as férias, este ou outro diálogo parecido, resultou em

- Já sei como se há-de chamar o nosso blog!
- Como?
- Sociedade Anónima!

e apareceu a nossa SOCA, após os convites, uns aceites, outros não. O critério? Amigas nossas. Podiam ser bloggers ou não, mas tinham que ser pessoas que nós considerassemos amigas e que conhecessemos. Não precisavamos de conhecer todas: algumas eram minhas amigas, outras da Susana. Algumas já se conheciam umas às outras, outras nunca se viram até hoje, mas o engraçado do início era que algumas que já se conheciam e não faziam ideia. Uma das "regras" ou pressupostos da SOCA era essa: anónimas para todas, incluindo as outras. Claro que choviam suspeitas e perguntas, várias acabaram por se conhecer e dar a conhecer e apareceu algum espírito de equipa que se foi mantendo.

Foi um ano giro. Animado também. Para mim a SOCA foi muita coisa. Um projecto, uma experiência de escrita, quer das minhas amigas, quer minha (a SOCA permitiu-me deixar a 100nada ser a "chefa" que alterava templates e pouco mais, durante o tempo que participei anonimamente diluída no grupo, com a Luisa c, o que foi bestial), muita conversa nos bastidores, muita gargalhada sobre isso sim dar um belo blog (o making of SOCA), excelentes surpresas com algumas pessoas cuja escrita praticamente não conhecia e muita leitura de belíssimos textos, ideias, temas complicados, discussões giras nas caixas de comentários, enfim, a SOCA preencheu tempos muito bons. Claro que nada se faz sem esforço e "gerir" este mulherio todo dá algum trabalho e muita dor de cabeça, diga-se: também dei muito berro, muito "tou farta destas gajas todas!" e muitas vezes me apeteceu atirar com tudo ao ar; só que, neste caso, não podia mesmo e ainda bem que não desistimos: a SOCA está boa e recomenda-se e prossegue, umas vezes com mais tempo, outras com menos, mas sempre por gosto.

Um enorme agradecimento a todas: às ausentes e que deixaram muitas saudades, Maria, Beatriz e Mariana Martins, às que não têm escrito (sim, é uma indirecta!) mas não se foram embora, Rita, Ana, Alice, Louca da Casa e Teresa M. e às que vão mantendo a coisa viva, Cecília R., China Blue, Krassimira, Isabel R., Santinha da Casa, Vera M. e Arlinda B.. Não agradeço à Fox Trotter, porque a Fox não é uma pessoa e sim uma experiência de escrita (eufemismo para ideia marada repentina) a várias mãos, agora em banho-maria, até se decidir se se prossegue com esse registo.

Finalmente um grande obrigada a todos aí desse lado que estão a ler e que vieram por bem.

Catarina Campos

14.10.06

Das mentiras

Ora aí está um tema tão vasto que quaisquer meia dúzia de parágrafos não chegarão sequer para dar aquele gosto particular que antecede, ou precede, quem parou para averiguar se afinal valerá ou não a pena continuar. Para esses que levantam agora os olhos sentindo que daqui extrairão algo de útil digo-vos já e em jeito de advertência (que eu sou uma mulher desocupada mas haverá mais quem não o seja) pois que não, daqui nada sairá de útil que as lições de vida dão-se e recebem-se em privado hélas!

Mas voltando ao tema das mentiras, eu que sempre fiz da verdade uma pedra basilar daquilo que sou hoje tenho que dar o dito por não dito e dizer que às vezes há mentiras que se justificam. Não estou obviamente a falar das mentiras públicas, do estado para os cidadãos, porque esse tema ultrapassa-me enormemente e há mentiras que já duram há séculos e que por mais outros tantos se eternizarão. O que levanta outra questão que é o facto das mentiras antigas terem o condão de se transformar em verdades futuras mas isso então ainda são outros quinhentos e hoje debruço-me apenas sobre as mentiras pessoais e privadas.

