27.6.06

Vaidade

Para a Cecília


Usava brincos de cereja para se enfeitar. No Verão, gostava de ouvir sussurros com sabor a desejo.

25.6.06

GANDAJOGO

Impressões:
Aquilo é uma grande ciganagem (solte-se a palavra do étimo, se faz favor). Como dizia o comentador, «muito bem, Petit, a fazer a falta [para a Holanda]...». E entre a rasteira e o empurrão, lá vão tentando fazer os maiores estragos possíveis (veja-se como Simão tropeçou por cima do guarda-redes adversário e de caminho lhe foi esfregando bem o pé pelo pescoço e maxilar inferior).
Falou-se aqui ontem de depilação masculina. O Figo levantou a camisola para revelar um tórax perfeitamente depilado. Fica-lhe bem. Vê-se melhor o desenho e oh, se esse vale a pena...!
Cristiano Ronaldo, coitadinho, chorava no banco. Bem me apeteceu oferecer-lhe um colo maternal. (Ai...)
O treinador da Holanda tem os ombros larguíssimos, mas uma figura estranha, porque não tem o tronco em V. Parece uma peça de travejamento.
Os últimos minutos foram tão empolgantes. Convinha empatar e então vimos jóias de performances no atraso da bola e nos cortes com pirueta. Os gajos estavam mesmo a jogar à bola. Confesso um enorme prazer suplementar quando saíu o segundo cartão encarnado para a Holanda. Faça-se justiça, caramba!, revoltam-me as desigualdades.
Foi lindo: o pontapé de baliza e zás, acabou o jogo.
Tenho que comprar uma buzina igual à do meu vizinho do quinto andar. As minhas ouvem-se mal. Fui gritar para a janela. Gostava de saber assobiar metendo os dedos na boca.

a formação de um homem

Mãe, ajudas-me a arrumar isto?
Desculpa, filho, estou muito cansada...
Obrigadinha!!
...
Sabes quando a mãe te pede ajuda e tu recusas? Também fico chateada.
Tens que te habituar a fazer mais coisas, assim não pode ser. Está na altura de aprenderes a preparar umas refeições, uns trabalhos domésticos. E nada de pedir o lanche, tens que ser tu a prepará-lo.
Mas isso eu já sei fazer. Tento não fazer porque não gosto.
(breve prelecção sobre a vida, as obrigações, o hábito e a facilidade que tornam menos duros os afazeres, a necessidade de aprendizagem para a vida futura, etc.)
Queres ser um menino da mamã quando chegares aos dezoito anos?
Ha ha, não, até aos vinte e seis... (será mero acaso ter escolhido a idade em que o tive?)
Mas não pode ser. Independentemente de viveres comigo, tens que aprender a ser um homem. E um homem tem que saber fazer o essencial, em casa. Olha, tens que ser capaz, por exemplo, de preparar uma refeição para o teu filho.
(silêncio.)
Tens razão.
Agora estou a ajudar-te, vês?
Sim, obrigado.
Então e a partir de agora, quando a mãe te pedir ajuda, vais pensar duas vezes antes de responder que não?
Vou.
(fixe.)
Aliás, até vou pensar três vezes... Para encontrar uma resposta convincente para te dar!

24.6.06

by carla?!

A Carla gosta muito dos nossos posts. Quem nos contou foi o Sharkinho, a quem agradeço. Assim, a Carla, apreciando os posts da soca, tem-nos citado assíduamente. A Carla ainda não sabe como se cita o texto alheio. Compreendo o by Carla da Carla: é uma manobra artística de apropriação. A Carla explora o post ready-made.
Mas Carla, o ready-made subverte o sentido do objecto e não creio que apresentá-lo em outro template e assiná-lo by Carla seja subversão suficiente.
Assim sendo, vou ensiná-la a citar, mesmo sem tirar o by Carla:

Hoje de tarde meti.me com um gelado com bom aspecto para afastar a tristeza e ele, danadinho, não se fez rogado. Ali estava ele , sorridente, a olhar para mim e eu a fazer.lhe olhinhos de volúpia. Nas mesas ao lado, ninguém parecia reparar neste blind date de fim de tarde. Aliás, vendo bem, estava tudo ao mesmo, os descarados e as oferecidas.Lentamente, fui.me a ele. Eu delambida e ele que se derretia todo. Ia bebendo uns golitos de água para ganhar forças e tempo, que nestas coisas não há que ter pressa, e lá estava ele, cada vez mais derretido.Saboroso, aquele suspiro no final.Pousei a colher ao lado da taça e, satisfeita, paguei e fui-me embora.

