27.2.06
A noite passada, enquanto desossava o frango para a canja de hoje, bebericava sake, num copo de cerâmica japonesa. O contraste agradou-me. Constatei que até na brutalidade do acto era inserida alguma espécie de delicadeza. Percebi que a sofisticação da bebida e do recipiente aguçava a minúcia no manejo do gume que extraía pedaços de carne, muito soltos. A carne, ora muito branca, ora eivada de sangue, estava agora toda bem macia. Porque antes de me atirar a ela, cozinhei-a apuradamente.
Os monstros (para a Isabel R.)
A história dos monstros lembrou-me uma das cenas mais geniais da Família Adams, que ainda por cima tem tudo a ver com esta época festiva que estamos a atravessar.
Perguntam à Wednesday se não se vai mascarar para um baile; ela responde:
- Eu já estou mascarada. Estou mascarada de psicopata. Os psicopatas parecem pessoas normais.
Perguntam à Wednesday se não se vai mascarar para um baile; ela responde:
- Eu já estou mascarada. Estou mascarada de psicopata. Os psicopatas parecem pessoas normais.
Ó nha santinha!
Atirastezes com uma rezazita naquele post em crescendo que o resto do blog ficou todo desconfigurado (o tamanho da letra ficou maior)! Podezes lá ir emendar a coisa? Brigadas!
Em defesa da manutenção da privacidade dos bidés
Contrariamente à tendência moderna sobre a (falta de) utilidade daquela peça sanitária denominada bidé, considero que, em certas situações de falha de duche por variadíssimas razões (não há água, não há tempo, não há duche), a falta de uso do mesmo, seja para lavar um pé mais tranpirado ou outro pedaço de corpo que acabou de ser usado, é que é uma grande porcalhotice. Mas eu sou do tempo em que as pessoas dum lado do dia tomavam banho e do outro lavavam alguns bocados que, por estarem sujos, incomodavam o próprio e os outros. Coisas de educação, embora admita (teoricamente) que as pessoas transportem consigo miasmas insuportáveis a chulés, sovacadas e outros que tais, cujo decoro me impede de nomear aqui. Teoricamente, porque na prática criaturas malcheirosas que não se cheguem perto.
Mas cada um é como cada qual e o que me traz aqui não é a defesa da utilização do bidé, mas uma questão que me intriga enormemente:
- Porque carga de água nas casas de banho dos locais de trabalho existem bidés??? Alguém no seu juízo perfeito vai lavar alguma coisa (já não falando da falta de sabão, nem no facto de depois andar a pingar ou com bocados de papel agarrados à...sola do pé, por exemplo) num bidé utilizado por desconhecidos???
Mas cada um é como cada qual e o que me traz aqui não é a defesa da utilização do bidé, mas uma questão que me intriga enormemente:
- Porque carga de água nas casas de banho dos locais de trabalho existem bidés??? Alguém no seu juízo perfeito vai lavar alguma coisa (já não falando da falta de sabão, nem no facto de depois andar a pingar ou com bocados de papel agarrados à...sola do pé, por exemplo) num bidé utilizado por desconhecidos???
25.2.06
Eu só gostava de saber se existem monstros. É que se existem eu quando ouvir barulhos lá fora, em vez de olhar para a janela e deparar-me com uma carantonha mostrenga a salivar maldade pelos dentes, suicido-me logo antes que doa. E se não existem, tranco as portas e janelas e chamo a polícia.
24.2.06
Desabafo
Estas crianças que matam pessoas, quando nasceram, eram bebés. Iguais aos nossos filhos, totalmente dependentes dos pais. Precisaram de uma data de coisas. Precisavam de uma data de coisas. Não lhes foi dado isso tudo a que tinham direito: amor, carinho, educação, disciplina, brincadeiras, mimos, histórias na cama e abraços antes de dormir, palmadas no rabo quando se portavam mal, elogios, raspanetes, sorrisos de orgulho, abanares de cabeça, beijos nas saudades, colos nas doenças.
Não me conformo Não me conformo.
São mais de 15 mil miúdos nestas condições.
Não me conformo Não me conformo.
São mais de 15 mil miúdos nestas condições.
22.2.06
Arquivo
soc-anonima 1.txt
é do mar que te escrevo, meu amor. deste imenso mar gelado ao largo da ponta de sagres. estou rodeada de algas. limos por entre os dedos e as pernas. é aqui que me arrogo o direito à beleza do vazio. desafio a vida. queria dizer-te, meu amor, que este foi o caminho possível. umas braçadas de encontro à alma.
soc-anonima 2.txt
criança cristalizada
trago num bolso algumas pedras e folhas emprestadas a outonos distantes e, noutro, a areia de um deserto próximo. vacilo.
soc-anonima 3.txt
excentro-me. parto daqui para o limite do mundo circunferente para lá de mim. infinito-me. disperso o olhar pelo voo perimetrial da tua ausência esgotada. morro-me.
é do mar que te escrevo, meu amor. deste imenso mar gelado ao largo da ponta de sagres. estou rodeada de algas. limos por entre os dedos e as pernas. é aqui que me arrogo o direito à beleza do vazio. desafio a vida. queria dizer-te, meu amor, que este foi o caminho possível. umas braçadas de encontro à alma.
soc-anonima 2.txt
criança cristalizada
trago num bolso algumas pedras e folhas emprestadas a outonos distantes e, noutro, a areia de um deserto próximo. vacilo.
soc-anonima 3.txt
excentro-me. parto daqui para o limite do mundo circunferente para lá de mim. infinito-me. disperso o olhar pelo voo perimetrial da tua ausência esgotada. morro-me.