A meu ver algumas mentiras justificam-se portanto. Sobretudo as mentiras piedosas. Se mentimos por pena estamos na realidade a praticar um acto de caridade. Não me refiro à omissão ou distorção de factos, pois aí corremos o risco do recipiente da falsidade vir a saber por vias terceiras e hoje em dia é cada vez mais difícil tentarmos viver vidas alternativas pois parece que nos concentramos todos nos mesmos lados e cada vez mais as pessoas parece que já se conhecem todas umas às outras. Falo das mentiras emocionais, das mentiras que se dizem para não magoar de quem mais gostamos precisamente em relação ao plano que essas pessoas ocupam em nós. Quem ama quer-se sentir especial, único e para nós até será mas não sempre e não em todas as circunstâncias e ocasiões. Mas quererá essa pessoa ouvir da nossa boca um "agora não posso" que lhe soará a rejeição (quiçá até a traição!)? E não será nesse caso a capacidade de mentir para não magoar uma das nossas maiores virtudes?

Em toda a minha vida houve duas verdades que disse por uma questão de consciência mas hoje se tivesse a oportunidade de voltar atrás teria mentido. A verdade teve um efeito brutal e devastador, maior do que eu imaginava e demasiado complexo para eu conseguir lidar com os eventos que daí advieram. Teria sido mais fácil mentir sim. E apesar de me terem chamado de corajosa por ter despejado a verdade tal como fiz, e é fácil falar para quem está de fora, hoje arrependo-me dessas verdades que não substitui por mentiras. Não me sinto melhor pessoa agora e mudei irremediavelmente o curso das relações que tinha com duas pessoas que me eram muito próximas. Hoje preferia ter mentido, preferia ter tido discernimento para inventar uma qualquer história satisfatória, uma mentira que me enchesse a boca e o olho deles mas que não os tivesse magoado e na volta também a mim por me sentir triplamente culpada e condenada por esses dois erros que cometi e na minha ingenuidade assumi. E não me sinto melhor pessoa porque arruinei a minha imagem junto de duas pessoas com grande influência sobre mim e sobre terceiros que também eles passaram a olhar-me de forma diferente.

Mentir é mais fácil e por vezes é mais conveniente e facilita-nos a vida. Porque se faz tanto apanágio da verdade então? Eu sei que é difícil catalogar as mentiras e mais difícil ainda será educar as gerações futuras para que tenham o discernimento que a nós por vezes nos falta. Porque eu penso que há mentiras que se devem dizer. E há verdades que se devem ocultar.

(Obs: este texto foi escrito ontem antes de ter comprado o bendito expresso de hoje onde na revista vem um artigo precisamente sobre este tema. Acreditem se quiserem…)

13.10.06

Alto e pára o baile!

Lembrei-me de uma coisa sobre a qual me apetece escrever, afinal (isto é tãããão típico...).
Ontem na BBC World ouvi que em França estão a votar uma lei segundo a qual constitui crime (atenção, crime!) negar a qualificação de genocídio ao massacre dos arménios entre 1915 e 1916.
Não, a sério!
Eu gostava de pensar que não ouvi bem, mas ouvi.
Sou só eu, ou está tudo doido?
Não é nada contra os arménios, pelo contrário, têm toda a minha solidariedade.
Nem nada a favor dos turcos, apesar de gostar imenso de kebab, e dos senhores do restaurante turco ao pé do meu trabalho serem uma simpatia.
Se é que há aqui alguma coisa contra alguma nacionalidade é contra os franceses. Os tipos nunca mais se convencem que há limites para a estupidez colectiva, a ignorância e a ingerência do Estado.
E já agora, querem convencer alguém que isto não é uma manobra de pré-campanha eleitoral que se aproveita de forma vergonhosa da xenofobia francesa em relação aos turcos e do número elevado de arménios que vivem em França? Nem vão tentar, não é?
Não sei qual foi o resultado da votação, mas não estou optimista. Eu pensava que a história já tinha atingido o cúmulo do ridículo com a história das burqas e dos crucifixos nas escolas, mas os tipos arranjam sempre uma melhor.
No fundo, no fundo, temos que os admirar pela imaginação fértil.
E agradecer-lhes também... Perto disto, Portugal é um espectáculo.