By Carla


after Krassimira, in Sociedade Anónima.

reverso
Melhor que ser musa é andar inspirada.

By Carla

after cecília r., in Sociedade Anónima.

Egoísmo puro!
-Muito prazer!

O prazer é todo meu....

by Carla

after Rita, in Sociedade Anónima.

and now...for something completely different
A minha dieta!!!!Oh, meu Deus, tenho tanta fome, uma fome tão negra que não há copázios de chá verde nem vermelho nem de leite com café e adoçante nem cenouras nem maçãs nem iogurtes com farelo nem nada, nada, nesta casa que me mate esta fome de séculos(e só comecei há 1 semaninha).Tenho tanta fome, tanta fome, tanta fome que dava 20 euros por uma carcaça barrada a manteiga, mesmo sem sal. E massa, um grande pratalhão de massa com queijo e oregãos e azeite e azeitonas. Hidratos de carbono, muitos, nutritivos, saudáveis: 40 euros. Dou. Já.Não há nada neste mundo que me mate esta fome, que algo me diz que não é fome, mas que até me aperta o esófago até chegar ao estômago e enrola.me o gasganete.Tenho fome, fome, fome, fome, muita fome. Estou a morrer de fome.Porque é que os outros podem fumar 30 cigarros por dia e eu não posso comer 3 carcaças, normalmente? Quero pão! Quero pão de Mafra com manteiga e pão alentejano com queijo. Quero pão de mistura com ovo. Quero pão de forma com delícias e alface e tomate. Quero uma sandes americana. Quero um folhado. Não, quero vários folhados de diferentes qualidades. Quero croissants quentinhos de massa folhada, tenrinhos, acabadinhos de sair do forno e a cheirar a croissants.Ai, tenho tanta fome. Vou ali comer um iogurte.

By Carla

after Santinha da Casa, in Sociedade Anónima.

Carla, se não souber como inserir um link, avise. Fica para a próxima lição.

bikini line

Saí há dias da depilação com um novo penteado púbico. A rapariga distraiu-se e esqueceu-se do meu tão reiterado apego ao triângulo do costume - conservador e geométrico, original e aparado. O resultado é o que ela designa por «virilha moderna», que tende para uma forma trapezóidal.
A minha observação de mulheres nuas no balneário do ginásio tem me mostrado a diversidade possível neste universo under dos penteados femininos. Há o estilo barbas do senhor capitão, um universo intocado; o triângulo a la cecília; a virilha moderna; um outro a que eu chamo a mosca: uns pêlos residuais só na faixa central.
Uma opção interessante é o look total. É talvez mais próximo do original, pela aproximação que faz à infância. No fundo é quase como se fosse um pipi de menina, mas com a língua de fora.

Um estado de alma, a velhice

Estão sentados ao cimo de um enorme relvado que termina num lago. É verão, está calor, o relvado está cheio de adolescentes; são o único casal mais velho. Ele ainda mais velho que ela, tão mais velho de tão velho que se vê a si mesmo, de tão nova ainda que a vê a ela. Do tão pouco tempo que lhes resta, muito pouco já, longo em anos, curto nos que contam, pensa ele, quase nada agora, que o cansaço já chegou e com ele a desistência, um já não vale a pena esse caminho a terminar no beco da velhice que ali está, à vista de todos os adolescentes com idade para serem filhos

estás a ver, podiam ser meus filhos

dele, dela não

não, nada, tu ainda és uma rapariguinha nova

e, à frente deles, uma rapariguinha nova levanta-se. Está descalça (como eles), tem uma saia preta até aos pés, franjas na camisa sem mangas, cabelos compridos e soltos e sujos, pesados. Levanta os braços e, nas mãos, fitas compridas às cores. Começa a rodopiar as fitas. A fazê-las subir e descer, em rodas e feitios, ao som das vozes de fundo e da relva a crescer