21.2.06
Colagem
Rasgo o dia à tua passagem, como se a tua pele ficasse presa nos meus dedos à medida que vou rompendo os minutos, as horas; descosendo a luminosidade do sol que bate sobre a parede do meu quarto.
Nas sobras das minhas mãos, o teu corpo compõe-se em silêncio. Não há partes que me faltem quando estás longe.
Nas sobras das minhas mãos, o teu corpo compõe-se em silêncio. Não há partes que me faltem quando estás longe.
O meu segredo és tu, dentro das minhas mãos que escondo, onde te sopro e te vejo nascer.
Um dia, daqui a uns tempos, é que vamos ver no que isto vai dar...
Já não bastava a nova geração de pais que têm filhos porque é moda e que depois os abandonam aos cuidados das empregadas e não lhes dão educação nenhuma, ou os pais acagaçados que não dão um tabefe ao miúdo porque coitadinho, pode ficar traumatizado, ou os pais desmiolados que não percebem que filhos são filhos e pais são pais e o respeitinho é uma cosa muito bonita, ainda querem acabar com o pouco que restava da verdadeira escola dos miúdos. Acabam-lhes com os furos, esses autênticos lemes da aprendizagem da adolescência nua e crua.
Eu passei três ou quatro anos a rezar aos santinhos para ter feriado às aulas de história e de filosofia, que nunca eram ao último tempo. Ali, naquelas horas em que não havia obrigações nenhumas, saía-se da escola à socapa, derretiam-se escudos nos flippers, compravam-se cigarros avulso, beijava-se o namorado da amiga e, à vezes, bebia-se ginginha. Nunca, mas nunca, se ía estudar para a biblioteca. Isso ficou para depois de passada a idade própria dos disparates.
Estes miúdos estão a crescer quase assépticos. A tampa vai-lhes saltar fora do prazo.
Eu passei três ou quatro anos a rezar aos santinhos para ter feriado às aulas de história e de filosofia, que nunca eram ao último tempo. Ali, naquelas horas em que não havia obrigações nenhumas, saía-se da escola à socapa, derretiam-se escudos nos flippers, compravam-se cigarros avulso, beijava-se o namorado da amiga e, à vezes, bebia-se ginginha. Nunca, mas nunca, se ía estudar para a biblioteca. Isso ficou para depois de passada a idade própria dos disparates.
Estes miúdos estão a crescer quase assépticos. A tampa vai-lhes saltar fora do prazo.
Bamo lá bêdisto!
Isto não é um post sobre sexo ou variantes do dito.
Óóóóóóh oiço já eu a clientela insatisfeita - poizé, azareco. Que este tasco também vive de coisas normais, como textos sobre coisa nenhuma só porque apetece enquanto se tenta digerir a porra de um cherne supostamente grelhado mas que mais parecia frito em óleo usado. E depois, há que dar uso ao tasco e tirar a barriga de misérias. Sem exemplo, que o tasco é das senhoras que aqui escrevem e uma pessoa com um ego alargado tende para extravasar para o resto. Não sou de grupos, tá visto, funciono mal em equipas, pessimamente em colectividades e, a bem dizer, detesto gajas. Todas à excepção das minhas amigas, claro, as que aqui escrevem e até as que aqui NÃO escrevem (aproveitei e mandei esta pequena indirecta, já que aqui estou e assim escuso de gastar selo num email) e mais umas quantas que nunca aqui escreveram, nem aqui nem em parte nenhuma, enfim, em resumo, detesto gajedo mas gosto das minhas amigas, acho que me estou a repetir. É da falta de hábito, já estou toda descoerente mas prontes, tá feita a coisa. Custa muito? Cinco minutos com ligação do cérebro directa aos dedos, já nem sei o que escrevi há cinco linhas atrás e também não me vou dar ao trabalho de ler. Leiam os leitores que é para isso que lhes pagamos. E agora tenho mais que fazer, podem esperar sentados que responda a eventuais comentários.
Óóóóóóh oiço já eu a clientela insatisfeita - poizé, azareco. Que este tasco também vive de coisas normais, como textos sobre coisa nenhuma só porque apetece enquanto se tenta digerir a porra de um cherne supostamente grelhado mas que mais parecia frito em óleo usado. E depois, há que dar uso ao tasco e tirar a barriga de misérias. Sem exemplo, que o tasco é das senhoras que aqui escrevem e uma pessoa com um ego alargado tende para extravasar para o resto. Não sou de grupos, tá visto, funciono mal em equipas, pessimamente em colectividades e, a bem dizer, detesto gajas. Todas à excepção das minhas amigas, claro, as que aqui escrevem e até as que aqui NÃO escrevem (aproveitei e mandei esta pequena indirecta, já que aqui estou e assim escuso de gastar selo num email) e mais umas quantas que nunca aqui escreveram, nem aqui nem em parte nenhuma, enfim, em resumo, detesto gajedo mas gosto das minhas amigas, acho que me estou a repetir. É da falta de hábito, já estou toda descoerente mas prontes, tá feita a coisa. Custa muito? Cinco minutos com ligação do cérebro directa aos dedos, já nem sei o que escrevi há cinco linhas atrás e também não me vou dar ao trabalho de ler. Leiam os leitores que é para isso que lhes pagamos. E agora tenho mais que fazer, podem esperar sentados que responda a eventuais comentários.
19.2.06
"Say it!!!"
Gostariam que uma mulher dissesse exactamente o que querem que ela diga?
E que tal um guião só com as palavras que querem ouvir? Essa mulher existe. Pelo menos, virtualmente. É o que se pode chamar uma mulher fácil.