Vamos lá ver...

...se consigo começar a escrever qualquer coisa e acabar o que comecei (sair deste ciclo vicioso de não acabar nenhum texto, não conseguir voltar a ele depois, não escrever por se achar que não se tem nada para dizer, e ficar cada vez mais difícil sequer começar).
Ora bem...
Huummm...
Talvez o estado caótico da minha vida nas últimas semanas: muda de trabalho, não muda de trabalho; muda de país, não muda de país; muda, mas só daqui a uns meses; sai de apartamento, entra em apartamento... dava um post assim para o burlesco. Meio masoquista, mas burlesco...
Mas não, demasiado aborrecido...
Então...
Talvez o filme que vi a semana passada. Bem giro. Qualquer coisa como isto...

Thank you for smoking !
Há poucas coisas que me irritem tanto como a beligerância das campanhas anti-tabaco. Por outro lado, há poucas coisas que sirvam de maior deleite do que uma comédia cheia de humor inteligente, capaz de tratar um assunto delicado com o respeito e ao mesmo tempo a leveza que ele merece.

Não, não está a resultar (de qualquer maneira, se tiveram a paciência de ler até aqui, recomendo vivamente). Não tenho o mínimo interesse em escrever sobre isto. Falta de paciência...
Vamos lá tentar qualquer coisa diferente... Um bocadinho de ficção, relacionada com nada de especial. É só encontrar uma primeira frase... Um esforço... Ah, cá está:


Um dia deixou de falar. Deixou de falar com a família, com os amigos, com os colegas, com os estranhos na rua. Deixou de falar com o gato. Deixou de comentar, de fazer apartes, de dizer piadas. No trabalho reduziu a comunicação ao essencial e sempre por email. Deixou de ir a reuniões, a jantares, a almoços.
Não sabia muito bem porquê. Só sabia que as palavras lhe custavam. Se por não ter nada para dizer, ou demasiada coisa para conseguir escolher, nunca soube. A dúvida não lhe tirou o sono.

Não, também não... Não sei como me arranjei, mas acaba por soar demasiado pessoal. Depois vão pensar que isto é a história da minha vida, e não me apetece explicar. E de qualquer modo também não sei como continuar, fiquei emperrada.
Pronto, calma...
Vamos lá tentar uma daquelas frases cheias de duplos sentidos altamente poéticos sobre a vida... Só uma frase, vá lá...
Huumm... Huummm...
Que raiva! Só me vem à cabeça aquela palhaçada do Herman, que a vida é como os interruptores, ora para cima, ora para baixo... Que raio de altura para só me virem parvoíces à cabeça!
Então pronto, só uma palhaçada, uma laracha qualquer. Vamos lá, não custa nada, só uma parvoíce qualquer...
Huummmm....
.........................................................
Que se ****!!!!!!!
Desisto!
Daqui a uns tempos volto a tentar...

12.10.06

E sabeindes vós qual é a melhor maneira de conservar tomates?

Pendurados.
Anda aí muito gajo com eles pendurados vai pra mais de 50 anos e ainda estão bons.


















Deitada de lado, encolhida, pensei na árvore que plantei. Mantive os olhos fechados. Malgrado a cegueira voluntária, as pálpebras soergueram-se lentamente e vi a árvore caída. Acima e abaixo o céu e o que poderia ser o seu reflexo. O tronco que antes me suportava era agora horizonte. Espesso e negro. Com nuvens azuis.

11.10.06

"Todas as cartas de amor são ridículas"

(sabes amor) poderiamos ficar eternamente a discutir (eu comigo, tu contigo) que tipo de qualidade tinha o amor. Se era do bom ou do mau, se alguém tinha amado melhor ou pior, se demais se de menos, se teria havido mais bem amados e menos bem amados, se num dia assim tinha sido assado, e se noutro já o outro tinha feito de outra maneira; e nem sei se terá feito sentido discutir tanto para chegar a parte nenhuma, porque essa qualidade discute-se para se terem as certezas que não temos; e aquilo que achamos que fizemos pelo outro em silêncio pode não ter sido ouvido, essa é a característica do silêncio e aquilo que achamos que dissemos um ao outro pode também não ter sido ouvido, essa é a característica do som dentro do silêncio.