esta sim, é que é uma rapariguinha nova
não, é uma criança; e tu também

As fitas sobem e descem, os braços levantados, rodas e feitios às cores

sabes, o amor. O amor é assunto de poetas e de quase-crianças como esta que temos à nossa frente. Não há outro (sabes que te amo mas não passa de uma ilusão minha em pensar que ainda é possível; e tua em pensares que ainda é possível) senão esse, o da escrita e este, este que está à nossa frente, em todas estas quase-crianças, ainda uma possibilidade. É esse o amor, não existe outro. Quando ainda não se sabe sequer o que é, quando não tem ainda nome, quando o coração bate mais depressa e quando tudo tem ainda o sabor do verdadeiro para sempre. Esse é o único, o amor inocente, sem mácula, completo e total. Não há outro. Sabes que te amo, mas é uma ilusão. Este que eu sinto é o quase-assim, mas no quase-assim estão todos os anos que ficaram entre esta idade e a minha

as fitas, rodas e feitios às cores

então também comigo é assim

é. Mas tu ainda és uma rapariguinha nova e ainda não percebeste isso. É talvez por isso que te amo. Vá, beija-me aqui no meio da relva. Faz de conta que temos a idade deles.

23.6.06

Prá puta que os pariu a todos

Que se fodam com cenouras por descascar plantadas em campos bem estrumados com merda de porcos doentes. E que essas cenouras tenham bichos com muito pelo e muita pata e com duas garras. E que essas duas garras escavem o seu caminho pelo recto afora enquanto a cenoura apodrece. humpfh

22.6.06

A dúvida...

Estava a escrever um post sobre mézinhas e afins que ajudasse os homens a dar orgasmos múltiplos às mulheres; eis quando, no meio da pesquisa, sim que isto envolve pesquisa da séria, me aparece esta pérola:

Evitar gases durante o sexo
Preparar um chá com folhas de louro algumas horas antes, tomá-lo devagarinho enquanto quente.


Pensando bem, isto por si já deve dar direito a pelo menos dois orgasmos seguidos.

SMS (agorinha mesmo)

"Ó filha, não te avisámos antes? Disseste que não podias! Fomos todas dançar nuas pelo verão, pelas colheitas, pela fertilidade do solo! Tá a ser bem giro, devias ter vindo!"

Ah. Pois foi. Tinha-me esquecido. Bem, sendo assim estão desculpadas.
(espero é que tenham feito a depilação, isso de dançar em pelo, é tudo muito lindo, mas é quando ele é pouco...)

Tá bem abelha!

Olhem-me pra isto! Olhem-me bem pra isto! Qués ver que tenho de meter mais um post, não? Era só o que mais faltava! Aqui a alimentar o bicho e as sócias, zero! Nem nunca tiraram uma pic ao rabo, nem contam como é que se depilam...ora aí está um tema que nunca aqui vi retratado! Poizé poizé, o amor e o desamor e essa tangaria toda, mas lá a parte dos detalhes práticos, então? Não interessa nada? Tá bem tá! Pois em privado olhem que ainda nem há uma semana uma sócia desta casa aconselhou logo outra a...enfim, foi em privado, ninteressa agora, inventem uma história, se fôr preciso, como eu acabei de fazer na frase anterior! Escrevam sobre 'ela', essa 'ela' que se distancia logo de nós mesmos assim que passa à terceira pessoa, deixa margem de dúvida e de segurança, é mais fácil. Ou inventem qualquer coisa com 'eu', toda a gente pensa que é verdade, tem mais impacto (mas cuidado com a reputação, claro!), enfim, escrevam, melheres, que é para isso que aqui estão! Não estão? Como não estão? Ocupadas com outras coisas? Ora batatas!
Gajas! Mulherio danado, nada fiável. Não se pode contar com elas assim que aparece um solinho e a primeira montra de rebajas! Bah!

(ai vi hoje sapatos tão giros, tão giros, por falar nisso!)

Não me desviem do assunto. Isto não é um post, é uma reclamação! E se eu não ler mais post nenhum amanhã logo pela fresquinha, eu...eu...

hum

caneco já não mando nisto

(tinha-me esquecido)

mudo o nome ao bl

(não, não é boa ideia, espantam-se todas daqui para fora de vez)

ponho este post em três vias! É isso!

E se mesmo assim não resultar

(bem, depois logo vejo)

MUDEI LÁ EM CIMA, ORA TOMEM! NÃO ESCREVAM, NÃO...

21.6.06

O amor cobrado nunca pode ser dado

Não, o amor cobrado é como se nos fosse roubado.