Coloca-se a opção português e escreve-se o que nos apetece, que ela diz o que se quer ouvir.
A dream come true.
(Via Mau Tempo no Canil)
E que tal um guião só com as palavras que querem ouvir? Essa mulher existe. Pelo menos, virtualmente. É o que se pode chamar uma mulher fácil.
Coloca-se a opção português e escreve-se o que nos apetece, que ela diz o que se quer ouvir.
A dream come true.
(Via Mau Tempo no Canil)
17.2.06
Os caríssimos admiradores, perdão, comentadores
que não se assustem, que o blog não foi tomado de assalto. Estou só a dar uma perninha, enquanto as outras não voltam.
O programa, incluindo a parte crómatica da coisa, segue dentro de momentos.
O programa, incluindo a parte crómatica da coisa, segue dentro de momentos.
Ora bistes, o que dá uma pesquisa no google...
(tá visto que tenho de ser eu hoje a manter aqui o tasco)
Vou eu fazer uma pesquisa de imagens por 'duck' e substituir ali o guarda-chuva do lado por um patinho, para lembrar que daqui a umas semanas chegam as aves migratórias com a respectiva gripe (achei que era boa ideia, não me perguntem porquê) e vejam-me bem o que apareceu:
(imagem daqui)
e com isto tudo, até me esqueci do pato...
Vou eu fazer uma pesquisa de imagens por 'duck' e substituir ali o guarda-chuva do lado por um patinho, para lembrar que daqui a umas semanas chegam as aves migratórias com a respectiva gripe (achei que era boa ideia, não me perguntem porquê) e vejam-me bem o que apareceu:
(imagem daqui)
e com isto tudo, até me esqueci do pato...
16.2.06
a escutar conversas alheias
Na esplanada, na mesa da frente, sentaram-se um rapaz e uma rapariga, adolescentes. Enquanto comia o bitoque ensopado em óleo, sem tirar os óculos escuros, escutava a conversa entre eles.
Eram apenas amigos. Talvez não devesse dizer “apenas”: sempre acreditei que as amizades intersexuais adolescentes são tão importantes para o conhecimento e tolerância do sexo oposto como os namoros. Ou mais ainda.
Trocaram algumas informações importantes. Ela ensinou que não se deve pôr a mão na cara, porque a sujidade das mãos pode estimular o aparecimento de borbulhas. Explicou que era por isso que agora, sempre que está cansada, assenta o queixo na mão, ao invés da bochecha. Ele rebateu que então ela não deveria fumar, porque o tabaco acelera o envelhecimento da pele. A miúda ripostou que ele estava a beber café e que o café faz amarelecer os dentes.
Acerca do amor, ela pragmaticamente admitiu que os seus dois últimos namorados a tinham encornado. Um deles, sabia que sim; em relação ao outro, tinha apenas a certeza. O amigo perguntou-lhe se ela não lhe tinha feito o mesmo, ao que ela respondeu que não: não fazia aos outros o que não gostava que lhe fizessem a ela. Perguntou-lhe ainda se tinha chorado, mas ela esclareceu-o, num tom orgulhoso - sabes que isso do choro, é tudo filme: as raparigas choram à vossa frente, mas é só para ver se por fim vos sensibilizam...
Eram apenas amigos. Talvez não devesse dizer “apenas”: sempre acreditei que as amizades intersexuais adolescentes são tão importantes para o conhecimento e tolerância do sexo oposto como os namoros. Ou mais ainda.
Trocaram algumas informações importantes. Ela ensinou que não se deve pôr a mão na cara, porque a sujidade das mãos pode estimular o aparecimento de borbulhas. Explicou que era por isso que agora, sempre que está cansada, assenta o queixo na mão, ao invés da bochecha. Ele rebateu que então ela não deveria fumar, porque o tabaco acelera o envelhecimento da pele. A miúda ripostou que ele estava a beber café e que o café faz amarelecer os dentes.
Acerca do amor, ela pragmaticamente admitiu que os seus dois últimos namorados a tinham encornado. Um deles, sabia que sim; em relação ao outro, tinha apenas a certeza. O amigo perguntou-lhe se ela não lhe tinha feito o mesmo, ao que ela respondeu que não: não fazia aos outros o que não gostava que lhe fizessem a ela. Perguntou-lhe ainda se tinha chorado, mas ela esclareceu-o, num tom orgulhoso - sabes que isso do choro, é tudo filme: as raparigas choram à vossa frente, mas é só para ver se por fim vos sensibilizam...
15.2.06
Mas ainda "se pede" namoro?
Confesso, sou uma romântica lamechas que se derrete com o mais ínfimo mimo. Gosto de tradições, de comemorações, de lençóis borados e que o meu marido me ofereça flores. Apesar disto tudo, nunca gramei o "dia dos namorados". Não gosto, não comemoro e ponto final.
Esta manhã em conversa de café, alguém disse: "Ah! Nós não comemoramos o dia dos namorados porque comemoramos o dia de anos de namoro" (mulher, 34 anos, casada há uns nove ou dez anos)
O dia de quê?! Como é que se "marca" isso? Será o dia do primeiro beijo? Mas de que beijo? Da primeira queca? Da primeira discussão? Da primeira noite? Do primeiro banho? Da primeira insinuação? (Alerta leitores estudantes! Há aqui tema para encher uma tese!)
Havendo um pedido de namoro à moda antiga, o que duvido muito nos dias que correm (não estou de todo a ver um homem feito ir a casa dos pais da sua mais-que-tudo perguntar se pode saltar em cima da miúda), ou mesmo um daqueles pedidos infantis que proliferam nas escolas primárias e que se traduzem no banal - Lurdes, queres namorar comigo?, está o caso encerrado. O dia é esse e não se fala mais nisso. Mas quando o namoro começa aos bocadinhos, quando vai começando, como é que se faz?