[(sabes amor) nem sei se estás, estiveste ou estarás alguma vez aqui. Sentei-me de costas para a porta, não sei se entraste se não; não te posso dizer que pouco me importa. Se te abri essa porta, esta que teimei sempre em manter fechada, foi para que visses que as almas de bonito podem ter alguma coisa, mas são cruas e são assim; custam a ver, eu sei, deixo aqui bocadinhos da minha. Não te posso dizer que pouco me importa: a ilusão de te ter por perto é-me grata. Mas não te incomodes, podes entrar ou sair, ou nem sequer vir; não darei por nada. Nem sequer altero o que aqui escrevo, são anos a falar comigo, já me conheço esta voz, a das cartas que não se enviam.]

(sabes amor) poderíamos ficar eternamente a discutir (eu comigo, tu contigo) mas, se antes não sei se terá feito sentido discutir tanto para chegar a parte alguma, agora que já cá estamos, nessa parte alguma, eu paro. Já sei onde leva esse caminho, já conheço esse deserto que fica para além deste que é, para mim, de desânimo e desespero e de total ausência de esperança. Essoutro é ainda pior, já o conheço, já mergulhei nele contigo, não quero perder-me mais (dentro da minha cabeça) em tempestades de raiva e de recriminações e de respostas a acusações e de labirintos cada vez mais apertados cujos centros não passam de uma amálgama de ódios à posteriori. Não é isso que eu quero

não é nada disto que eu quero mas

dentro do que resta, não vou por esse caminho. É um caminho mais fácil, claro. A raiva mexe connosco, tira-nos da imobilidade da tristeza, oferece a energia rápida que parece ser a mais necessária para andar com a vida para a frente. É ilusória, essa facilidade, essa rapidez. Desfaz-nos por dentro, refaz-nos piores. Eu sei. Já lá estive. Não é isso que eu quero.

O que eu quero é que fiques debaixo da minha pele, permaneças imutável em recordações felizes ou tristes, mas serenas. Quero guardar tudo o que foi absurdamente feliz. Quero-te por osmose, dentro da alma.

E é isso que vou (aqui) fazer.

Luisa C.


adenda 100nada: depois esqueci-me, claro, mas isso é sempre assim.

10.10.06

As festas deviam vir com livro de instruções

O vestido era decotado à frente e nas costas. Puxa mais um bocado para baixo, repuxa pelo outro lado para cima, mas aquilo não estava nada bem. Era preciso fazer qualquer coisa. Há tempos ouvi falar a uma amiga de uma espécie de autocolante que faz maravilhas. Custa a tirar, é verdade. Coisas tenebrosas que colamos ao corpo, mas tinha que ser. Depois de correr meia dúzia de lojas de lingerie, roupa interior, ou simplesmente retrosarias, como queiram, ter explicado com mais ou menos pormenor o funcionamento do tal soutien que não era bem um soutien, faço mais uma tentativa.
Estava a fazer-se tarde, o cabelo desgraçado, urgente verificar pernas, axilas, que país desgraçado este que não tem um soutien que não é bem um soutien. Uma coisa de silicone, não sabem o que é, mostram-me caixas, encolhem os ombros, esgotaram o stock, sou uma triste, pouca sorte a minha.
Nova paragem, última tentativa. Que diabo, aparece-me um vendedor homem. Nunca tal. E o homem dobrava peças, arrumava caixas e eu sem saber que dizer. Tento um gesto trapalhão, sem jeito nem convicção. Não, não é nada disto. Isto é para soutiens e eu não quero nenhum soutien. Olho de lado, mais aflita eu que ele, e em mais intimidades não entro. Ora bolas, o que havia de encontrar. Explicar estas miudezas a um homem que nunca vi, e ele a olhar para mim, e eu já sem recursos, agradeço e saio aliviada.
Que se dane, não é importante. Coisas de mulher. Voltas e voltas, sair de mãos a abanar e deixa lá que não faz mal nenhum, tudo se arranja, a écharpe faz um jeitão, vai gente muito pior, deixa-te de coisas e ainda te atrasas.
Ora aqui está. Mas é quem precisa de um soutien que não é bem um soutien? Devia era ter pintado as unhas. Isso sim.
"O que interessa é a beleza interior". Pois.