(e foram os coentros que me inspiraram esta bela tirada; aqueles que comprei hoje e que agora estão de molho numa taça, a encher a cozinha com um cheiro fresco que sempre me acalmou: adoro arranjar coentros, as mãos na água, aquela seda a passar por entre os dedos e o perfume, meu Deus, como eu gosto de coentros, como aprecio a calma e o silêncio, a paz que um molho verde pode trazer a uma noite de sossego que segue um dia mais cansativo; coentros e amores cobrados, agora para sempre ligados, já não gosto tanto de os arranjar, respostas tortas, lembranças torcidas)

o amor cobrado é como se nos fosse roubado

e colocamos trancas nas portas e grades nas janelas; fugimos para junto dos coentros, para esse prazer solitário, muito simples, ameno, morno, doce, tão diferente do amargo que nos fica quando nos foi cobrado aquilo que teríamos oferecido de bom grado.

20.6.06

Fotografias a um rabo

A propósito do strip filmado (um genial post que aconselho vivamente) lembrei-me de um dos meus momentos de alucinação daqueles que tudo quanto é gajedo pensa que até era giro, no mínimo (tá bem, nem todas admitem, mas aposto tudo o que quiserem como a todas lhes passa pela cabeça em certa altura ou outra) e algumas resolvem implementar, entre o riso e algum pudor absurdo.

Absurdo porque, se se pensar bem, não faz grande sentido entregar-se de corpo ao vivo e a cores e depois ficar com alguma vergonha em fotografar-se assim, mas que é que se há-de fazer e a verdade é que eu não passo de uma menina que nasceu no século passado.

Mas a bem da nação (ou de um dos membros da nação, isto digo eu, claro, que a esta hora, na volta, circulam na net) em certa altura de alucinação, como estava a contar, achei que seria uma brilhante ideia enviar algumas pics do meu rabo a um namorado que vivia fora de Portugal. Para ele matar saudades, por assim dizer...as mulheres são umas cabras, claro; não era nada para matar saudades e sim para o desinquietar todo, não fosse ele começar a olhar para os fundilhos das calças das outras, enfim, coisas que nos passam pela cabeça, como essa minha ideia.

Pensada a coisa e decidida a ir para a frente com aquilo, vá de montar o estaminé, que isto de pics ao rabo não é assim sem mais nem quê. Um gajo não se vira de costas para a máquina, liga o botão do diferido, baixa as calças e zás. Ou, pelo menos, uma gaja não faz isso; até porque primeiro que se encontrem as instruções da máquina para saber qual é o botão do disparo daqui a bocado, é uma horinha ou duas e a ideia, que era impulsiva, começa a ganhar mofo.

Adiante. Duas horas depois já se sabe qual é o botão e já se fizeram uns testes para ver o tempo que se dispõe entre o ir a correr ligar a máquina e voltar para a pose. Ah! A pose. Pois é. A pose é tramada. Que um rabo não fica exactamente ao nível de um banco da cozinha, quando não se tem um tripé para apoiar a máquina. E, aqui desvendando um dos segredos dos rabos erguidos que correm pela net fora, minhas amigas, ou têm pernas de dois metros e menos de vinte anos ou então uns saltos altos operam milagres. O banco da cozinha é que fica cada vez mais baixo e nem os quatro volumes do Dom Tranquilo conseguem que aquilo acerte no alvo a fotografar.

Mais uma hora a acertar alturas.

Já o rabo estaria mais que farto, por essa hora, mas que diabo! Depois daquela trabalheira toda, o mínimo que se lhe pede é que fique quieto, habilmente vestido com praticamente nada, para que finalmente se disparem umas vinte fotografias (quarenta idas e vindas da pose à máquina, liga botão, volta para trás) e se escolham duas ou três.

E não é que ficaram BESTIAIS? Valeu o esforço, valeu mesmo: no dia seguinte, o tipo meteu-se num avião e só parou à porta de minha casa.

Ou teria feito isso se alguma parte desta história fosse verdade...e depois, quem sabe? Até pode bem ser. ;)

PS: ah! Apaguei-as depois; lamento.

19.6.06

Queridas Anónimas

Voltem!
Tanto sol faz mal! Já estão desta cor?

Futebol para domésticas

Achei o título muito catchy.
O pior é o resto. Desconfio que tem que ficar mesmo assim.

"O costume"

Futebol, para quem não percebe nada de foras de jogo, livres e pontapés de canto (como eu), resume-se a meia dúzia de carinhas larocas completamente anónimas, no écran da televisão.
Pois bem. Aqui fica uma selecção internacional dos best of deste Mundial

E para as meninas, o costume, sugere o FJV no Origem das Espécies.
É votar, amigas. É votar. Não é tempo perdido.