Comemorar o amor é que é bom, pá. E isso faz-se todos os dias.
Esta manhã em conversa de café, alguém disse: "Ah! Nós não comemoramos o dia dos namorados porque comemoramos o dia de anos de namoro" (mulher, 34 anos, casada há uns nove ou dez anos)
O dia de quê?! Como é que se "marca" isso? Será o dia do primeiro beijo? Mas de que beijo? Da primeira queca? Da primeira discussão? Da primeira noite? Do primeiro banho? Da primeira insinuação? (Alerta leitores estudantes! Há aqui tema para encher uma tese!)
Havendo um pedido de namoro à moda antiga, o que duvido muito nos dias que correm (não estou de todo a ver um homem feito ir a casa dos pais da sua mais-que-tudo perguntar se pode saltar em cima da miúda), ou mesmo um daqueles pedidos infantis que proliferam nas escolas primárias e que se traduzem no banal - Lurdes, queres namorar comigo?, está o caso encerrado. O dia é esse e não se fala mais nisso. Mas quando o namoro começa aos bocadinhos, quando vai começando, como é que se faz?
Comemorar o amor é que é bom, pá. E isso faz-se todos os dias.
O beijo, Rodin (daqui)
14.2.06
no dia dos namorados, um presente
Para a Isabela e, é claro, para todos que o queiram.
Bem sei que estas palavras não são minhas; são de Rainer Maria Rilke, mas - que diabo! - eu não diria melhor. Em todo o caso, deu-me uma trabalheira procurar os excertos que pretendia e trancrevê-los para aqui.
Os excertos são de cartas escritas pelo poeta entre 1903 e 1908. Lamento imenso, Isabela, não poder oferecer-te o seu autor...
«...”escrever e viver no cio”. – E de facto a experiência artística está tão incrivelmente próxima da sexual, da sua dor e do seu prazer, que estes dois fenómenos afinal só são formas diferentes de uma mesma saudade e beatitude. E se se pudesse em vez de cio – dizer sexo, sexo num sentido vasto, puro, grande, livre das suspeições erróneas das igrejas, então a arte dele seria muito grande e infinitamente importante. A sua força poética é grande, vigorosa como um instinto primitivo, tem ritmos próprios brutais e jorra dele como das montanhas.
(...) Pois não é maduro nem puro o mundo sexual que não é suficientemente humano, mas apenas viril, e então é cio, embriaguês e ímpeto, carregado com todos os preconceitos e arrogâncias com que o ser masculino desfigurou e acabrunhou o amor.
(...) O prazer é uma experiência dos sentidos, não difere do puro olhar ou do puro sabor com que um belo fruto nos enche a língua; é uma experiência grande e infindável que nos é dada, um saber do mundo, a plenitude e o esplendor de todo o saber.
(...) E talvez os sexos sejam mais aparentados do que o que se pensa e a grande regeneração do mundo bem pode consistir em que o homem e a rapariga se hão-de procurar, livres de todos os sentimentos equívocos e repugnâncias, não como contrários, mas como irmãos e vizinhos, e se hão-de reunir como seres humanos para simplesmente, seriamente e pacientemente, assumirem em conjunto a difícil sexualidade que lhes cabe.
(...) As mulheres, em quem a vida permanece e vive, imediata, fecunda, confiante, tiveram de tornar-se no fundo seres humanos mais maduros, seres humanos mais humanos do que o homem fácil, que não vai além da superfície da vida sob o peso de um fruto do ventre e que, petulante e apressado, subestima o que diz amar. (...) um dia a rapariga existirá e a mulher, e o seu nome não voltará a significar um mero contrário do masculino, mas sim qualquer coisa que não faça pensar em complemento e fronteira, mas só na vida e na existência -: o ser humano feminino.
Este progresso transformará a experiência do amor que anda agora tão cheia de erros (muito contra a vontade dos homens ultrapassados, para já), transformá-la-á de cima abaixo, numa relação que há-de ser de ser humano a ser humano e não de homem para mulher. E esse amor mais humano (que será infinitamente desprevenido e suave e bem há-de perfazer-se claramente nos laços que fizer e desfizer) será parecido com o que preparamos com penoso esforço, com o amor que consiste em duas solidões se protegerem, limitarem e reconhecerem.»
Bem sei que estas palavras não são minhas; são de Rainer Maria Rilke, mas - que diabo! - eu não diria melhor. Em todo o caso, deu-me uma trabalheira procurar os excertos que pretendia e trancrevê-los para aqui.
Os excertos são de cartas escritas pelo poeta entre 1903 e 1908. Lamento imenso, Isabela, não poder oferecer-te o seu autor...
«...”escrever e viver no cio”. – E de facto a experiência artística está tão incrivelmente próxima da sexual, da sua dor e do seu prazer, que estes dois fenómenos afinal só são formas diferentes de uma mesma saudade e beatitude. E se se pudesse em vez de cio – dizer sexo, sexo num sentido vasto, puro, grande, livre das suspeições erróneas das igrejas, então a arte dele seria muito grande e infinitamente importante. A sua força poética é grande, vigorosa como um instinto primitivo, tem ritmos próprios brutais e jorra dele como das montanhas.
(...) Pois não é maduro nem puro o mundo sexual que não é suficientemente humano, mas apenas viril, e então é cio, embriaguês e ímpeto, carregado com todos os preconceitos e arrogâncias com que o ser masculino desfigurou e acabrunhou o amor.