Animal said...
exactamente. beleza interior é o que está por baixo da lingerie.

7.10.06

as bolas


Para o Luís, que aparentemente considera «mega-entesuante» chupar as bolas.
Já que a Soca se está a tornar um lugar sempre ao gosto do freguês, cá estão, em duas cores, para tu escolheres, Luís. São só para ti.

6.10.06

Ajustando

(Já vi que os senhores leitores têm preferências específicas… se bem que nisto a imaginação deve vir mais de cada um do que dos outros. Mas bem, tentarei continuar esta fantasia que deixei a meio... e que me perdoem os que não apreciam este género de encenação… mas agora fiquei com isto em mente, e o que comecei já não me encontro com capacidade para parar!)

Não era o membro que se encontrava todo lá dentro que nem a boca da mulher é elástica nem os senhores têm minúsculos apêndices, pois claro! Digamos que era mesmo só o topo com que ela se deliciava enquanto os seus seios de mamilos espevitados pelas vossas pernas se roçavam. Ela insinuava-se, quase forçando-se por entre as vossas pernas abertas num abandono rendido. Rejeitar ou fugir para quê? Já nem era opção possível nesta altura. Hoje ela era dona da vossa vontade, e deixemos que assim seja porque vos isenta de toda e qualquer culpabilidade. Entreguem-se nas mãos desta mulher que vos enfeitiça e vos fascina porque hoje ela vos aliviará, ainda que apenas momentaneamente, de todos os vossos problemas e tensões.

Podem agora ir fechando as pernas para que a sintam mais intensamente e também para lhe indicar por onde querem que ela prossiga. Não são necessárias palavras nesta unilateral entrega de carícias pois ela adivinha-vos todos os pensamentos. Querem que ela se roce pelo vosso tronco acima? Pois assim será, e sentirão os seios cheios daquela mulher misteriosa traçando linhas invisíveis pelos vossos belos e tonificados abdominais e peitorais. Ela sabe, ela sente, onde irão parar os seus mamilos assim excitados. Eis que se soerguem oferecidos e se presenteiam perante o vosso olhar esgazeado. Homem, mete o seio (todo será pedir muito…) dela na tua boca e prova o paladar que é quase tão sublime como o primeiro, esse que ela há-de tragar e que trazes guardado e embalado nos teus interiores… mas por pouco tempo!

Só os maiores gourmets apreciam os gostos dos sucos assim recolhidos, com os dedos e com a língua. A arte de apreciar os sabores humanos está dentro de cada um de nós… Ainda se encontram em guloso saboreio e já a sentem a escorregar pelo vosso pau abaixo. Fá-lo literalmente pois porque a mulher está bastante molhada, sinal evidente e transparente da sua excitação extrema. Devagar ou mais rapidamente, conforme seja a vossa vontade assim ela o engole todo (e aqui será mesmo todo pois que o sexo da mulher é fantasticamente elástico e moldável) uma e outra vez até sentir os primeiros estertores da ejaculação que se aproxima.

E é nessa altura, nesse ponto crítico, que ela vos sai de cima e esse destapamento é-vos quase doloroso. Do extremamente quente ao insuportavelmente frio num só momento, é dor! Mas ela sabe bem o que faz e não vos deixará assim nesse ponto sem retorno em que sentem que hoje irão mais longe do que algum dia foram. E sem mais tempo perder ela massaja-vos o membro terrivelmente endurecido e desta vez com intenção de já não parar. E vocês sentem nele esse latejar conhecido, as veias que quase estalam ao darem de si, milhares e milhares de mecanismos em micro explosões localizadas e sentem, sentem, sentem os fluidos em ebulição que começam a escorrer… já tão perto da explosão final… é tão bom este momento em que há muito se passou do ponto sem retorno e em que sentem a força bruta do orgasmo que se aproxima.