(amanhã é que vão ser elas)

(daqui a pouco, digo; mas, por agora, folgam costas e que se lixe, há ainda meia dúzia de horas de férias para gastar, dormir parece fraca opção)

que se registe aqui, ou noutro lado qualquer, ou/e em lados não quaisquer, aquilo que fica por dizer
é um texto 100nada
(obviamente)
que me serve a mim de dobra de página
(ou página dobrada)
não sei porque o escreva aqui
pensando bem
mas agora já está.

18.6.06

Que não seja por isso

17.6.06

DOIS-ZERO

Ah ganda ronaldo, o nosso.

GOOOOOOLOOO!!!

Ah ganda brasileiro, o nosso.

15.6.06

Uma breve análise da minha vida sentimental revela-ma como uma demontração empírica da Lei de Murphy.
Os homens pelos quais me interesso ou são comprometidos, ou commitment phobics.
Os homens que estão obviamente interessados em mim, ou são parvos, ou patéticos.
O eventual interesse dos homens que não são comprometidos, nem commitment phobics, nem parvos, nem patéticos, passa-me sempre completamente ao lado.
Resultado, acabo sempre por me envolver com homens em quem não estou interessada, e que também não estão interessados (a carne é fraca...), com os resultados previsíveis.
O que é mais patético nisto tudo é que só ontem fiz a associação entre o meu caso e o de uma amiga minha, que há uns tempos atrás se me veio lamentar do mesmo. Eu, que não tenho paciência para gente que gosta de chafurdar em auto-comiseração (a não ser, claro, que seja eu, que isto dá a todos, e para nós, infelizmente, não há remédio senão ter paciência), virei-me logo para ela e disse-lhe que me parecia óbvio que quem tinha um problema com compromissos era ela. Só se interessava por tipos impossíveis para não ter de se sentir culpada por nem sequer tentar, e descartava os possíveis pela mesma razão. Azar, amiga... Não que eu a censurasse, que nestas coisas quem tem cu tem medo e tal, mas que admitisse que o problema era dela e que não se viesse queixar que não encontrava um gajo decente.
Ora eu não consigo encontrar uma falha nesta conclusão, que me parece perfeitamente lógica.
Mas uma pessoa ver-se obrigada a defender-se de si própria é fodido!

14.6.06

as idades da vaidade III

Com as descobertas e explorações do corpo no centro das relações afectivas, este tornou-se um alvo de obsessivos cuidados. Uma borbulha era a desgraça, um pêlo encravado, um drama. A depilação começava a ser um caso sério: da cera à pinça, dos cremes depilatórios à gilete, tudo valia. Na praia, variávamos entre o protector solar, sempre de índice inferior às necessidades, e o bronzeador. Os escaldões unilaterais eram obtidos através da manutenção da mesma posição, em longas conversas, dentro ou fora da água.
Desconhecíamos a beleza que era nossa, mistura do viço de infância com uma sensualidade já de mulher. Gostávamos de cheirar bem. Não importava o que vestíssemos, já que nada assentava na perfeição. Talvez por isso despontasse então a nossa atração fatal por calçado. Dos quinze aos vinte: umas vaidosas.

13.6.06

as idades da vaidade II

Dos dez aos quinze não importava de onde vinha a roupa, desde que fosse igual à das outras e houvesse camisolas da feira. Aloirávamos os pêlos com uma mistura de água oxigenada a trinta volumes, amoníaco e qualquer coisa que fizesse espuma. Na praia, manteiga de cacau e o cultivo de escaldões (e um nariz a pelar dava um ar de praticante de desportos náuticos). O cabelo era lavado todos os dias e secava ao ar, meio despenteado. A vaidade provinha das nossas proezas e do olhar eloquente dos nossos primeiros amores.

12.6.06

as idades da vaidade I

Até aos dez anos vestíamos o que calhava: roupas herdadas, recicladas a partir de vestidos fora de moda da mãe ou das tias, um vestido ou outro da modista, o item ocasional do Tito Cunha. Os sapatos ora grandes, ora apertados, constavam de um par por estação, passando de um ano para o outro. Apanhávamos sol aos litros, permitindo às mães a aplicação à pressa de uma camada de creme nos ombros, bochechas, nariz. A vaidade concentrava-se num vestido de festa, num penteado. A permissão das mães para explorarmos o rouge, o baton e os colares era uma festa. Não era importante que fossemos bonitas; haveríamos de sê-lo quando crescêssemos.