(...) O prazer é uma experiência dos sentidos, não difere do puro olhar ou do puro sabor com que um belo fruto nos enche a língua; é uma experiência grande e infindável que nos é dada, um saber do mundo, a plenitude e o esplendor de todo o saber.
(...) E talvez os sexos sejam mais aparentados do que o que se pensa e a grande regeneração do mundo bem pode consistir em que o homem e a rapariga se hão-de procurar, livres de todos os sentimentos equívocos e repugnâncias, não como contrários, mas como irmãos e vizinhos, e se hão-de reunir como seres humanos para simplesmente, seriamente e pacientemente, assumirem em conjunto a difícil sexualidade que lhes cabe.
(...) As mulheres, em quem a vida permanece e vive, imediata, fecunda, confiante, tiveram de tornar-se no fundo seres humanos mais maduros, seres humanos mais humanos do que o homem fácil, que não vai além da superfície da vida sob o peso de um fruto do ventre e que, petulante e apressado, subestima o que diz amar. (...) um dia a rapariga existirá e a mulher, e o seu nome não voltará a significar um mero contrário do masculino, mas sim qualquer coisa que não faça pensar em complemento e fronteira, mas só na vida e na existência -: o ser humano feminino.
Este progresso transformará a experiência do amor que anda agora tão cheia de erros (muito contra a vontade dos homens ultrapassados, para já), transformá-la-á de cima abaixo, numa relação que há-de ser de ser humano a ser humano e não de homem para mulher. E esse amor mais humano (que será infinitamente desprevenido e suave e bem há-de perfazer-se claramente nos laços que fizer e desfizer) será parecido com o que preparamos com penoso esforço, com o amor que consiste em duas solidões se protegerem, limitarem e reconhecerem.»
in Rainer Maria Rilke, Cartas a Um Jovem Poeta
13.2.06
Dia de namorar
Aqui há tempos ofereceram-me uma garrafa de vinho daquele que eu não conseguiria pagar nem que achasse que era mais importante comprar vinho que sapatos, mas que achei que ia gostar bastante de beber e que por isso achei que merecia uma ocasião especial. Só me deram uma por isso decidi que tinha de ser bebida numa ocasião especial que envolvesse apenas duas pessoas, e um jantar romântico pareceu-me bem. Meteu-se o natal, passagem de ano, uma gripe, duas semanas sem olfacto, uma semana cheia de trabalho, outra semana cheia de festas de anos, e passaram-se os meses sem uma oportunidade conveniente para beber o raio do vinho, e com as expectativas a crescer. Na semana passada surgiu uma oportunidade e ficou mais ou menos combinado um jantar romântico. O homem chegou atrasado, sem a sobremesa prometida, sem flores e sem vontade de fazer o jantar. Disse que se foda, fiz uns raviolis com molho de cogumelos e bacon, abri o raio do vinho e o vinho foi bom na mesma, mesmo sem velas, flores, olhos brilhantes e uma tarte de maçã para a sobremesa. O que eu quero dizer com tudo isto é que não vale a pena criar expectativas à volta de datas especiais, porque o que é bom é sempre bom.
12.2.06
Dias dos Namorados: Uma questão fracturante?
Sim ou não?
Há uns anos armei-me em mulher não consumista com o pretexto de que o dia dos namorados devia ser todos os dias, que aquilo era só negócio, mai não sei quê e não quis saber do 14 de Fevereiro para nada.
Resultado, na rua só via caixinhas com corações vermelhos, balões, jantarinhos com velas, relógios com setas, postais com dizeres, flores com cupidos I love you, e eu nada. Conclusão, andei todo o dia de trombas.
Depois desse dia tornei-me de novo uma feroz consumista. Mas feliz.
11.2.06
Anúncio
Jovem universitária, culta, domínio de três línguas estrangeiras, conhecimentos de informática do ponto de vista do utilizador, atrevida, criativa, bundinha marota e mãos de fada, oferece serviços ao domicílio de massagens e discussões sobre Kant. Cartas de recomendação. Viatura própria.
Ai é um concurso de anúncios?
(ganda ideia, louca!)
Muito loira e muito burra, responde sempre 'hã? não percebi mas deves ter razão, mostra lá como é então!' procura rapaz inteligente e culto que lhe leia as legendas do canal Sexy Hot.
Muito loira e muito burra, responde sempre 'hã? não percebi mas deves ter razão, mostra lá como é então!' procura rapaz inteligente e culto que lhe leia as legendas do canal Sexy Hot.
e mais uma tentativa...
Trintona giraça, imperfeita. Olhar maternal e sorriso de menina. O seu lugar é, sobretudo, a cozinha, de onde saem pérolas de culinária - ajeitando-se bem em outras zonas da casa, do carro, etc. Calada e de língua atrevida, procura um gajo que lhe dê umas boas lições.
grande ideia, louca!
Morena gostosa, boquinha sensual e gulosa. Muito meiga e carinhosa. Procura sacaninha só para bater prosa...
10.2.06
na ordem do dia
Então anda tudo a falar em orgasmos fingidos e nós, aqui, nada?
Até parece mentira.
Eu nunca fingi um orgasmo. Também foi rara a vez em que não cheguei lá.
Nas ocasiões em que tal me aconteceu, não houve dramas. Afinal, se cheguei á iminência - ou nem isso, calha suceder... - terá certamente sido com vontade.
Também me aconteceu não ter desejo. Ou não ter sequer vontade e acabar por atingir o orgasmo. Na minha óptica, é menos bom do que sentir desejo e não chegar lá, mas enfim: sempre se aproveita qualquer coisa.