Como posso eu descrever por palavras a potência do jacto que finalmente se solta em espasmos tão abominavelmente dolorosos como intoleravelmente bons? Prazer e dor misturados num só… porque ela vos continua a sugar o membro estóico e ainda erecto provocando espasmos tremendos e quase contínuos até que sentem que não há lá mais por onde puxar. Os poços foram esgotados um por um até não sobrar nem um só pingo…

Ai ai ai, que esta escrita assim me deixa a bater mal! Mas de escrever sobre sexo eu gosto, independentemente de o praticar ou não embora me pareça evidente que quem assim escreve é porque algum dia sentiu (e gozou) o prazer a explodir em si, numa miríade de ondas devastadoras que se expandem do centro até à célula nervosa mais longínqua.

E de qualquer modo neste momento interessa-me apenas estimular-vos as mentes porque é por aí que começa sempre todo e qualquer ensejo de procura do prazer…

5.10.06

e vai água...

cadito de terra...

Tratamento VIP

(Post exclusivamento dedicado aos leitores masculinos que também têm direito!)

Hoje deu-me para isto que eu posso ser antiquada mas ainda sei uns quantos truques, apesar de a bem dizer já não os utilizar vai para lá de umas boas dezenas de anos. Mas quero de alguma forma agradecer o esforço que têm feito os nossos comentadores que por serem tão simpáticos hoje merecem um tratamento especial!

Meus senhores, considerem isto uma table dance individual e estejam à vontade para mexer, tocar, e alambuzarem-se com as imagens aqui invocadas que serão tanto mais ornamentadas consoante o imaginário fértil de cada um de vós. Hoje apenas quero servir-vos de ponto num pequeno argumento individual que montei só para vos agradar.

Imaginai-vos então num lugar aprazível, seja lá ele qual for desde que vos desperte os sentidos e com sorte a sensualidade que nesta altura deverá já estar à flor da pele. Mais ou menos vestidos, tanto faz, porque o meu propósito último é proporcionar-vos algum prazer da maneira que melhor vos satisfizer. Assim bem sentados, recostados ou deitados imaginem então que se abeira de vós uma bela mulher. A idade não importa. E ela é a mulher mais sensual que jamais viram. Pode ser loura ou morena, baixa ou alta, de pele pálida ou tisnada, mas apresenta-se praticamente nua, apenas com um slip coberto de brilhantes e uns sapatos de salto alto vermelhos (aqui queiram-me desculpar mas é fetiche meu mesmo!) A mulher aproxima-se movendo-se com graciosidade como se de um felino se tratasse. Faltam-me as palavras para descrever os olhos semi-cerrados, de olhar ligeiramente selvagem, da mulher mistério que hoje conjurei para vos entreter.

Quer estejam sentados ou deitados, ela ajoelha-se aos vossos pés e ligeiramente afasta-vos as pernas. Muito suavemente, quase imperceptivelmente, a mulher desaperta-vos o cinto das calças e mesmo que se sintam tentados a escapar-lhe ela continua a despir-vos até se encontrarem nus do tronco para baixo. Sintam as suas mãos, o toque suave que se vos insinua por entre as pernas. As mãos dela estão quentes e o seu toque incendeia-vos a pele e sentem (sintam!) o sangue a afluir-vos para o vosso membro semi-erecto. (Pequeno aparte para retomar o fôlego… e aproveito para dizer que sempre achei que qualquer mulher que se preze deve conhecer os truques do sexo oral e praticá-lo muito com o seu amante…)