10.6.06

(Cilinha, serve como post?)



Mais videos aqui

8.6.06

querem ver que foram para a praia?!

Bom. Contei os nomes ali do lado direito. Catorze nomes. Catorze.
E ninguém avança com umas palavritas, caramba?!
Estive a examinar os processos de todas e não encontro qualquer marcação de férias nesta semana.
Ainda não é época de saldos.
Não me digam que estão todas a trabalhar! Pior ainda: a namorar?
Aiaiaiaiai. Toca a escrever, meninas, que eu já enchi muito chouriço e já se me acabou a tripa.

7.6.06

Glorioso Momento Kanebo


Este título é dedicado a todas as mulheres que se desculpam com insones hormonas das que trepam paredes, para se vingarem ferozmente no rendimento disponível e na redistribuição da riqueza (neste caso em concreto, exportando umas centenas de euros de volta para o Japão).

Mas os cremes são maravilhosos, lá isso são…

6.6.06

Scotty, beam me up

Hoje sou uma gaja com um carro novo.

4.6.06

para equilibrar

Que nem só de sentimentalismos vive a gaja.
O meu pai ofereceu ao neto um brinquedo repelente: uma centopeia de um material que se expande dentro de água. A bicha está há uma hora dentro de um copo alto e já chega quase ao cimo.
Poderia ter-se lembrado da filha e ter me oferecido um presente do género, de outra iconografia. Ficaria horas entretida a brincar no banho.

no celibato








O desejo é ferida que fecha silenciosamente. Por vezes pulsa, dói como doem as cicatrizes numa mudança de clima. A máscara aperfeiçoa-se. Desaparecido o desejo do rosto, acreditamos que o corpo se tornou casto. Mas está apenas a recusar uma alegria que não chega a prender-nos o pensamento. Recusamos dar entrada ao pouco. Para deixar a porta aberta à intensidade.

Ligar o complicómetro

Quando se mistura amor na paixão, tá tudo estragado. Ai, que falta de paciência...

A última dos vinte

Lembro-me perfeitamente de ter dado a última dos vinte, até porque, ao pequeno almoço que se lhe seguiu (a propósito, há uns tempos li numa revista uma coisa gira; era até para ter escrito sobre isso, mas depois escapou-me: em relações recentes, a verdadeira intimidade não se inicia na cama mas sim nos pequenos almoços do dia seguinte; faz muito sentido e deve ser por isso que uma gaja - ou um gajo - normalmente se pira a meio da noite, não está para conversas depois se a coisa não tiver como finalidade grandes conversas. Mas isso seria matéria para outro post; regresso ao pequeno almoço do dia seguinte à última dos vinte) ao pequeno almoço que se lhe seguiu, como ia dizendo, o assunto foi referido, entre grandes gargalhadas. Nesse dia, à meia noite, fiz trinta anos e, com aquele discernimento inerente a quem muda de década e acha que isso constitui razão para marcar e comemorar a efeméride, entrei num voluntário período de celibato, para ver como é que era. Tipo estandarte, agora sou celibatária, não há nada para ninguém e é assim, quero ver como é, ficar zen e tal (e isso é mesmo matéria para uma série de posts, que depois logo escrevo; mas hoje o assunto não é esse. Adianto que que fiquei mesmo, durante um ano. Dos 30 aos 31, raspas, nada, zero, assumidamente, eu sou celibatária e o celibato é isto. Fiquei a saber como era: não era grande coisa, mas uma pessoa resolve entrar nessas experiências e, já agora, leva-as até ao fim).

O meu amiguinho da altura não gostou nada da ideia. Não era só um amiguinho da altura. Era também meu amigo. E eu dele. E é sobre isso que versa esta pequena tese. Os dois tipos de amigos homens que uma rapariga tem ao seu dispôr: os amigos que eram amigos primeiro e os amigos que se tornaram amigos depois.

olha e agora não me apetece meter o resto do texto, quexalixe! Tá quase todo escrito mas não meto aqui. Estou a fazer uma birra e mainada!