Nunca tive pejo em dizer "hmm, continua", ou "pára, faz antes assim". Pegar na mão e pôr onde a quero, usar o corpo dele sem pudores.
A exigência pressupõe o recíproco: a nossa generosidade.
O prazer de cada um é sempre o maior prazer para o outro. Em todos os sentidos e com todos os sentidos.
Nota: sobre este assunto, e estudos relacionados, dois posts no Troll Urbano e outro no Devagares - e discussões subsequentes, nas caixas de comentários.
Até parece mentira.
Eu nunca fingi um orgasmo. Também foi rara a vez em que não cheguei lá.
Nas ocasiões em que tal me aconteceu, não houve dramas. Afinal, se cheguei á iminência - ou nem isso, calha suceder... - terá certamente sido com vontade.
Também me aconteceu não ter desejo. Ou não ter sequer vontade e acabar por atingir o orgasmo. Na minha óptica, é menos bom do que sentir desejo e não chegar lá, mas enfim: sempre se aproveita qualquer coisa.
Nunca tive pejo em dizer "hmm, continua", ou "pára, faz antes assim". Pegar na mão e pôr onde a quero, usar o corpo dele sem pudores.
A exigência pressupõe o recíproco: a nossa generosidade.
O prazer de cada um é sempre o maior prazer para o outro. Em todos os sentidos e com todos os sentidos.
Nota: sobre este assunto, e estudos relacionados, dois posts no Troll Urbano e outro no Devagares - e discussões subsequentes, nas caixas de comentários.
9.2.06
Ciúmes
Não sou ciumenta. Quer dizer, tenho alguns ciúmes do raio do futebol que me rouba a presença do homem todas as semanas, e dos jantares de copos para os quais não são convidada, e houve uma vez que vi um namorado todo amarrado a uma gaja em que me deu assim uma coisa que acho que poderia ser ciúme, mas que também podia ser despeito. Mas no geral não sou ciumenta.
Tenho uma amiga que se zanga com o marido sempre que ele olha mais tempo do que ela acha conveniente para uma gaja que passe na rua ou para a moça do anuncio do gás, outra que não deixa o marido ir a lado nenhum sem ela "porque as mulheres são todas umas malucas" e outra ainda que se dedica a fazer inquéritos ao namorado para averiguar se ele se anda a portar bem e ao que parece há até quem tenha ciúmes de pornografia.
Pois a mim nenhuma destas reacções me passaria sequer pela cabeça. E sou inclusive a primeira lá de casa a pensar "AH bouaaaa" quando a botija passa pela menina do gás (mas aqui pra nós que ninguém nos ouve, aborrecem-me um bocado aquelas sandálias...).
Durante muitos anos achei que esta minha maneira de ser se devia ao facto de eu achar que sou a melhor gaja do mundo (jeitosa, inteligente, bonita, com graça, sexy, etc etc), e que como tal, gajo nenhum me quereria trocar.
Depois comecei a pensar que era uma espécie de projecção (se a mim nunca me passou pela cabeça traição de espécie nenhuma, aos outros decerto que também não passa). Mas houve um dia em que de facto acarinhei a ideia de uma pequena facada no matrimónio, e até comecei a adoptar a frase "não meto as mãos no fogo por mim, quanto mais pelos outros", mas nem assim o ciúme me atacou.
Também me passou pela cabeça por instantes uma teoria em que eu sou tão boa que sou deus e como tal tenho de deixar espaço ao livre arbítrio.
Mas na verdade, acho que o que explica a minha falta de ciúmes é uma mistura de "não faças aos outros o que não queres que te façam a ti" com empatia. Porque o dia em que homem meu me fizesse uma cena de ciúmes por eu ter amigos, morar com homens, ir para os copos sozinha, olhar para o brad pitt com um ar lambão, era o dia em que esse homem levava um pontapé no rabo. Além disso, como posso eu mostrar ciúmes por coisas que eu acho normais, mandar vir por fazerem coisas que eu também gosto de fazer, mostrar incompreensão e intransigência perante coisas que eu compreendo e com as quais me identifico?
Parvoíces de quem não se conhece.
Tenho uma amiga que se zanga com o marido sempre que ele olha mais tempo do que ela acha conveniente para uma gaja que passe na rua ou para a moça do anuncio do gás, outra que não deixa o marido ir a lado nenhum sem ela "porque as mulheres são todas umas malucas" e outra ainda que se dedica a fazer inquéritos ao namorado para averiguar se ele se anda a portar bem e ao que parece há até quem tenha ciúmes de pornografia.
Pois a mim nenhuma destas reacções me passaria sequer pela cabeça. E sou inclusive a primeira lá de casa a pensar "AH bouaaaa" quando a botija passa pela menina do gás (mas aqui pra nós que ninguém nos ouve, aborrecem-me um bocado aquelas sandálias...).
Durante muitos anos achei que esta minha maneira de ser se devia ao facto de eu achar que sou a melhor gaja do mundo (jeitosa, inteligente, bonita, com graça, sexy, etc etc), e que como tal, gajo nenhum me quereria trocar.
Depois comecei a pensar que era uma espécie de projecção (se a mim nunca me passou pela cabeça traição de espécie nenhuma, aos outros decerto que também não passa). Mas houve um dia em que de facto acarinhei a ideia de uma pequena facada no matrimónio, e até comecei a adoptar a frase "não meto as mãos no fogo por mim, quanto mais pelos outros", mas nem assim o ciúme me atacou.
Também me passou pela cabeça por instantes uma teoria em que eu sou tão boa que sou deus e como tal tenho de deixar espaço ao livre arbítrio.