Ela continua a acariciar-vos aquela zona sensível, por entre as pernas e por baixo do sexo. E é então que ela avança com a língua. Segura-vos o membro erecto com as mãos quentes e solta-a em movimentos circulares, brincando com as bolas que sobem à medida que o sexo endurece cada vez mais. O sexo do homem não é delicado mas deve ser tratado com delicadeza porque é assim, ou assim devia ser, que sem grandes alaridos se chega ao ponto de maior excitação. A língua deve percorre-lo todo, e ela sabe quais os pontos mais sensíveis… sente os gemidos que se soltam à medida que a língua chupa e mordisca pequenos pontos de pele repuxada (E será doloroso? Esperemos que não…) Estamos (estais!) perante o maior tesão de todos os tempos e ela não tem intenção nenhuma de parar. Continua a segurar-vos o sexo erecto com as mãos, massajando-o de cima para baixo e de baixo para cima e é então que levantando-se ligeiramente o mete todo dentro da boca e vocês, meus caros senhores, vocês nunca sentiram lugar mais quente ou molhado do que aquele onde o vosso sexo agora se encontra a ser chupado e estimulado…

Ai ai… a tensão é pois brutal e a minha não me permite prosseguir… fica portanto o resto por conta da vossa imaginação que espero que seja muito mais exigente que a minha… e a todos desejo que tenham resmas de prazer, que se venham muito e muitas vezes e que não se sintam defraudados com a experiência que acabaram de viver...

4.10.06

é a fama!

O meu querido bólide é tão lindo que hoje até foi fotografado. O rapaz da D.G.V., amavelmente, mostrou-me a fotografia. Este privilégio, segundo disse, não é concedido a qualquer pessoa: as imagens, por princípio, destinam-se ao exclusivo deleite da rapaziada. Imagino-os felizes, a olhar para a minha nave especial na página do calendário lá da esquadra, mês de Outubro... De caminho, enquanto virava para mim o aparelho de alta tecnologia, puxando para cima e para baixo fotos e tabelas com a ajuda do estilete, foi orientando o olhar para o meu decote. Claro que esta festa me custou cento e vinte euros; mas o que é isso, quando se trata de um evento tão prestigiante? Adiante, quando me afastei, ainda quis ser fotografada outra vez. Mas, por infortúnio, o semáforo estava verde...

3.10.06

A minha vizinha e outros quinhentos

Que me perdoem os queridos que gostam das coisas sérias mas eu não me posso permitir levar a vida, ou o pouco que me resta dela, lá muito a sério porque posso andar aqui a arrastar-me pelos cantos e a maldizer as cruzes que me carregam nas artérias inflamadas mas não estou amargurada e quando chegar o dia hei-de ir de cara bem lavada e a cheirar a perfume caro que eu guardo sempre o melhor para o fim!

Gosto muito da minha vizinha. É uma mulher quarentona, daquelas avantajadas. A gente às vezes encontra-se à janela. Eu a bem dizer passo lá muito tempo a observar as telenovelas em que as pessoas transformam as suas vidas privadas. Já assisti a tanta cena da minha janela que contando ninguém acreditaria! A minha vizinha de vez em quando aparece no beiral, de lenço na cabeça e de peitaça praticamente à mostra. Tenho inveja da peitaça dela. Eu tinha uma assim quando era nova. Agora levou sumiço depois de tantos anos de esfreganços e chupanços ilícitos. Já ouvi falar dessas falsas que se põem lá por dentro da pele mas isso é quando estamos naquela meia-idade indefinida em que quase só pela inclinação delas os homens nos situam mais perto dos trinta ou já bem para lá dos quarenta.

Mas eu cá já não gasto dinheiro nessas coisas. A minha última aquisição vai ser o meu caixão e mesmo assim já ando aqui angustiada porque os somíticos dos afilhados, que andavam sempre de roda de mim a pedinchar sempre que vinha a Páscoa ou o Natal, agora de repente lembraram-se que não vale a pena gastar muito nessa última morada da tia esclerosada e escolheram-me o mais barato lá do catalogo. "E vai ver que aqui fica mesmo bem tia! Você até está tão magra!" Atrevidos! Até parece que nessa altura eu me vou apoquentar se fico mal ou bem na fotografia assim ali encaixotada!