Aturem-me aqui

quexalixe

(desabafo 2)

(estou para saber porquê, só teimosia minha.
um blog individual serve para partir esta merda toda, um colectivo não... sniff...meu rico bloguinho, sniff, gostava tanto dele AAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIII
só me apetece escrever acrhaldas)

(desabafo)

(caneco, há alturas em que o meu tasco me faz uma falta fodida)

3.6.06

Um pequeno espaço publicitário e (porque não?) umbiguista, também

Já saiu a revista 'Psicologia Actual'.
(que é a melhor revista que existe em Portugal, obviamente)

jogos de Verão






















Sempre adorei jogar às escondidas. A dissimulação, a adrenalina a crescer quando ainda não se foi descoberto, a ilusão de ubiquidade, os enganos heterofónicos.
A apanhada também é divertida. Corremos atrás do outro, cansamo-nos na aceleração desenfreada. Temos metas em constante mobilidade, percorremos um emaranhado de caminhos labirínticos traçados à toa e dos quais não sobram vestígios.
No toca-e-foge é que nunca encontrei qualquer atractivo. Não percebo o objectivo de atingir um destino para logo nos pormos em fuga, passando a persecução como castigo aos outros, até à monotonia. Ao toca-e-foge eu nunca jogava.

Os senhores desculpem o desbragamento necessário:

Foda-se!
Xacáver da coca cola, parece normal...
Não ligai, hein? Pequeno momento Der fliegende Holländer, muito Alan Moore, eu de vez em quando passo-me...

Inevitável




Transformemos, pois, pessoas normais em monstros. Não temos outra saída. Em espaços muito apertados, aumentamos de tamanho, nós e a nossa bagagem de garrafas rotuladas com desenhos de caveiras. É muito peso e não há espaço suficiente. Não cabe senão um e esse um teremos que ser nós, apesar de agarrarmos as garrafas pelo gargalo e despejarmos o conteúdo pela goela abaixo, uma após outra. Envenenamo-nos numa bebedeira enlouquecida, mas continuamos a não ter espaço senão para um. Transformemos, pois, pessoas normais em monstros. Encontremos a saída, um buraco no chão, escuro e vazio. E façamos então de uma pessoa normal um monstro. Não é fácil, não é simples, requer exercícios de imaginação complicados, temos que ter coragem e estômago para transpôr tudo para a dimensão da maldade. Agarrar nas boas lembranças primeiro: atirá-las buraco abaixo. Quando só sobrarem as outras, é preciso torcer cada uma delas, pelas pontas e em sentido contrário, até que sejam espremidas ainda do que existir de bom; que fiquem secas e encarquilhadas e que as pintemos então com o líquido que nos sobrou das nossas garrafas de rótulos em bandeira de pirata em barco-fantasma.
Transformemos então o que resta ainda da normalidade que nos foi cara.
No fim, o monstro. Buraco abaixo com ele.
Não há outra saída.

2.6.06

No país do 'soponhamos'

Soponhamos que há uma criatura (desta vez vai tudo em termos de criaturas, para não serem nem elas nem eles) que precisa de umas feridas lambidas.
Soponhamos que há outra criatura que também precisa de umas feridas lambidas.
Soponhamos que ambas as criaturas são mesmo amigas, cada uma confidente das causas e efeitos das acima referidas feridas da outra criatura.
Soponhamos que ambas as criaturas, se encontrassem a outra criatura noutras circunstâncias (em vez de serem amigas) até lhes pareceria que a outra criatura seria altamente marchável.

A pergunta:
Lambem-se as criaturas uma à outra ou mantêm-se no reino das palmadas nas costas?
Hoje de tarde meti-me com um gelado com bom aspecto para afastar a tristeza e ele, danadinho, não se fez rogado. Ali estava ele , sorridente, a olhar para mim e eu a fazer-lhe olhinhos de volúpia. Nas mesas ao lado, ninguém parecia reparar neste blind date de fim de tarde. Aliás, vendo bem, estava tudo ao mesmo, os descarados e as oferecidas.
Lentamente, fui-me a ele. Eu delambida e ele que se derretia todo. Ia bebendo uns golitos de água para ganhar forças e tempo, que nestas coisas não há que ter pressa, e lá estava ele, cada vez mais derretido.
Saboroso, aquele suspiro no final.
Pousei a colher ao lado da taça e, satisfeita, acendi um cigarro.

1.6.06

”Eu tenho fantasias demais para ser uma dona de casa. Acredito que eu sou uma fantasia”

reverso

Melhor que ser musa é andar inspirada.

referer referrer referers referrers http_referer Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com