Mas na verdade, acho que o que explica a minha falta de ciúmes é uma mistura de "não faças aos outros o que não queres que te façam a ti" com empatia. Porque o dia em que homem meu me fizesse uma cena de ciúmes por eu ter amigos, morar com homens, ir para os copos sozinha, olhar para o brad pitt com um ar lambão, era o dia em que esse homem levava um pontapé no rabo. Além disso, como posso eu mostrar ciúmes por coisas que eu acho normais, mandar vir por fazerem coisas que eu também gosto de fazer, mostrar incompreensão e intransigência perante coisas que eu compreendo e com as quais me identifico?
Parvoíces de quem não se conhece.
8.2.06
Eu não devia escrever isto
mas escrevo.
Reescrevo para aqui um bocadinho do meu id que se vai revelando em sonhos. Eu, que sou uma perfeita criatura freudiana com tudo a que esse facto dá direito, acordo a meio da noite a transpirar por uma mulher.
Sei perfeitamente quem era mas não digo.
Reescrevo para aqui um bocadinho do meu id que se vai revelando em sonhos. Eu, que sou uma perfeita criatura freudiana com tudo a que esse facto dá direito, acordo a meio da noite a transpirar por uma mulher.
Sei perfeitamente quem era mas não digo.
7.2.06
as minhas manias
[Regulamento:
Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que o diferenciem do comum dos mortais. E, além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue.]
A Isabela, do Mundo Perfeito, quer saber quais são as minhas manias. Cinco, apenas – que eu tenho muitas mais! Apresento esta criteriosa seleção, que presumo suficientemente verdadeira. Ainda pensei em confirmar com o meu afastado, mas depois achei que não parecia bem.
Ser meticulosamente arrumada e sistemáticamente desarrumada. Parece um contrasenso, eu sei. Sucede que as minhas arrumações obedecem a um tal grau de minúcia que não há tempo na vida para eu conseguir arrumar tudo.
Esgaravatar. Em pequena arrancava alcatrão das rochas, betume dos móveis de madeira, raspava a casca de gravetos com as unhas, escafiava as pontas do lápis, tirava macacos do nariz com afinco. Mantenho esta última incidência bem viva. Mas não os atiro para o ar! (E também não os colo debaixo dos assentos das cadeiras.)
Encher de beijos as pessoas de quem gosto. Os meus filhos ficam frequentemente a cheirar a cuspo, coitados.
Comer chocolates. Como uma barra de 200grs por dia, no mínimo. Sou a prova de que o chocolate não engorda. Substituo facilmente o pequeno almoço por um pacote de maltesers e um copo de chocolate quente.
Apaixonar-me para sempre, sempre que me apaixono.
Tenho que passar a tarefa a outros cinco bloggers: Clitty (hey, hey) d' O Rapaz do Trapézio Voador, às meninas Isabel Faria do Troll Urbano e Emiéle do Pópulo, ao Eufigénio do Apenas Mais Um e ao António que dê por ela e a quem ainda apeteça responder (duvido muito), já que o Santa Cita me ignorou por completo, da Sociedade Antónia.
Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que o diferenciem do comum dos mortais. E, além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue.]
A Isabela, do Mundo Perfeito, quer saber quais são as minhas manias. Cinco, apenas – que eu tenho muitas mais! Apresento esta criteriosa seleção, que presumo suficientemente verdadeira. Ainda pensei em confirmar com o meu afastado, mas depois achei que não parecia bem.
Ser meticulosamente arrumada e sistemáticamente desarrumada. Parece um contrasenso, eu sei. Sucede que as minhas arrumações obedecem a um tal grau de minúcia que não há tempo na vida para eu conseguir arrumar tudo.
Esgaravatar. Em pequena arrancava alcatrão das rochas, betume dos móveis de madeira, raspava a casca de gravetos com as unhas, escafiava as pontas do lápis, tirava macacos do nariz com afinco. Mantenho esta última incidência bem viva. Mas não os atiro para o ar! (E também não os colo debaixo dos assentos das cadeiras.)
Encher de beijos as pessoas de quem gosto. Os meus filhos ficam frequentemente a cheirar a cuspo, coitados.
Comer chocolates. Como uma barra de 200grs por dia, no mínimo. Sou a prova de que o chocolate não engorda. Substituo facilmente o pequeno almoço por um pacote de maltesers e um copo de chocolate quente.
Apaixonar-me para sempre, sempre que me apaixono.
Tenho que passar a tarefa a outros cinco bloggers: Clitty (hey, hey) d' O Rapaz do Trapézio Voador, às meninas Isabel Faria do Troll Urbano e Emiéle do Pópulo, ao Eufigénio do Apenas Mais Um e ao António que dê por ela e a quem ainda apeteça responder (duvido muito), já que o Santa Cita me ignorou por completo, da Sociedade Antónia.
Ela? É um Ferrari, claro!
Porque eu sempre soube e agora isto vem comprová-lo!
I'm a Ferrari 360 Modena!
You've got it all. Power, passion, precision, and style. You're sensuous, exotic, and temperamental. Sure, you're expensive and high-maintenance, but you're worth it.
Take the Which Sports Car Are You? quiz.
(agradecimentos ao Santa Cita)
5.2.06
Calças, saias, calças... roupas, mulheres e coiso...