Ontem perguntei à minha vizinha, só mesmo para me distrair um bocadinho com ela que a mulher é uma verdadeira força da natureza. "Olhe lá vizinha, o que acha você que anda aqui a fazer?" Ela virou-se e sorriu, uma força da natureza! "Ai vizinha, então agora tenho que coser três pares de meias do Manel que o homem às vezes parece que tem patas em vez de pés. E tenho tanta roupa para lavar que sou capaz de ficar aqui todo o ano a dar voltas e voltas aos sacos de roupa suja que não têm mais fim!" Tive pena da minha vizinha, cujo objectivo é apenas coser, lavar e cozinhar para o homem dela e mais uns quantos que aparecem sempre à procura de cama, comida e roupa lavada. Como é que ainda há uma alminha assim, uma verdadeira força da natureza, que passa dias e dias a fio ali fechada, lavando, passando, cosendo, assando sem pensar em mais nada? Enquanto outros se dão ao luxo de perder tempo a pensar nos "quem sou eu?" e "que faço aqui?"

É muito curta esta vida que chega ao fim. Quase não chegamos a saboreá-la… quase não chegamos a vivê-la. Dizem-me que há quem deixe obra e que isso é bom! Bom?! Para quem? Deixando obra ou não, o que interessa isso aos que já cá não estão? Sentir-se-á melhor o homem que viveu em função dos outros ou aquele que viveu em função de si próprio? E será que isso interessa a não ser ao próprio?

Ai mulher… tu andas a matutar demais! Devem ser as sinapses histéricas a gastar os últimos cartuchos dentro desta cabecinha maravilha. Quis ser tudo e não fui grande coisa! Paciência! Pelo menos tentei fazer um grande estrilho! Não deixo grande obra e o dinheirito também tá todo contado. E as minhas memórias essas levo-as comigo que já não há tempo nem espaço para contar tanta peripécia que coube numa vida tão curta e aparentemente tão simples.

Pois gozem bem a vida. Façam dela uma festa, uma celebração! Aproveitem todos os bocadinhos, sempre que houver ocasião e mesmo que não haja disposição! Apetece-me dizer um palavrão! Fuck it! Go and grab life by the balls and squeeze them until there's nothing left! (e que me perdoem os leitores masculinos a quem esta imagem seguramente arrepiará mais do que inspirará!)

1.10.06

Querer mais

Tem piada que à medida que o tempo passa pensava que as tempestades interiores amainassem, tranquilizando temores e terrores antigos e suavizando vazios que nunca foram preenchidos. Mas os anos não nos suavizam a alma nem esbatem as memórias que nela ficaram gravadas. Envelhecer não é morrer. Envelhecer é viver mais. É sentir mais. É querer mais. Talvez porque os anos, tantos, já passaram assim de repente e hoje os vazios são maiores, e os temores assumem proporções assustadoras e por vezes devastadoras dentro de nós. Cada olhar agora é como se fosse o último. Cada toque é mil vezes mais intenso. Cada palavra desfaz ou refaz a esperança que ainda temos de sermos um dia felizes numa vida que o é cada vez menos.

Por dentro estou mil vezes maior do que era antes, mas por fora sinto-me mil vezes mais enfraquecida. As feridas pequenas nunca cicatrizaram, transformaram-se em sulcos profundos que me tolhem os movimentos e me lembram que já não sou o que era. Envelhecer é sentir que a alma, ou a consciência ou o que seja que faz de nós o que somos, é cada vez maior face a um invólucro físico que cada vez nos serve menos. Apetece-me pedir para trocar! Chegar ali ao balcão de reclamações (onde fica?) e reclamar bem alto: olhe troque-me! Agora quero ter 25 anos outra vez! Não me importa ser bonita ou feia, mas quero não sentir o peso da idade nos meus ombros! Quero não sentir a dor das articulações inflamadas de cada vez que me aventuro em gestos mais ousados!

Quero ser jovem outra vez porque quero voltar a amar, perdidamente e loucamente. Não sei amar sem me apaixonar e não sei estar apaixonada sem ter como ir ao fim do mundo e voltar num só minuto e repeti-lo uma e outra vez até à exaustão! E quero não mais sentir que este meu corpo é uma prisão.

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