Hoje comprei umas calças número 29... Hurray!... pronto, ok, não faço ideia a que número europeu correspondem, mas, pá! são 29!!! ;)
Entretanto por causa daquele post da Luísa sobre a moda das saias por cima das calças, ando a tentar convencer o meu marido, e acho que os homens em geral deveriam sabê-lo e convencer-se disso, que as mulheres não se vestem a pensar neles. Não! obviamente que não. Por isso ninguém veste saias para lhes mostrar as pernas a eles. Até porque temos interesse em mostrar as pernas a um ou, vá lá, dois homens e não mais. As mulheres nãos e vestem a pensar nos homens, vestem-se a pensar nas outras mulheres e, também, para se olharem ao espelho e gostarem do que vêem. No caso das outras mulheres vestem-se por dois motivos: O primeiro é para fazer uma inveja saudável às amigas. Para ouvirem elogios das amigas e cosias que tal. O segundo é para fazer inveja às outras mulheres, aquelas que não nos aquecem nem arrefecem e aquelas de quem não se gosta por um qualquer motivo. Para meter as outras mulheres a pensar coisas como: "Olha aquela cabra! até tem umas pernas giras!"; "Estupor! comprou as calças que eu queria!"; "Puta! fica mesmo bem de saia!". Ora se pudemos usar duas peças ao mesmo tempo, as duas giras, e que façam as outras mulheres roerem-se de inveja, então porque não?
Pois Luísa, mas francamente também ainda não sei se gosto dessa nova moda. Na verdade até consigo achar giro em alguns casos se as roupas forem bem jogadas umas com as outras...
Entretanto por causa daquele post da Luísa sobre a moda das saias por cima das calças, ando a tentar convencer o meu marido, e acho que os homens em geral deveriam sabê-lo e convencer-se disso, que as mulheres não se vestem a pensar neles. Não! obviamente que não. Por isso ninguém veste saias para lhes mostrar as pernas a eles. Até porque temos interesse em mostrar as pernas a um ou, vá lá, dois homens e não mais. As mulheres nãos e vestem a pensar nos homens, vestem-se a pensar nas outras mulheres e, também, para se olharem ao espelho e gostarem do que vêem. No caso das outras mulheres vestem-se por dois motivos: O primeiro é para fazer uma inveja saudável às amigas. Para ouvirem elogios das amigas e cosias que tal. O segundo é para fazer inveja às outras mulheres, aquelas que não nos aquecem nem arrefecem e aquelas de quem não se gosta por um qualquer motivo. Para meter as outras mulheres a pensar coisas como: "Olha aquela cabra! até tem umas pernas giras!"; "Estupor! comprou as calças que eu queria!"; "Puta! fica mesmo bem de saia!". Ora se pudemos usar duas peças ao mesmo tempo, as duas giras, e que façam as outras mulheres roerem-se de inveja, então porque não?
Pois Luísa, mas francamente também ainda não sei se gosto dessa nova moda. Na verdade até consigo achar giro em alguns casos se as roupas forem bem jogadas umas com as outras...
4.2.06
Post a metro *
Venho da Baixa, esbaforida, com o post construído na linha azul, para vir a contar o meu encontro com a minha ex-sogra (parece que a tenho à perna até ao resto da vida, porque não há ex-sogras).
Chego aqui e só me ocorre a imagem de uma fava gigante: as favas que ela cozinhava só para me chatear.
* com cheiro a guisado.
Chego aqui e só me ocorre a imagem de uma fava gigante: as favas que ela cozinhava só para me chatear.
* com cheiro a guisado.
3.2.06
Quando a realidade ultrapassa a ficção
"onde é que estão os tarados?"
Onde andam todos não sei, mas pelo menos um estava há bocado numa rua de Lisboa, dentro do carro estacionado junto ao passeio, numa grande excitação, com o fecho das calças aberto.
(E não fui só eu que vi este espectáculo.)
Onde andam todos não sei, mas pelo menos um estava há bocado numa rua de Lisboa, dentro do carro estacionado junto ao passeio, numa grande excitação, com o fecho das calças aberto.
(E não fui só eu que vi este espectáculo.)
quês
Duas gajas na berma da estrada, ao princípio da noite, às voltas com o macaco para tentar mudar um pneu:
"onde é que estão os tarados quando fazem falta?"
"onde é que estão os tarados quando fazem falta?"
2.2.06
destino
Ouço dizer amiúde que o destino somos nós que o fazemos.
Que é sempre uma construcção. Que tem a forma que lhe quisermos dar.
Mas tudo aquilo que verdadeiramente nos pertence é o nosso corpo e a nossa cabeça.
O corpo e a cabeça.
São nossos e nós somos deles. Numa dialéctica incontornável.
Conduzimos o tempo para a frente, sem tirar os olhos do retrovisor.
Deve ser por isso que o nosso destino é sempre o mesmo.
Que é sempre uma construcção. Que tem a forma que lhe quisermos dar.
Mas tudo aquilo que verdadeiramente nos pertence é o nosso corpo e a nossa cabeça.
O corpo e a cabeça.
São nossos e nós somos deles. Numa dialéctica incontornável.
Conduzimos o tempo para a frente, sem tirar os olhos do retrovisor.
Deve ser por isso que o nosso destino é sempre o mesmo.
1.2.06
à conta da esguichadela na cara
lembrei-me desta eterna questão que divide a verdadeira gaja de fibra da que só tem garganta (ou, neste caso em concreto, não tem): vamos lá a saber, minhas senhoras, engolir ou cuspir?
(sim, sim, que isto de exigir tudo e mais alguma coisa aos rapazes mas depois, na hora H, ir a correr cuspir na retrete e lavar a boca, não é lá muito simpático...)
(sim, sim, que isto de exigir tudo e mais alguma coisa aos rapazes mas depois, na hora H, ir a correr cuspir na retrete e lavar a boca, não é lá muito simpático...)